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Como foi a participação da Eletrobras (ELET6) no primeiro leilão de transmissão de 2024?

A competição seguiu elevada, assim como temos visto nos últimos anos, com um desconto médio para a RAP (receita anual permitida) máxima de 40%.

Por Ruy Hungria

11 abr 2024, 10:32 - atualizado em 11 abr 2024, 10:32

Eletrobras (ELET3, ELET6)
Imagem: Divulgação

Recentemente, tivemos o primeiro leilão de transmissão de 2024 do qual a Eletrobras (ELET6) participou. Foi um dos maiores que já existiu, com capex estimado em aproximadamente R$ 18 bilhões

A competição seguiu elevada, assim como temos visto nos últimos anos, com um desconto médio para a RAP (receita anual permitida) máxima de 40%. Ainda assim, esse número está um pouco abaixo dos últimos leilões, por conta de alguns fatores como menor disponibilidade de EPCistas e a ausência de players agressivos, especialmente a Taesa (TAEE11), no certame. 

A Eletrobras arrematou quatro lotes (1, 3, 5 e 9), com um desconto médio de aproximadamente 35% para a receita máxima permitida. 

LoteRAPDeságioCapexPrazo
1R$ 162,442,9%R$1.768,760
3R$ 114,526,9%R$ 983,460
5R$ 438,631,1%R$2.649,766
9R$ 28,759,4%R$190,660
Fonte: Eletrobras

A Eletrobras não sinalizou suas expectativas de economia de capex e antecipação de entrega dos projetos, o que pode alterar as estimativas de retorno. Mas utilizando premissas conservadores de economia de -5% e uma antecipação de 12 meses, estimamos uma TIR (taxa interna de retorno) alavancada de aproximadamente 10% para os projetos.

A exceção é o lote 9, o menor deles (3% do capex), cujos retornos ficaram bem próximos de zero em nossas contas, por conta do elevado deságio de 59%. 

O que achamos da participação de Eletrobras no leilão?

A Eletrobras não forneceu suas premissas, mas disse esperar retornos de dois dígitos reais nos projetos arrematados, o que sugere que nós estamos um pouco mais conservadores do que a companhia nos cálculos, mas preferimos aguardar esclarecimentos antes de ajustar nossos números.

Apesar de arrematar retornos relativamente interessantes em três projetos e de aumentar sua participação em um setor extremamente resiliente, é importante ter em mente que não é do setor de transmissão que virá a maior geração de valor para os acionistas, pelo menos enquanto os leilões se mostrarem altamente competitivos. 

Com um enorme portfólio de energia descontratada no segmento de geração e ainda muita ineficiência operacional, entendemos que a continuidade na redução de despesas gerenciáveis e uma cada vez mais provável recuperação dos preços de energia deveriam ser mais importantes para a valorização dos papéis. 

Por 6,4x Valor da Firma/Ebitda, a Eletrobras (ELET3/ELET6) segue entre as recomendações da Empiricus Research.

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Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.