A taxação em 20% das compras de até US$ 50 em plataformas internacionais, como AliExpress, Shein e Shopee, tem sido uma das principais pautas do noticiário econômico e político nas últimas semanas.
Após ser aprovada na Câmara na última semana e no Senado na quarta-feira (5), a proposta agora vai para sanção presidencial e, segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), deve ser aprovada.
Contra a aprovação, pesa a impopularidade da taxação, que preocupa o governo Lula. Vale destacar que, segundo a pesquisa Quaest divulgada em 8 de maio, 47% da população desaprova o trabalho de Lula – maior número desde que ele assumiu o cargo, no início de 2023.
Por outro lado, pesa a favor da taxação a necessidade de maior arrecadação do governo federal e a pressão da indústria por maior equidade nas tributações.
O CEO das Lojas Renner (LREN3), Fabio Facio, defendeu que o “correto seria uma taxação de 45% a 60% no imposto federal e entre 22% e 25% no estadual”.
“Estamos fomentando o crescimento de empresas e países asiáticos e quebrando o nosso país”, afirmou em entrevista ao Neo Feed. O executivo disse, ainda, que a briga não é “para aumentar impostos, mas para ter impostos iguais”.
De fato, as companhias mais prejudicadas pela isenção do imposto federal para as compras de até US$ 50 são as “varejistas que atendem da classe B- para baixo”, explicou a analista Larissa Quaresma, da Empiricus.
Dentre as companhias listadas em bolsa, Renner (LREN3), Marisa (AMAR3), Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3), são exemplos de empresas que se beneficiariam da taxação.
Prova disso é que na quarta-feira (29), dia seguinte à aprovação na Câmara, as ações dessas varejistas subiram na B3.
Vale a pena comprar as ações das varejistas pensando na ‘taxa das blusinhas’?
Segundo Larissa, apesar de beneficiar “na margem” essas varejistas, a “taxa das blusinhas” não é transformacional para nenhuma dessas companhias.
A analista afirma ainda que, caso uma varejista dependa exclusivamente dessa aprovação para sobreviver, é porque “talvez seja um modelo de negócio que não se sustenta e precisa de algum tipo de reinvenção”.
“A competição dos importados é real e ela não vai deixar de acontecer por causa da taxação. A invasão dos produtos chineses é uma realidade no mundo inteiro, não só no Brasil. Então, esse é um novo cenário competitivo ao qual as empresas precisam se adaptar mesmo com a taxação.”
Logo, o investidor deve buscar ações de varejistas que não sejam tão afetadas pelo imbróglio envolvendo o projeto de lei.
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Quais ações de varejistas comprar?
Por isso, neste momento, a analista recomenda que o investidor olhe duas características fundamentais ao investir em varejistas:
- Empresas de alta qualidade; e
- Que tem motores próprios de geração de valor.
“São empresas que dependem menos de fatores externos porque são pouco alavancadas (endividadas) e sempre entregaram crescimento, independente do ciclo da economia”.
Para a analista, essas características são ainda mais fundamentais no cenário atual, em que o consumo doméstico não tem evoluído de forma óbvia e a Selic não deve cair tanto quanto o esperado. “Estamos ainda mais seletivos para o setor do varejo”, afirma.
Por conta do cenário delicado, a analista recomendou apenas duas varejistas na carteira das melhores ações para comprar em junho.
- Uma destas ações é voltada para o público de alta renda e tem posição de liderança no varejo de moda das classes A e B;
- A outra recomendação da analista é o maior player de varejo esportivo do país. Desde setembro de 2023, as ações desta companhia saltaram quase 90% – e na visão de Larissa, tem espaço para muito mais.
São ações que não dependem da “taxa das blusinhas” para performar bem e, segundo cálculos da analista, estão sendo negociadas a preços abaixo do que valem – ou seja, podem trazer bons lucros aos investidores com a valorização dos papéis.
Como mencionado, estas empresas estão na carteira das 10 melhores ações para investir agora, elaborada pela Empiricus Research, casa de análise do Grupo BTG Pactual.
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