Investimentos

Raízen, o maior IPO da Bolsa, estreia em poucos dias: veja como investir sem colocar muito dinheiro

Gigante sucroalcooleira tem 4º maior faturamento do Brasil e chega com status de popstar na B3; este fundo permite que você lucre duas vezes com o IPO

Por João Escovar

28 jul 2021, 15:54

O IPO (oferta pública inicial de ações) da Raízen vem sendo um dos destaques do mercado financeiro nos últimos dias. Afinal, não é sempre que uma empresa que fatura mais de R$ 100 bilhões por ano decide ir atrás de novos sócios.

A companhia, uma joint venture entre Shell e Cosan (CSAN3), espera levantar algo entre R$ 6 e R$ 10 bilhões, o que já a colocaria como a maior estreia na B3 em 2021 e no top 8 do mercado brasileiro (sem correção).

Desde a semana passada, o IPO está em uma fase decisiva: o processo de reserva das ações, que vai até o dia 2 de agosto. Portanto, quem deseja adquirir ações da companhia antes mesmo de sua estreia na bolsa – e assim colher possíveis lucros no primeiro pregão – deve dispor de ao menos R$ 3 mil para reservar o lote mínimo de RAIZ4 em sua corretora.

Existe, contudo, uma outra opção para investir em Raízen a partir de um aporte menor e com vantagem dupla (saiba mais aqui). Antes de entrar em detalhes, vou falar um pouco sobre o potencial da gigante sucroalcooleira.

RAIZ4: Meio ambiente, receita e combustíveis

Criada em 2011, a empresa tem como sócios a Cosan, holding que atua nos setores de logística, energia e açúcar e álcool, e a petroleira Shell. Com o quarto maior faturamento bruto do Brasil (R$ 114 bilhões), a empresa se denomina líder mundial na produção de biocombustíveis e de cana-de-açúcar.

Seu negócio está dividido, basicamente, em duas áreas: a cadeia sucroalcooleira, desde o plantio de cana até a venda de etanol e açúcar; e a distribuição de combustíveis nos postos com bandeira Shell.

Uma característica da operação da empresa que agrega muito valor à sua marca e atividade (e atrai muitos investidores estrangeiros, principalmente europeus) é seu alinhamento com a pauta ambiental

Além de o etanol ser um combustível renovável e menos poluente do que a gasolina, por exemplo, a Raízen produz em escala comercial o etanol de segunda geração (E2G), derivado de subprodutos da cana, como o bagaço.

Além de ampliar a produção sem aumentar a terra explorada, esse tipo de etanol não concorre com alimentos e emite 30% menos gás carbônico do que o álcool comum. Segundo estimativas, o negócio da Raízen evita a emissão de 5 milhões de toneladas de carbono na atmosfera por ano, o equivalente ao consumo de 2,5 milhões de carros.

“É uma empresa que promete andar bem na Bolsa, pois tem uma operação espetacular, tocada por uma equipe brilhante”, afirma Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus. “Além disso, é o grande player de etanol de segunda geração e tem demanda da Shell e da Exxon garantida para os próximos 10 anos”.

Tudo sobre o IPO da Raízen

Serão ofertadas inicialmente cerca de 810 milhões de ações preferenciais da Raízen, o que irá corresponder a 8,2% do capital total da companhia. A faixa de preço-alvo fica entre R$ 7,40 e R$ 9,60. A expectativa é uma arrecadação na casa dos R$ 7 bilhões, o que poderia levar o valor de mercado da empresa para próximo de R$ 100 bilhões.

Os recursos captados serão utilizados para a expansão da atividade da companhia, com investimentos em infraestrutura e eficiência, sem o intuito de pagar dívidas.

Para o investidor entrar diretamente no IPO, contudo, é preciso fazer uma reserva de ao menos R$ 3 mil na sua corretora. Se você não tem esse dinheiro disponível, não desista agora, pois há uma alternativa interessante para surfar no IPO.

Dá pra ganhar duas vezes na mesma tacada

Uma maneira inteligente para entrar em ofertas públicas iniciais sem fazer grandes aportes é investir por meio de fundos que se aplicam durante o período de reservas do IPO. A ideia é que o investidor adquira cotas desse fundo e, indiretamente, tenha as ações da carteira do fundo também em seu portfólio. As duas grandes vantagens desse mecanismo são:

  • Possibilidade de diversificar investimentos sem grandes volumes de dinheiro;
  • Contar com a comodidade de ter gestores profissionais cuidando do seu dinheiro em busca das melhores oportunidades

Um dos fundos que pretende entrar no IPO da Raízen é o Vitreo Agro. Concebido como o primeiro fundo multimercado do país focado no agronegócio, ele conta com alocações dinâmicas em ações, commodities, ETFs e contratos futuros do setor responsável por mais de 25% do PIB brasileiro.

Com a aquisição de cotas do fundo, que podem ser compradas a partir de R$ 100 (30 vezes menos do que o aporte mínimo do IPO da Raízen), você pode participar da reserva de ações de RAIZ4 com uma simplicidade muito maior. E ainda conta com um benefício que pode te fazer ganhar em dobro.

Vou explicar melhor. O Vitreo Agro aplica também em ações da Cosan, hoje detentora de 50% do capital da Raízen. Com o IPO, a holding continuará possuindo mais de 45% das ações de RAIZ4, ou seja, caso a nova empresa listada se valorize, a ação CSAN3 também tende a subir. Segundo analistas, o potencial de crescimento (upside) fica entre 10% e 30%.

Resumindo, se a Raízen apresentar um bom desempenho na bolsa e você investir pelo Vitreo Agro:

  • Você ganha com a valorização de RAIZ4;
  • E ganha com a valorização de CSAN3, uma das maiores posições do Vitreo Agro

É importante destacar que, antes da abertura de capital, não há como garantir a participação do fundo no IPO, pois isso depende do formato de alocação dos coordenadores da oferta. Os gestores da Vitreo, contudo, estão comprometidos em morder sua fatia da Raízen. E, de qualquer maneira, eles já estão posicionados em Cosan.

Como um fundo desse não existia antes?

Parece absurdo dizer, mas o fundo Vitreo Agro, lançado há algumas semanas, é o primeiro multimercado com gestão ativa especializado em agronegócio do país. Isso mesmo: até o momento, nenhum fundo nacional tinha uma exposição em renda variável tão grande no “motor da economia brasileira”, que movimenta trilhões de reais todo ano.

Para aproveitar os ganhos do campo, não é preciso ser fazendeiro nem entender nada de plantação. A partir de R$ 100 já é possível aplicar no Vitreo Agro e colocar parte dos seus investimentos em um setor sólido, confiável e com uma demanda perene.

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Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.