Investimentos

Enauta (ENAT3) e 3R Petroleum (RRRP3): por que proposta de fusão é positiva?

Enxergamos a possível combinação como superior à com Petrorecôncavo, por atribuir um valuation maior à 3R Petroleum.

Por Larissa Quaresma, CFA

03 abr 2024, 09:44 - atualizado em 03 abr 2024, 09:44

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Imagem: Divulgação/3R Petroleum

Nesta semana, a Enauta (ENAT3) propôs uma combinação de negócios com a 3R Petroleum (RRRP3). As duas empresas entraram em negociação exclusiva por um período de 30 dias, o que levou a 3R a pausar as conversas com a Petrorecôncavo (relembre aqui a potencial fusão entre 3R e PetroRecv).

Enxergamos a proposta da Enauta como positiva e superior à da Petrorecôncavo, por atribuir um valuation maior à 3R.

Como seria a combinação de Enauta e 3R Petroleum?

A empresa combinada teria uma produção de 70 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em fevereiro/2024, sendo a 2a maior petroleira privada do país, atrás apenas da Prio. Com as perspectivas de crescimento orgânico de ambas as partes, a produção poderia somar 84 mil boe/d no em 2024 e 120 mil boe/d em 2025. As reservas provadas + prováveis (2P) somariam 697 milhões de barris de óleo equivalente, também atrás apenas da Prio.

Fontes: RI das Companhias. | Elaboração: Empiricus Research.

Enquanto a fusão proposta com a PetroRecôncavo criaria uma companhia focada no onshore da região Nordeste, a combinação com a Enauta gera um portfólio mais diversificado.

A nova companhia teria ativos do Rio Grande do Norte a São Paulo, em fases distintas de produção, sendo 51% da extração total vinda do onshore e 49% do offshore; 87% composta por óleo e 13%, por gás.

As sinergias, que somam US$ 1,5 bilhão segundo informações veiculadas na imprensa, viriam do compartilhamento de infraestruturas e tecnologias de produção, diluição de custos, melhoria de condições comerciais e acesso a capital mais barato. 

Fontes: RI das Companhias.

A estrutura da transação é mais simples, com a combinação total das duas empresas, sem a necessidade de separação de ativos, como seria o caso com a PetroRecôncavo.

Nessa estrutura, a 3R emitiria ações para troca com a ENAT3, em uma razão que implica prêmio de 12% sobre o valor de mercado de RRRP3. Com isso, a nova companhia teria 53% de participação da 3R e 47% da Enauta.

Sabendo que a PetroRecôncavo tem um volume de produção parecido com o da Enauta, e que a combinação criaria uma companhia 50% 3R / 50% PetroRecôncavo, conseguimos concluir que a Enauta propôs um valuation mais atrativo para os acionistas da 3R. 

Em resumo, o que achamos da proposta de fusão?

Do nosso lado, vemos essa potencial transação como positiva para a 3R, pelo valuation melhor, simplificação da operação e maior potencial de sinergias (US$ 1,5 bilhão contra US$ 1,1 bilhão com a Petrorecôncavo).

De toda forma, essa transação não impede algum tipo de combinação ou parceria com a Petrorecôncavo em um segundo momento. Negociando a US$ 5 / barril 2P, contra US$ 9 de Enauta, US$ 8 de Petrorecôncavo e US$ 14 de Prio, mantemos RRRP3 entre as recomendações da Empiricus Research.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de ações há 10 anos, é responsável pela série As Melhores Ações da Bolsa e pela carteira mensal Empiricus 10 Ideias, além de integrar a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Ao longo da carreira, teve passagens pela Núcleo Capital, tradicional fundo de ações brasileiro, e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, aluna visitante da Stanford University e com certificações CFA, CNPI e CGA.