O mês de abril ainda nem terminou e o real já é a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar na comparação entre os países do G20 — grupo formado pelas maiores economias do mundo — segundo a BBC News Brasil.
No dia 16 de abril a disparada do dólar assustou os investidores brasileiros. A moeda norte-americana chegou a ser cotada a R$ 5,29.
Já na segunda quinzena de abril a desvalorização do real chegou a 4,5% diante da moeda americana. O desempenho foi pior inclusive que o do Peso argentino, que desvalorizou cerca de 1,38% no mesmo período.
Os impactos não foram só no câmbio: a alta do dólar ante ao real também afetou a bolsa brasileira. Do início de abril até o último fechamento (24) o Ibovespa já caiu 2%.
Por que o real perdeu tanto valor frente ao dólar?
Não é de hoje que o real é desvalorizado em comparação com dólar. Entretanto, ao longo do mês de abril a moeda norte-americana voltou a alcançar patamares que não eram vistos desde março de 2023.
Parte do desempenho ruim do real se deve a uma valorização do dólar de maneira global. O DXY, índice que mede a performance do dólar em relação a uma cesta de moedas, já registra alta de 1,26% em abril.
Ao mesmo tempo, a moeda brasileira de fato enfraqueceu em relação ao dólar. Entre primeiro de abril e o último fechamento (24) a cotação da moeda norte-americana apresentou uma valorização positiva em 2,6%.
De acordo com os analistas, a desvalorização do real nos últimos dias foi motivada por três fatores.
1. Juros altos por mais tempo nos EUA
Os dados de inflação dos Estados Unidos, divulgados no início do mês mostraram que por lá o ritmo de consumo ainda continua em ritmo acelerado.
Isso significa que o Banco Central americano deverá manter a taxa básica de juros alta por mais tempo. Essa dinâmica tende a fazer com que o real perca valor frente ao dólar.
Acontece que, os juros altos implicam em uma taxa de retorno maior nos Treasuries. Nesse cenário, muitos investidores preferem manter os dólares aplicados no ativo mais seguro do mundo, os títulos públicos dos Estados Unidos.
Por consequência, essa escolha dos investidores estrangeiros resulta em uma escassez de dólar no mercado brasileiro e uma valorização da moeda sobre o real.
2. Intensificação dos conflitos no Oriente Médio
O mês de abril também ficará marcado pela entrada do Irã na guerra entre Israel e o Hamas.
O ataque do país ao território israelense aumentou o temor de uma escalada do conflito no Oriente Médio. Entre as preocupações está o fornecimento de petróleo visto que o Irã tem a quarta maior reserva do mundo e além disso, poderia barrar o escoamento da commodity pelo Estreito de Ormuz.
Vale lembrar também que o Irã tem um programa nuclear e já foi constatado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) a capacidade do país de construir várias bombas atômicas.
O dólar é considerado uma das moedas mais seguras do mundo. Assim, em situações de incerteza e conflito, como é o caso da disputa do Oriente Médio, muitos investidores correm para aumentar a sua alocação na divisa, fazendo com que ela se valorize ainda mais.
3. Política fiscal
Por fim, a mudança na meta fiscal do Brasil para 2025 também afeta a dinâmica entre o real e o dólar. Recentemente, o ministro da economia, Fernando Haddad, anunciou que no próximo ano o governo vai buscar um déficit zero ao invés de um superávit de 0,5% do PIB, como estava previsto no texto anterior.
Essa alteração foi recebida de maneira negativa pelo mercado pois pode indicar que o governo pretende gastar mais no ano que vem, aumentando a dívida pública.
Com isso o risco Brasil também fica maior, o que faz com que investidores estrangeiros não queiram trazer o seu capital para o país. Como consequência, o real tende a se desvalorizar.
Diante desse contexto, a pergunta de muitos investidores é:
Como proteger o patrimônio da desvalorização do real?
O analista de ações internacionais da Empiricus Research, Enzo Pacheco, aponta que uma das melhores maneiras de proteger o patrimônio neste momento é investir em dólar.
Como expliquei anteriormente, em cenários difíceis a moeda norte-americana tende a se valorizar e quem tem o ativo na carteira pode mitigar as perdas causadas por outros fatores, como por exemplo a desvalorização do real.
Justamente por isso o dólar é considerado um “porto seguro”, não só para investidores pessoa física, como também para bancos globais.
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