Nos reunimos com a equipe de RI da SLC Agrícola (SLCE3) em busca de atualizações sobre essa história e saímos com o sentimento de que o pior momento para o setor parece ter ficado para trás.
El Niño acabou, mas chuvas ainda devem pressionar preços de grãos
Apenas recapitulando, no fim de 2023, tivemos o El Niño o Centro-Oeste. As ondas de calor e a falta de chuvas provocaram quebras e colocaram em risco a produtividade da safra durante 2024 – a SLC inclusive reduziu em -5% a área destinada à soja.
Mas desde o início de 2024 o clima melhorou, as chuvas normalizaram e o tom agora é de que a produtividade pode ser até melhor do que a previsão da Conab.
Isso é boa notícia, em termos de volume, mas deve continuar pressionando os preços de grãos, dado o cenário de sobre oferta de soja e milho.
No entanto, não vemos muito mais espaço para quedas, dado que as cotações já estão abaixo do preço de custo de muitos produtores.
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Produtividade de SLC Agrícola acima da média protege sua rentabilidade
Além disso, é bom lembrar que a SLC tem uma produtividade (e portanto, uma receita por hectare) maior do que a média. Essa característica protege sua rentabilidade. E os gastos com fertilizantes e insumos também têm caído, e proporcionado uma redução de -10% no custo/ha.
Para o algodão, o cenário é bem melhor porque, além da boa produtividade, a atividade global segue forte e induzindo o consumo de produtos têxteis, que tem relação direta com o crescimento do PIB.
Com isso, a diferença entre o consumo e a produção (GAP, no gráfico abaixo) deve continuar pequena e sustentando os preços. Se o La Niña chegar, o que parece cada vez mais provável, aumentam as chances de seca no Texas (Estados Unidos), o que deve ajudar ainda mais os preços dado que o estado norte-americano é o maior produtor da commodity no país.
Menor produção de soja abre espaço para exportação de algodão
Outra boa notícia para o algodão é a redução do volume de soja produzida no Brasil. Isso deve liberar espaço para a exportação de algodão e eliminar os gargalos logísticos que vimos ao longo de 2023. Esse atraso inclusive afetou o Ebitda da companhia no ano passado. Mas também significa uma transferência de parte da geração de caixa para este ano.
Dito tudo isso, com o consenso estimando algo em torno de R$ 2,2 bilhões de Ebitda em 2024, ficamos com a sensação de que há boas chances de essa “meta” ser superada, o que certamente agradaria o mercado.
Sobre o negócio de sementes, a SLC Sementes tem crescido a taxas bastante interessantes e deve continuar em um ritmo que leve a operação a dobrar em três ou quatro anos. Mas com grande parte da produção de sementes sendo consumida pela própria SLC, nos parece que a companhia deve priorizar o aumento da qualidade e da rede de clientes nestes primeiros anos, enquanto “azeita” a operação.
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Arrendamento barato de terras pode beneficiar a SLC Agrícola
Outra avenida de crescimento que pode começar a ajudar os resultados é o arrendamento barato de terras, aproveitando as quebras de safra recentes e os preços baixos dos grãos. Nenhum negócio foi fechado até agora, mas existem oportunidades sendo avaliadas e podemos ter novidades em breve.
Lembrando que a área plantada da SLC está praticamente estagnada há 3 anos, justamente pela falta de oportunidades quando o mercado estava em alta. Quem sabe não estamos diante de um novo ciclo de crescimento pela frente?
Por fim, a equipe disse que há outras possíveis avenidas de crescimento e diversificação, como frutas ou culturas destinadas à produção de combustíveis “verdes”, que seguem sendo avaliadas.
A nossa percepção foi de que o pior em termos de produtividade e preços realmente parece ter ficado para trás. E, ainda que a recuperação das cotações de soja e milho não seja tão iminente, o downside também parece bastante limitado neste momento.
Por apenas 6x Valor da Firma/Ebitda e um dividend yield interessante de 6%, a SLC Agrícola (SLCE3) segue como uma recomendação da Empiricus Research.