Recentemente, tivemos o primeiro leilão de transmissão de 2024 do qual a Eletrobras (ELET6) participou. Foi um dos maiores que já existiu, com capex estimado em aproximadamente R$ 18 bilhões.
A competição seguiu elevada, assim como temos visto nos últimos anos, com um desconto médio para a RAP (receita anual permitida) máxima de 40%. Ainda assim, esse número está um pouco abaixo dos últimos leilões, por conta de alguns fatores como menor disponibilidade de EPCistas e a ausência de players agressivos, especialmente a Taesa (TAEE11), no certame.
A Eletrobras arrematou quatro lotes (1, 3, 5 e 9), com um desconto médio de aproximadamente 35% para a receita máxima permitida.
Lote | RAP | Deságio | Capex | Prazo |
1 | R$ 162,4 | 42,9% | R$1.768,7 | 60 |
3 | R$ 114,5 | 26,9% | R$ 983,4 | 60 |
5 | R$ 438,6 | 31,1% | R$2.649,7 | 66 |
9 | R$ 28,7 | 59,4% | R$190,6 | 60 |
A Eletrobras não sinalizou suas expectativas de economia de capex e antecipação de entrega dos projetos, o que pode alterar as estimativas de retorno. Mas utilizando premissas conservadores de economia de -5% e uma antecipação de 12 meses, estimamos uma TIR (taxa interna de retorno) alavancada de aproximadamente 10% para os projetos.
A exceção é o lote 9, o menor deles (3% do capex), cujos retornos ficaram bem próximos de zero em nossas contas, por conta do elevado deságio de 59%.
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O que achamos da participação de Eletrobras no leilão?
A Eletrobras não forneceu suas premissas, mas disse esperar retornos de dois dígitos reais nos projetos arrematados, o que sugere que nós estamos um pouco mais conservadores do que a companhia nos cálculos, mas preferimos aguardar esclarecimentos antes de ajustar nossos números.
Apesar de arrematar retornos relativamente interessantes em três projetos e de aumentar sua participação em um setor extremamente resiliente, é importante ter em mente que não é do setor de transmissão que virá a maior geração de valor para os acionistas, pelo menos enquanto os leilões se mostrarem altamente competitivos.
Com um enorme portfólio de energia descontratada no segmento de geração e ainda muita ineficiência operacional, entendemos que a continuidade na redução de despesas gerenciáveis e uma cada vez mais provável recuperação dos preços de energia deveriam ser mais importantes para a valorização dos papéis.
Por 6,4x Valor da Firma/Ebitda, a Eletrobras (ELET3/ELET6) segue entre as recomendações da Empiricus Research.
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