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Período de reserva está acabando: Vale a pena entrar no IPO da Agribrasil?
Nesta terça-feira (10/08) termina o prazo de reserva para participar da abertura de capital. É interessante entrar no IPO da Agribrasil? A analista Cristiane Fensterfseifer, da Empiricus, explica como atua a empresa e responde essa questão. Confira agora
A Agribrasil terá sua estreia na Bolsa com o ticker GRAO3 na sexta-feira (13/08). Mas amanhã (10/08) termina o período de reserva para participar do IPO e muita gente está perguntando se vale a pena.
Primeiramente, é preciso ficar por dentro da atuação dessa companhia do agronegócio. De acordo com Cristiane Fensterfseifer, analista da Empiricus, a dinâmica é a seguinte: diversas empresas entram em contato com a Agribrasil e expõem suas necessidades de compras de grãos. A partir desses pedidos, ela vai atrás dos produtores e providencia a logística, que é feita principalmente por meio de contratos com a Hidrovias do Brasil e com a Rumo para escoar pelos portos do Norte do Brasil e pelo porto de Santos.
Então, a companhia atua na aquisição, logística e transporte de grãos até o destino final – no mercado interno e externo.
Quando a Agrobrasil tem os pedidos confirmados com os clientes, ela trava os preços desses grãos, fazendo contratos futuros na Bolsa de Chicago, e também trava o dólar, através de NDFs (contratos a termo de moeda).
Portanto, a Agribrasil não corre o risco da variação das cotações dos grãos, assim como também não corre o risco da variação do dólar.
Por que a empresa está fazendo IPO?
O negócio da Agribrasil é bastante intensivo em capital, isto é, precisa ter recursos para suas operações acontecerem. Muitas vezes o balanço da empresa acaba sendo impeditivo de conseguir mais e mais contratos com clientes.
Então, grande parte do IPO da empresa, que será primário, vai ser utilizado para investir nas operações que a empresa já faz. No entanto, uma parcela menor será investida em outras linhas de negócios – onde ela não está hoje.
No caso, seriam investimentos em terminais de portos para escoar os grãos, algo que provavelmente resolveria um gargalo que ela tem, por exemplo, de escoar grãos pelo Sul do país. Outro investimento provável seria em processamento destes grãos, como transformar milho em farelo. São atividades que tendem a agregar valor para a empresa caso tenha sucesso.
Aí entramos em um ponto muito importante. A atividade atual da Agribrasil possui margens bastante baixas. A margem Ebitda da empresa é de cerca de 3%, porque ela é uma intermediadora entre os clientes que querem os grãos e os produtores de grãos. Porém, se a companhia realmente entrar em outras atividades como portos e processamento de grãos, tenderá a apresentar margens maiores, de 6% a 9%, estima a analista.
Afinal, vale ou não a pena?
Nos estudos da analista, a empresa vai negociar para o ano que vem com um múltiplo ev/ebitda de cerca de 10x, algo que está bem em linha com alguns ativos de logística e com tradings internacionais, caso ela entre com sucesso nessa outra atividade.
Ainda assim, Cristiane diz que não vale a pena entrar no IPO.
“Dado que a empresa, segundo meus cálculos, está negociando em linha com os múltiplos de outros concorrentes e que ela ainda não tem grande experiência na área de portos e processamento, e ainda que a atividade dela atual tem margens bastante baixas, eu considero que não vale a pena entrar nesse IPO”, diz.
Ela ainda complementa: “Eu gostaria de aguardar como vai acontecer o desdobramento dessas novas atividades que ela terá pós-IPO.”
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Equipe Empiricus