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Renda fixa: confira dois CDBs indexados à inflação para investir em semana de Copom

Continuamos preferindo uma alocação acima do neutro em títulos indexados à inflação devido ao alto patamar de juros reais ofertados hoje.

Por Lais Costa

07 maio 2024, 13:57 - atualizado em 16 jul 2024, 16:43

renda fixa títulos CDB
Imagem: Freepik

Nos EUA, a reunião do Comitê Aberto de Política Monetária (FOMC) manteve os juros estáveis conforme amplamente esperado.

Entre os destaques da decisão, o comunicado ressaltou a continuação da expansão da atividade americana e a falta de progresso na inflação nos últimos meses, duas sinalizações mais duras (hawkish).

Por outro lado, sobre o mandato da autoridade monetária, o documento divulgado na última quarta-feira (1) passou a atribuir o mesmo peso nos riscos de inflação mais elevada e elevação do desemprego.

Até então, o comitê vinha indicando uma maior preocupação em relação à convergência da inflação. Portanto, esse aumento de preocupação com o mercado de trabalho trouxe um toque mais brando (dovish) ao comunicado.

Além disso, o Fed divulgou os planos de redução do Quantitative Tightening (QT), isto é, da ferramenta de política monetária que permitia o vencimento de títulos do Governo e, consequentemente, redução passiva do Balanço da autoridade monetária.

Embora o anúncio fosse amplamente esperado, na média, o mercado estimava que haveria uma redução pela metade dos US$ 60 bilhões por mês de títulos do governo (Treasuries).

O Banco Central americano optou por um corte maior no programa de incentivo monetário, com o estabelecimento de um teto de US$ 25 bilhões de vencimentos mensais.

Essa alteração permitirá que o Banco Central possa ser um comprador relevante de títulos públicos e facilitar o financiamento do Governo Federal, atuando como comprador nos leilões do Tesouro. Para os mercados, essa decisão implica em mais liquidez e, portanto, também carrega um viés mais dovish.

E o que Powell diz sobre o rumo da taxa de juros americana?

Durante a entrevista após a reunião, o presidente Powell foi indagado diversas vezes sobre a possibilidade de novas altas de juros. Powell afirmou que o patamar atual de juros é restritivo, e que o aperto na demanda pode ser verificado em diversos indicadores econômicos como JOLTS, taxa de demissões, abertura de novas vagas, pesquisas com empregados e empresas, mercado imobiliário, entre outros.

Nesse sentido, ficou claro que o retorno de uma escalada de juros não está sendo debatido pelo comitê no momento.

Em relação aos cortes, Powell traçou dois cenários possíveis. O primeiro seria um cenário em que os dados reforcem a convicção dos diretores do Fed em relação a um cenário de queda de inflação e o segundo seria amparado por um enfraquecimento inexperado do mercado de trabalho.

Atualmente, estamos em um terceiro cenário, em que o mercado de trabalho continua robusto e os indicadores de inflação estão “de lado”, o que indica que a resposta mais apropriada é a manutenção das taxas nos níveis atuais.

A despeito da postura conservadora na última quarta-feira (1) de manter os juros inalterados e enfatizar que a inflação não tem se comportado como o esperado foi lida, de maneira geral, como branda (dovish) pelos mercados.

As diversas tentativas dos jornalistas de buscar quaisquer indicações de novas altas também foram frustradas, o que colocou, novamente, as falas do presidente Powell no espectro mais brando do que o temido pelo mercado.

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Dados do mercado de trabalho americano ditaram a performance dos ativos de risco globais

Embora a decisão já tenha animado os mercados, a divulgação do principal dado de mercado de trabalho americano na sexta-feira (3), o payroll, foi decisivo para a performance positiva dos ativos de risco globais nos últimos dias.

O payroll de abril veio significantemente abaixo das expectativas dos analistas, mostrando uma criação de 175 mil vagas versus uma estimativa de 240 mil e uma média de 269 mil nos últimos três meses. O dado foi impactado, principalmente, pela queda das contratações do setor público, mas também mostrou desaceleração em outras linhas. No setor privado, os setores de saúde e assistência social continuam sendo as maiores contribuições para o forte ritmo de criação de vagas.

Em relação à pesquisa com as famílias (household survey), a taxa de desemprego também subiu marginalmente de 3,8% para 3,9% e a média de rendimentos por hora trabalhada arrefeceu de 0,3% para 0,2% m/m. De maneira geral, tanto o número fechado quanto a composição dos indicadores foram bastante benéficos.

O dado gerou forte reação positiva dos mercados. As taxas de juros nos EUA fecharam cerca de 10 pontos-base ao longo da curva. Além disso, o mercado voltou a atribuir uma grande probabilidade do primeiro corte de juros nos EUA em setembro.

No Brasil, os juros fecham até 20 pontos-base nos vértices mais longos e o dólar voltou a operar abaixo do patamar de R$ 5,10.

A realidade é que, desde o início deste ano, a correção da expectativa de corte de juros nos EUA é o que tem sido o principal responsável pela saída de investimento nas economias emergentes.

É nótória a propensão dos bancos centrais a continuarem/iniciarem seus processos de relaxamento monetário. Contudo, o fortalecimento da moeda norte-americana tem deixado muito pouco espaço de manobra para as demais economias globais.

Dado que as surpresas inflacionárias e de atividade para cima ao redor do mundo não tem sido na mesma direção/magnitude do observado nos EUA no primeiro trimestre do ano, ainda devemos ver um ciclo de afrouxamento monetário coordenado ao redor do globo no segundo semestre do ano, se tivermos a continuação do arrefecimento do mercado de trabalho americano.

E no Brasil?

Do lado doméstico, os dados de crédito de março reportados pelo Banco Central do Brasil na semana passada continuam mostrando expansão, a despeito da alta das taxas cobradas nos empréstimos após nove meses de queda.

Considerando a sazonalidade do período, a taxa de crescimento de novos empréstimos parece ainda mais robusta. Na comparação anual, o crédito agregado do primeiro trimestre cresceu 3,3% em termos reais. Entre os setores, destaca-se a alta significativa (acima da inflação) do crédito agrário de 15,7%  sobre o mesmo período de 2023.

No que tange a inflação, a tragédia humanitária no Rio Grande do Sul deve ter pequenos impactos de curto prazo no índice de preços ao consumidor amplo (IPCA). O efeito altista deve se dissipar logo à frente, não alterando significantemente a inflação do ano, porém, ainda temos visto uma inflação mais pressionada em 2025 do que as estimativas de mercado.

Na segunda-feira (6), o relatório Focus mostrou novamente alta das projeções dos economistas de 3,6% para 3,64% ao ano para o próximo ano. Vemos a taxa de 12 meses superando os 4% em meados de 2025. É importante lembrar que esse horizonte mais dilatado é justamente o que o Banco Central  mira ao balizar suas decisões de política monetária.

Atividade econômica, expansão do crédito e o cenário fiscal ainda pedem corte de juros

Embora o cenário externo tenha melhorado após a divulgação dos dados que comentamos acima, cosiderando o centro da meta de inflação em 3%, o crescimento robusto da atividade econômica, a expansão do crédito e um fiscal que impulsiona a demanda interna, o ciclo de corte de juros no Brasil não deve estar longe do fim.

Para a reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) da Super Quarta (8), o mercado está dividido entre um corte de 50 (como indicado no último comunicado) e de 25 pontos-base.

Acreditamos que o Banco Central optará pela postura mais conservadora, levando a Selic de 10,75% para 10,50%, em linha com as comunicações mais recentes do Presidente Campos Neto. O Comitê Monetário não deve fechar a porta para cortes adicionais, mas deve abandonar o clássico “forward guidance”, que tem sido a marca deste ciclo de afrouxamento.

Em relação à estratégia de renda fixa para pessoa física, continuamos preferindo uma alocação acima do neutro em títulos indexados à inflação devido ao alto patamar de juros reais ofertados hoje.

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Cardápio da semana: veja os títulos de renda fixa recomendados

Características da CDB IPCA+ do Banco Pan
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual
Aplicação mínimaR$ 1 mil
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)07/05/2029 (1826 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 6,80%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação15h
Características do CDB IPCA+ do Banco Sofisa
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA-(bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Sofisa
Aplicação mínimaR$ 1
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)08/05/2029 (1827 dias corridos)
Rentabilidade anualIPCA+ 6,50%
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação23h59

As taxas das tabelas são referentes ao dia 7 de maio de 2024. No caso da plataforma do BTG Pactual, o título indicado permanece disponível até às 15h, como indicado na tabela acima. As taxas e os vencimentos apresentados na tabela acima são válidos apenas para o dia de hoje (7).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.