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Mercado foca nas minutas da reunião de política monetária do Banco Central Europeu nesta quinta (4)

No Brasil, assim como nos Estados Unidos, permanecem as dúvidas sobre quando começará o esperado ciclo de redução da taxa de juros.

Por Matheus Spiess

04 abr 2024, 09:22 - atualizado em 04 abr 2024, 09:22

Mercado em 5 minutos - temores bancários
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. À espera dos dados do mercado de trabalho dos EUA, que serão revelados amanhã, o foco de hoje recai sobre as minutas da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), crucial para o cenário econômico da Zona Euro.

Este documento poderá fornecer insights valiosos, especialmente após a inflação europeia ter registrado valores abaixo do esperado, o que abre espaço para uma potencial redução de taxas pelo BCE antes mesmo de qualquer movimento semelhante por parte do Fed.

Adicionalmente, a agenda do dia é complementada por diversas pesquisas de opinião empresarial na Europa e discursos de autoridades monetárias dos EUA, trazendo mais elementos para o debate sobre o futuro das políticas monetárias.

No cenário asiático, as bolsas de valores mostraram uma retomada, mitigando parte das perdas significativas vistas nos últimos dois dias. Apesar disso, o otimismo permanece moderado, ainda afetado pelo recente terremoto em Taiwan.

Embora dados econômicos positivos tenham alimentado esperanças de recuperação na economia chinesa, o entusiasmo arrefeceu ao longo da semana.

Notavelmente, um indicador de atividade no setor de serviços chinês sinalizou uma melhora, evidenciando dinamismo econômico.

Paralelamente, os mercados europeus operam em alta, sinalizando um clima mais otimista no continente nesta manhã.

A ver…

· 00:55 — Sucessão no BC, Selic terminal e a questão fiscal

No fechamento de ontem, o Ibovespa registrou uma leve queda de 0,18%, atingindo 127.318 pontos, acompanhando a tendência de baixa observada nos principais índices de Nova York.

No Brasil, assim como nos Estados Unidos, permanecem as dúvidas sobre quando começará o esperado ciclo de redução da taxa de juros. Em meio a uma fase de valorização do dólar, indicadores nacionais importantes, como os dados de fevereiro das contas externas, o fluxo cambial semanal e a balança comercial de março, têm potencial para afetar as cotações da moeda.

Em recente evento promovido pelo Bradesco BBI, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, prometeu uma transição de comando tranquila e destacou a coesão do Copom, mencionando a unanimidade nas votações como prova de consenso. Contudo, evitou entrar em detalhes sobre a influência das políticas fiscais na condução da política monetária.

Atualmente, na curva, o mercado espera uma política monetária mais restritiva, com expectativas de uma Selic ao redor de 9,75% para este ano.

Há expectativa, porém, de que a taxa básica de juros possa alcançar patamares mais baixos (a mediana do Focus, por exemplo, ainda vê espaço para mais quedas), embora com possibilidade de um ajuste mais lento na redução da taxa a partir de junho, cenário a ser observado com os dados de inflação.

Discussões emergem sobre a possibilidade de dois ciclos distintos de redução da Selic: um em 2023, visando 9,5% ao ano, e outro em 2025, que poderia levar a taxa para abaixo de 9%, dependendo dos indicadores econômicos.

No entanto, minha visão aponta para um único ciclo contínuo de corte, direcionando a Selic para 9%, ainda que isso possa levar mais tempo que o antecipado.

As recentes discussões fiscais também influenciam essas projeções.

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que o governo pode recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a anulação da reoneração da folha de pagamentos dos municípios, enquanto debates sobre a inclusão de um mecanismo de revisão de gastos no orçamento de 2025 já começam a surgir (seria muito bom).

Estes aspectos fiscais e suas implicações na política monetária serão temas de análise nas próximas semanas.

· 01:46 — Conversa definitiva

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, mencionou ontem que, embora exista uma discrepância de visões entre ele e Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, essa diferença é considerada natural e não se baseia em questões pessoais.

No entanto, é de conhecimento geral que há esforços, liderados por Rui Costa e Silveira, com o apoio da ala política do governo, mirando a substituição de Prates. Uma das principais discordâncias recentes girou em torno da distribuição de dividendos extraordinários pela Petrobras, com Prates defendendo a liberação de 50% desses valores, enquanto o governo preferia a retenção total.

A permanência de Prates no cargo é vista com ceticismo pelo mercado, sob o argumento de que, apesar dos desafios, a alternativa poderia ser ainda menos favorável.

Em resposta às crescentes pressões, Prates solicitou um encontro com o presidente Lula hoje para discutir os ataques que vem sofrendo internamente e esclarecer sua posição e os resultados obtidos durante sua gestão.

Rumores indicam que Costa já estaria em busca de possíveis substitutos para a liderança da Petrobras.

Prates busca, nesta reunião, uma definição clara sobre seu futuro na companhia, destacando tanto os sucessos quanto os obstáculos enfrentados.

Essa tensão interna tem refletido negativamente na performance da Petrobras no mercado, que não conseguiu capitalizar na recente valorização do petróleo. Dependendo do resultado dessa conversa, mais instabilidade nos preços das ações da empresa pode ser esperada.

· 02:34 — Véspera do payroll

No mercado de títulos dos EUA, observou-se uma recuperação das baixas do dia após declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, reforçando a postura cautelosa do banco central antes de avançar com reduções nas taxas de juro.

Powell destacou que os últimos dados inflacionários, apesar de estarem acima das expectativas, não mudaram significativamente a perspectiva econômica geral.

De certa forma, a fala confirmou o que o presidente do Fed havia fala já na Sexta-Feira Santa.

Ele manteve a visão de que pode ser apropriado iniciar cortes nas taxas ainda este ano, pontuando que tais ações seriam viáveis entre junho e julho para não adiar o alívio da política monetária para além de 2023.

Além disso, com sete membros do Fed programados para discursar hoje, antecipando-se ao relatório de emprego, qualquer declaração mais assertiva poderia impactar os mercados de forma adversa.

Também estão previstos para hoje a divulgação dos dados comerciais de fevereiro dos EUA, adicionando mais elementos à análise do cenário econômico atual.

· 03:28 — E se Trump vencer?

Uma análise do Wall Street Journal aponta que, em uma hipotética disputa eleitoral, Donald Trump superaria Joe Biden em seis dos sete estados cruciais para a definição do pleito nos Estados Unidos, conhecidos como “swing states”.

Trump se destaca em Michigan, Pensilvânia, Geórgia, Nevada, Arizona e Carolina do Norte. Apesar da arrecadação expressiva de Biden, seu avanço nas pesquisas nacionais é recente e não se estende aos estados decisivos.

A reeleição de Trump implicaria em impactos significativos, especialmente no endurecimento das relações com a China devido à sua política protecionista. Embora o foco do ex-presidente esteja mais voltado para a China, Europa e México, a interação com o Brasil de Lula enfrentaria obstáculos.

Por outro lado, essa conjuntura pode favorecer o Brasil no cenário agrícola, repetindo os benefícios observados durante o primeiro mandato de Trump, apesar dos possíveis desafios geopolíticos emergentes.

Brasil e Estados Unidos compartilham protagonismo no mercado de commodities agrícolas, sendo líderes globais em diversos segmentos.

Está previsto que o Brasil supere os EUA em exportações de itens como soja e algodão, que historicamente são fortes nos estados do cotton belt e corn belt americano, migrando a liderança desses cultivos para regiões como o Mato Grosso.

No entanto, é crucial reconhecer a competitividade entre as duas nações, onde, sob um governo Trump, o Brasil enfrentaria dificuldades adicionais no comércio internacional.

· 04:11 — Temporada de furacões

Este ano, a temporada de furacões nos Estados Unidos, que tradicionalmente ocorre de junho a novembro, poderá testemunhar até 25 tempestades gigantes no Atlântico, um número significativamente maior que a média de 14.

Essa expectativa se deve à possibilidade de que temperaturas oceânicas mais elevadas sirvam de catalisador para a formação dessas tempestades.

Existe, ainda, a chance de que os furacões iniciem antes do usual e se estendam além do término da temporada.

Isso ocorre porque o aquecimento dos oceanos, que atuam como motor para os furacões, vem estabelecendo novos recordes. Resultado disso é que o processo de formação das tempestades poderia se antecipar a junho e se prolongar após novembro.

Para ilustrar, a região do Atlântico tropical, berço de 75% dos grandes furacões, exibe temperaturas oceânicas equivalentes a oito semanas mais avançadas no calendário do que o normal.

Esse aquecimento está associado a anos recordes de atividade de tempestades, como em 2005, com o Katrina, e 2020, marcado como o ano mais intenso registrado.

Recentemente, os Estados Unidos têm enfrentado um número crescente de desastres climáticos e meteorológicos que, além de tragédias humanas, acarretam custos bilionários e impactam severamente a cadeia de suprimentos.

Diante do aumento de eventos climáticos extremos, desde incêndios florestais a enchentes, espera-se que as taxas de seguro alcancem patamares inéditos, complicando ainda mais a obtenção de cobertura em estados mais vulneráveis a tais desastres, conforme as companhias de seguros reavaliam sua presença nesses locais.

· 05:09 — Bob vai manter seu Mickey: um pouco sobre a vitória de Iger na “proxy fight” pelo conselho

Ontem, a Disney superou um grande desafio quando os acionistas decidiram quem apoiar nas indicações do conselho da empresa, rejeitando a tentativa do fundo Trian de conquistar duas cadeiras no conselho. Esta votação marca o fim de um confronto intenso entre Nelson Peltz, cofundador da Trian, que detém 2% da Disney, e Bob Iger, CEO da Disney.

Peltz buscava uma vaga no conselho para ele e para Jay Rasulo, ex-CFO da companhia, com a intenção de melhorar a rentabilidade dos negócios de mídia da…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.