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Digitalização da Riachuelo foi acelerada pela pandemia, comenta Flávio Rocha, do Grupo Guararapes

O empresário participou do Radio Cash comentando sobre o futuro do varejo de moda e sobre as novas tecnologias disponíveis no setor. Além disso, ele também teceu críticas ao sistema tributário brasileiro. Veja os principais destaques do episódio

Por Maria Eduarda Nogueira

31 ago 2021, 09:45

Flávio Rocha é um dos grandes nomes do varejo brasileiro, devido à sua longa atuação como CEO da Riachuelo. Atualmente, ele é presidente do Conselho de Administração do Grupo Guararapes, que inclui além das Lojas Riachuelo, a financeira Midway e o Midway Shopping Center. Além disso, o empresário está sempre em contato direto com a esfera pública, fazendo propostas em prol de melhorias no ambiente de negócios no país. 

Em participação no podcast RadioCash, apresentado por Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, e Jojo Wachsmann, CIO da Vitreo, Rocha falou sobre suas previsões para o futuro do varejo de moda, um setor muito afetado com as restrições impostas pela pandemia. O empresário também comentou sobre o cenário político e econômico brasileiro e fez críticas ao atual sistema tributário.

Confira o episódio completo dando play abaixo e leia os principais destaques nos próximos parágrafos:

Pandemia e digitalização do varejo

Há anos imerso no varejo da moda, Flávio Rocha acredita que a pandemia acelerou consideravelmente o ritmo de transformações do setor: “está acontecendo em um ano o que provavelmente aconteceria em uma década”. A criação de um ecossistema digital foi essencial para que a moda sobrevivesse às restrições da pandemia, que incluíram o fechamento de lojas e shopping centers por meses seguidos. 

No início, os canais digitais das redes de varejo de moda tinham baixa penetração e representavam uma pequena participação das vendas. Com a pandemia, houve uma forte aceleração e as marcas que não souberam se adaptar ao on-line acabaram perecendo. Para Rocha, esse avanço rumo ao digital representou uma oportunidade de escalar o negócio exponencialmente.

“Nós nos libertamos das terríveis limitações do mundo físico, a pior delas sendo a limitação de espaço. Quem dava até agora o tamanho do nosso negócio era o gestor da companhia de shopping”, diz o empresário. 

O super app de moda é o futuro

Como forma de enfrentar a impossibilidade de vendas no espaço físico, muitos comércios focaram em melhorar suas experiências digitais. No caso das grandes varejistas de moda, o investimento em aplicativos se intensificou, afinal, 55,1% das transações on-line são feitas via celular, segundo relatório da E-bit/Nielsen. 

No caso da Riachuelo, o aplicativo inclui não só vestuário, mas também beleza, decoração, itens para pets e entre outros ‒ isto está alinhado com a visão de Rocha, para quem “o negócio do futuro é o super app de moda”.  

Ao mesmo tempo em que apresenta uma oportunidade de ouro para escalar o negócio, a presença digital também tem seus desafios. “Não vão existir trezentos aplicativos de moda nesse espaço disputadíssimo que é o smartphone do cliente. Vai ter espaço pra um ou dois e aquele que vai conquistar esse espaço vai ser o que tiver mais recorrência e mais relevância. É para isso que estamos nos preparando”, afirma o empresário. 

O ex-CEO da Riachuelo também comenta sobre a visão “data is the new oil” (dados são o novo petróleo, em tradução literal), ou seja, os dados são o novo negócio rentável. As informações sobre os clientes obtidas através do seu histórico de compras de lifestyle são bem mais ricas do que as de bancos de dados genéricos. 

Casamento entre físico e digital pode transformar o varejo

Segundo Flávio Rocha, as transformações ocasionadas pela pandemia não significam que haverá uma rivalidade entre o digital e o físico: o futuro do varejo de moda inclui a integração entre as lojas e as novas tecnologias. Entre as mudanças mais promissoras, o ex-CEO da Riachuelo menciona a realidade virtual com o uso de óculos inteligentes, como o Apple Glass. 

A essa nova tendência de sinergia entre o físico e o digital se dá o nome de New Retail. Como explica Rocha, “você pode estar navegando numa loja física, sentindo a textura de um tecido, experimentando no provador, mas você está cercado de todos os superpoderes do mundo virtual.” 

“O casamento do físico e do digital vai trazer realmente uma transformação tecnológica para o varejo. Acho que o varejo de moda vai ser o grande beneficiário desse novo front tecnológico.” ‒ Flávio Rocha, no podcast Radio Cash.

Varejo do futuro envolve crédito e produtos financeiros

Se antes os vendedores das lojas físicas ofereciam o “cartão Riachuelo”, agora os clientes podem ter uma conta digital completa da Midway, a instituição financeira do grupo. 

Para Flávio Rocha, essa sinergia entre o crédito e o varejo é algo que o Brasil tem aprimorado cada dia mais. Segundo ele, o “varejo do futuro vai ter essa interação com o cliente que o crédito e que os produtos financeiros trazem.” 

Com a conta digital, há uma maior proximidade e fidelização do cliente, além de criar um “trampolim” para outros serviços financeiros e trazer maior assertividade na concessão de crédito.

Sistema tributário brasileiro e taxação de grandes fortunas

Em sua participação no RadioCash, Flávio Rocha foi enfático ao fazer críticas ao sistema tributário brasileiro, que é complexo e tem uma carga muito alta, em sua opinião. Ele comenta uma peculiaridade do Brasil, que acaba gerando sobrecarga de impostos em três bases: renda, consumo e patrimônio.

Segundo o empresário, é preciso focar em reduzir a sonegação, prática comum nos “camelódromos digitais”, e não em taxar mais as empresas com bases no Brasil que já são responsáveis por grande parte da arrecadação.

Quanto à taxação de grandes fortunas, Rocha também é crítico e cita como exemplo o que aconteceu na França de François Hollande, quando o presidente aumentou os impostos aos ricos: um êxodo fiscal para países que praticavam taxas mais baixas. 

Quer ouvir o papo completo? É só buscar por “RadioCash” em sua plataforma de podcasts favorita ou dar play abaixo:

Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Comunicação e Marketing Digital na ESPM. Trabalhou com comunicação institucional e jornalismo de viagens antes de entrar no mercado financeiro. Está sempre disponível para falar sobre inovação, livros e cultura pop.