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Agenda desta terça (11) tem dados de inflação do Brasil e da China e relatório da Opep+; confira

Mercado também aguarda reunião do Federal Reserve e pronunciamentos de membros do Banco Central Europeu.

Por Matheus Spiess

11 jun 2024, 09:02 - atualizado em 11 jun 2024, 09:02

Imagem representando a vantagem competititva, mostrando uma lupa examinando dados de duas empresas em um gráfico. mercado dados econômicos agenda

Bom dia, pessoal. Após um início de semana marcado por alta ansiedade nos mercados na segunda-feira (10), adentramos um período repleto de divulgações econômicas importantes.

O destaque de hoje (11) é a inflação brasileira de maio, o primeiro de muitos indicadores econômicos relevantes que serão revelados ao longo da semana, tanto no Brasil quanto no exterior.

Enquanto isso, investidores avaliam as perspectivas de ajustes nas taxas de juros pelas principais economias mundiais.

A Autoridade Monetária Europeia, por exemplo, já iniciou cortes nas taxas de juros, mas, conforme apontado pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, esses ajustes podem não seguir uma sequência linear contínua.

Internacionalmente, o ponto alto da semana ocorrerá amanhã, com a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC).

Antes disso, aguardamos o relatório de petróleo da Opep+, pronunciamentos de membros do BCE e, mais tarde, a divulgação dos dados de inflação da China.

O mercado asiático encerrou o dia sem uma direção definida, refletindo a cautela dos investidores diante de diversos fatores que podem influenciar as políticas de juros globais. Além disso, nesta sexta-feira ocorrerá a reunião de política monetária no Japão. Os mercados na Europa abriram em baixa, seguindo a tendência dos futuros americanos e da maioria das commodities.

A ver…

· 00:53 — O aeroporto não deveria ser a única saída do Brasil

Na sessão de segunda-feira, o mercado brasileiro terminou sem grandes variações, com o Ibovespa registrando movimentos marginais e baixo volume de negociações.

Esse comportamento refletiu a cautela dos investidores diante dos dados econômicos cruciais previstos para esta semana.

A expectativa de hoje está voltada principalmente para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, cujo resultado pode influenciar significativamente a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

As projeções indicam uma aceleração do IPCA de 0,38% em abril para 0,40% em maio, elevando a taxa anual de 3,69% para 3,87%, após sete meses consecutivos de queda.

Esse cenário adiciona pressão sobre o Banco Central, especialmente se o IPCA superar as expectativas. Um resultado dentro ou abaixo do esperado poderia oferecer algum alívio, mas é improvável que mude a tendência de manutenção das taxas de juros pelo Copom.

Na última sexta-feira (7), Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, comentou que o resultado mais recente do IPCA foi melhor do que o esperado, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, com a inflação corrente alinhada às previsões.

No entanto, a inflação não é o único desafio; a reancoragem das expectativas inflacionárias também depende da credibilidade das políticas fiscais. Nesse contexto, o ministro Fernando Haddad apresentou ao presidente Lula medidas para desvincular os gastos do Orçamento federal das indexações atuais.

A proposta inclui limitar o aumento das despesas vinculadas ao salário mínimo, como benefícios previdenciários, e os pisos de saúde e educação, que atualmente são atrelados à receita do governo, a um teto de 2,5% acima da inflação.

Embora essa medida seja um passo significativo, ela sozinha não é suficiente para resolver os problemas fiscais do país. Outras ações necessárias incluem garantir unanimidade nas decisões do Copom e nomear um presidente do Banco Central com uma postura mais ortodoxa no final do ano.

No entanto, a implementação dessas medidas parece cada vez mais incerta diante do atual cenário político e econômico.

· 01:48 — No aguardo

Nos EUA, o pregão de ontem foi marcado por uma agenda econômica esvaziada, já que os investidores aguardam ansiosamente pela reunião do Federal Reserve, que começa hoje e termina amanhã, bem como pelos índices de inflação ao consumidor e ao produtor que serão divulgados esta semana.

Mesmo com essa expectativa, os principais índices fecharam em alta, com o S&P 500 e o Nasdaq atingindo novos recordes de fechamento.

Embora ninguém espere uma mudança na taxa de juros na reunião do Fed, qualquer nova sinalização de Jerome Powell em sua coletiva após a decisão, ou um novo direcionamento no Resumo de Projeções Econômicas, poderá ter um impacto significativo nos mercados globais.

Além da agenda macroeconômica, as ações da Apple registraram queda, influenciadas pelo lançamento de novos produtos da empresa durante a Apple Worldwide Developers Conference (WWDC). O CEO Tim Cook apresentou a versão de inteligência artificial da companhia, chamada “Apple Intelligence”.

Esta nova tecnologia utiliza uma abordagem híbrida, que pode ser aplicada tanto em dispositivos quanto no processamento de informações em centros de dados, segundo a empresa.

A parceria com a OpenAI para integrar o ChatGPT aos produtos Apple também pode ser transformacional, prometendo grandes avanços e inovações para os usuários da marca.

· 02:35 — Qual a estratégia de Macron?

Como discutimos ontem, o presidente francês, Emmanuel Macron, está colocando tudo em jogo após ser derrotado pela extrema-direita nacionalista de Marine Le Pen nas eleições parlamentares europeias.

Desesperado ou estratégico? Acredito que seja a segunda opção.

A França opera sob um sistema semipresidencialista, no qual o presidente é o chefe de Estado e o primeiro-ministro é o chefe de governo.

Diferente do modelo português, em que o primeiro-ministro tem mais relevância que o presidente, o sistema francês confere ao presidente um poder significativo, tornando-o o líder de fato do governo, mesmo que não oficialmente.

E qual o contexto em que esse movimento mais recente se dá? Veja que, nos últimos tempos, Macron tem enfrentado desafios consideráveis: desde as últimas eleições, ele precisou formar uma coalizão bastante heterogênea para garantir um primeiro-ministro de sua escolha. O resultado foi um governo paralisado até agora, inviabilizando as reformas sonhadas por Macron.

Com o crescimento das cadeiras da direita e o partido de Le Pen liderando as pesquisas de intenção de voto, Macron parece antecipar dois cenários.

O primeiro, mais provável, é uma vitória da direita, que teria mais cadeiras e seria forçada a formar um governo, nomeando um primeiro-ministro seu, o que neutralizaria a plataforma de críticas de Le Pen, sua principal adversária, obrigando-a a trabalhar com o presidente nos próximos anos em vez de apenas criticá-lo.

O segundo cenário é que os eleitores centristas se sintam mais motivados a votar (a participação nas eleições europeias foi baixa), aumentando a margem de Macron para governar a França. Embora seja uma aposta arriscada, faz sentido estrategicamente. De qualquer forma, isso demonstra a disposição de Macron em não aceitar passivamente a situação atual.

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· 03:24 — E o México?

Como mencionei ontem, as eleições indianas chamaram a atenção global por não terem tido um desfecho tão favorável para o partido governista como se esperava.

No caso do México, a situação é bastante diferente. O partido Morena, do presidente Andrés Manuel López Obrador (AMLO), não só venceu a eleição presidencial como também conquistou a maioria absoluta na câmara baixa e quase dois terços do Senado.

Esse cenário lembra a Venezuela de 1999, quando o então presidente Hugo Chávez venceu uma eleição que permitiu a reforma da Constituição, ampliando os poderes do Estado. Esse paralelo é preocupante. Seja como for, Claudia Sheinbaum tornou-se a primeira presidente-eleita do México.

A grande maioria no Congresso pode conferir poder excessivo ao partido Morena, permitindo reformas em estilo chavista, como a eleição de juízes, ampliação dos benefícios de seguridade social e maior controle estatal sobre a energia, todas propostas apoiadas por AMLO e Morena.

Esse cenário preocupa o mercado, temeroso de um governo que possa cometer excessos. Apesar disso, AMLO mostrou-se mais ortodoxo em termos fiscais do que muitos previam. Além disso, Sheinbaum tem um perfil mais tecnocrático e alinhado com o mercado do que AMLO. Mesmo assim, a incerteza gerada por esse cenário não agrada aos investidores.

· 04:17 — Movimentações no Oriente Médio

Os preços do petróleo fecharam em alta significativa ontem, recuperando-se das perdas da semana passada, quando a Opep+ sinalizou a possibilidade de restabelecer parte da produção ainda este ano. Hoje, o relatório do cartel pode trazer mais volatilidade ao mercado. Além disso, o Oriente Médio pode voltar a ser um foco de tensão, além do conflito contínuo em Gaza. A recente renúncia de Benny Gantz, membro do gabinete de guerra de Benjamin Netanyahu e visto como uma alternativa ao atual primeiro-ministro, chamou a atenção.

Em sua saída, Gantz criticou Netanyahu pela condução da guerra contra o Hamas. Embora a renúncia pareça dramática à distância, é improvável que mude o curso do conflito em Gaza, mas certamente enfraquece o governo de emergência de Israel. Gantz havia ameaçado renunciar a menos que Netanyahu apresentasse um plano para uma “estratégia do dia seguinte” para Gaza. Como isso não ocorreu, ele cumpriu sua promessa e deixou o governo. A saída de Gantz deixa Netanyahu mais dependente do apoio de partidos ultranacionalistas, que se opõem veementemente a um acordo de cessar-fogo, afastando ainda mais a perspectiva de paz.

· 05:02 — Novidades na Apple: vale a pena acompanhar?

Paralelamente aos novos recordes do S&P 500 e do Nasdaq, as ações da Apple (B3: AAPL34; Nasdaq: AAPL) caíram 1,9% ontem, justamente no dia da Conferência Mundial de Desenvolvedores de 2024. Durante o evento, a empresa divulgou suas novas ambições em inteligência artificial. Tim Cook, CEO da Apple, juntamente com outros executivos, apresentou uma série de novos recursos de software, incluindo o “Apple Intelligence” (AI, péssimo trocadilho), que marca a tão aguardada entrada da empresa na IA generativa (muito atrasada em relação aos pares, sim).

Um dos principais destaques foi a integração mais inteligente entre Siri e…

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.