A Eucatex (EUCA4) reportou o resultado do 1T24 com números em queda, atrapalhados por uma base de comparação fortíssima do 1T23.
O segmento de Construção Civil (Pisos, Portas, Divisórias e Tintas Imobiliárias) teve uma receita de R$ 242,7 milhões, crescimento de +4% vs 1T23, principalmente por conta do aumento da sua base de clientes de tintas.
Por outro lado, o segmento de Indústria Moveleira e Revenda (painéis de MDP/MDF/THDF e Chapa de Fibra) apresentou um recuo de -12,1% na receita, enquanto a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) registrou crescimento de +10,4% nas vendas do setor.
Vendas da Eucatex foram atipicamente fortes no 1T23
Aqui é importante entender que no mesmo período o ano anterior (1T23) as vendas foram atipicamente fortes nesse segmento, bem acima do normal, ajudadas por um deslocamento de vendas do ano anterior, o que afeta a base de comparação.
Além disso, outros dois fatores ajudam a explicar essa queda. O primeiro é a escolha da companhia em reduzir a venda de produtos comoditizados (MDP cru e MDF branco) no 1T24 – quando o mercado fica menos competitivo, a Eucatex costuma focar em produtos com acabamento, que têm melhores margens.
O segundo fator está ligado à estratégia comercial de segurar estoque para vender em períodos sazonalmente mais favoráveis (2º e 3º trimestres), o que também pode estar relacionado a uma atividade promocional mais forte do setor neste início de ano, e talvez ajude a entender o crescimento forte indicado pela IBÁ.
Na Exportação a companhia teve uma receita de R$ 135,5 milhões, redução de -15,9%. Além do dólar cerca -5% mais baixo no período, tivemos um descasamento entre estoques e embarques, além da indisponibilidade de dólar em alguns países consumidores na América Latina (como Argentina e Bolívia). Apesar dessa queda, o fim do 2T24 e início do 3T24 devem mostrar boa recuperação, reflexo de acordos firmados com clientes importantes do varejo norte-americano, que representam cerca de 70% das vendas no exterior.
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Receita líquida da Eucatex de R$ 641 milhões no 1T24
No consolidado, a Eucatex reportou uma receita líquida de R$ 641 milhões ante R$ 678,6 milhões no 1T23, queda de -5,5%, especialmente pela forte base de comparação do segmento Indústria Moveleira e Revenda.
Os custos apresentaram uma redução de -6,6%, um pouco por conta da queda nas vendas mas também por um bom controle de custos, o que combinado com um mix de vendas com maior valor agregado proporcionou um ganho de +0,8 p.p. na margem bruta. Ainda assim, o lucro bruto caiu -3,2% para R$ 214,5 milhões.
Já a linha de despesas totalizou R$ 117,1 milhões, um avanço de +8,5% na comparação anual e +2,4 p.p. na participação da receita, que alcançou 18,3% no período, justificada pelo desembolso em marketing e participação em eventos importantes concentrados no primeiro trimestre – que, segundo a gestão, já estão ajudando a trazer retorno para a companhia neste ano.
A pressão altista nessa linha, alinhada com a queda da receita afetou o Ebitda Ajustado recorrente (exclui os valores do Ativo Biológico, efeito não caixa, e eventos não recorrentes), que ficou em R$ 137,4 milhões e margem de 21,4% (-7,6% e -0,5p.p. vs 1T23, respectivamente).
Apesar da redução do resultado financeiro que atingiu -R$ 19 milhões (-40% vs 1T23), a forte expansão da linha de IR e CSLL, que saiu de uma compensação de R$ 9,2 milhões no 1T23 para -R$ 15,7 milhões no 1T24 acabou acentuando a queda da linha final. Isso ocorreu pelo fim da subvenção a investimentos concedida pelo Estado de São Paulo, que deixou de gerar crédito no imposto de renda no trimestre.
Por isso, o lucro líquido recorrente recuou para R$ 59,6 milhões, com margem líquida de 9,3%.
Polo moveleiro de Bento Gonçalves parado após enchentes no RS
A dívida líquida foi de -R$ 595,2 milhões no período (+1,5% vs 1T23) e o nível de alavancagem segue confortável em 1,1x Ebitda. Na teleconferência, o management disse que houve um importante alongamento da dívida de curto prazo durante o segundo trimestre, o que já começa a mostrar os benefícios de ter os problemas com a Justiça resolvidos.
Sobre a trágica situação no Rio Grande do Sul, o Vice Presidente Executivo, José Antonio de Carvalho, comentou que o polo moveleiro de Bento Gonçalves está parado por restrições logísticas por conta das enchentes, mas grande parte das indústrias locais não sofreu danos por estar em uma região serrana, e deveria voltar a operar assim que a situação normalizasse.
Apesar de impactos inevitáveis no curto prazo, é de se esperar um aumento da demanda do setor na fase de reconstrução do Estado, e enquanto isso, há pelo menos outros seis polos moveleiros similares ou maiores espalhados pelo Brasil que podem amenizar os impactos de curto prazo.
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Melhora esperada para o segundo trimestre
Outra notícia negativa foi um ataque hacker, que deve atrapalhar um pouco o resultado do 2T24, com alguns sistemas afetados por ransomware. Não foi especificado o tamanho dos danos, mas a normalização aconteceu em poucos dias.
Embora não tenha sido um resultado empolgante, a sinalização é de que teremos uma melhora interessante a partir do segundo tri, menos afetado pela base de comparação, e ventos mais favoráveis da sazonalidade e do segmento de exportação. Por apenas 4,1x Valor da Firma/Ebitda, EUCA4 tem recomendação de compra na série Microcap Alert.