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Resultado do 1T24 da Vale (VALE3) vem marginalmente abaixo do esperado; veja o que fazer com a ação

Com a queda do preço do minério de ferro, já eram esperados números mais fracos da Vale, mas o balanço veio ainda abaixo das expectativas

Por Henrique Cavalcante

25 abr 2024, 10:09 - atualizado em 25 jul 2024, 15:44

Vale (VALE3)
Imagem: Washington Alves/Reuters

Ontem (24), após o fechamento do mercado, a Vale (VALE3) reportou seus números referentes ao 1T24 (veja aqui o calendário completo da divulgação dos resultados das empresas). Os números mais fracos eram amplamente esperados devido à queda no preço do minério de ferro, mas o resultado ficou ligeiramente abaixo das expectativas. 

Volume de vendas da Vale compensou a queda de preço do minério de ferro

Enquanto a receita de vendas ficou estável na comparação anual, com um aumento dos volumes compensando a queda de preço da commodity, o Ebitda ajustado apresentou queda anual de 11%, para US$ 3,3 bilhões.

Os custos e despesas totais aumentaram 9% em relação ao mesmo período em 2023, pressionando o lucro operacional. No fim, o lucro líquido ajustado foi de US$ 1,7 bilhões, queda anual de 9%. 

Geração de caixa livre foi destaque do 1T24

O destaque do resultado, por mais um trimestre, foi a geração de caixa livre da mineradora. Foram US$ 2,0 bilhões no período, uma conversão de 57% do Ebitda, impulsionada por uma eficiente gestão do capital de giro. 

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Brumadinho e Mariana: caixa será drenado em US$ 14 bi por desembolsos anuais

Além do resultado, a Vale também comunicou ao mercado as novas estimativas de desembolsos anuais referentes a Brumadinho e Mariana. A mineradora espera pagar, no total, cifra em torno de US$ 14 bilhões, ante expectativa anterior próxima de US$ 12 bilhões, o que representará um importante dreno de caixa nos próximos anos. 

O que fazer com as ações de Vale?

No geral, a Vale apresenta múltiplos atrativos, com parte do pessimismo relacionado ao minério e à China já precificado. Além disso, oferece um carrego interessante (~10% dividend yield), se considerar um pagamento de dividendos extraordinários no segundo semestre.

No entanto, mantemos uma recomendação neutra para as ações, devido aos desafios internos enfrentados pela companhia e às incertezas sobre a sustentação do preço do minério de ferro nos patamares atuais.

O que esperar da produção de minério de ferro?

Sobre o minério, do lado da oferta, as mineradoras parecem ter espaço para elevar produção se necessário e os estoques globais de aço já estão bem saudáveis.

Do lado da demanda, a economia chinesa está em desaceleração e exportações de aço em níveis historicamente elevados.

É um cenário que não nos traz o conforto necessário.

Vale tem ainda grandes desafios à frente

Por fim, sobre os desafios internos da Vale, além da pressão política evidente nos últimos meses, a falta de visibilidade em relação ao montante final da indenização relacionada ao rompimento das barragens em Mariana e as novas condições para dos contratos de concessão das ferrovias, que devem ser mais onerosas à companhia, reitera nossa posição neutra.

Se quiser saber ainda mais detalhes do resultado de Vale do 1T24, estarei ao vivo neste programa gratuito nesta quinta (25), às 12h. Não perca!

Sobre o autor

Henrique Cavalcante

Economista e pós-graduando em Finanças Corporativas pelo Insper, é Analista de Ações na Empiricus desde 2021 e possui a certificação CNPI. Integra as equipes das séries As Melhores Ações da Bolsa e Carteira Empiricus, cobrindo empresas de diferentes setores da economia. Possui experiências anteriores em áreas financeiras na PepsiCo e Santander.