Investimentos

Ibovespa deve repercutir promessa de Lula sobre corte de despesas em Dia da Independência nos EUA

Lula sinalizou a intenção de preservar o quadro fiscal, autorizando uma redução de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento de 2025.

Por Matheus Spiess

04 jul 2024, 09:05 - atualizado em 04 jul 2024, 09:05

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Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. A atividade nos mercados globais está mais moderada hoje devido ao feriado de 4 de Julho, Dia da Independência dos Estados Unidos, que mantém os mercados financeiros americanos fechados.

Na Europa, o foco está no Reino Unido, onde ocorrem eleições gerais para o Parlamento. Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata de sua última reunião de política monetária, alimentando as expectativas dos investidores de que ainda possam ocorrer mais dois cortes nas taxas de juros este ano, após a recente queda na inflação.

Essa perspectiva é reforçada pelas encomendas industriais da Alemanha em maio, que ficaram abaixo das previsões e permaneceram aquém das expectativas ao longo do ano, sugerindo possíveis reduções graduais nas taxas de juros.

Na Ásia, os mercados fecharam de forma mista. O destaque foi o índice Nikkei do Japão, que ultrapassou os 40 mil pontos e atingiu um novo recorde, impulsionado por empresas automotivas e de comércio. O otimismo na bolsa de Tóquio foi sustentado pela expectativa de aumento nos lucros, favorecida pela fraqueza do iene em relação ao dólar.

Enquanto isso, Taiwan e Coreia do Sul tiveram um dia positivo, ao passo que a China registrou quedas, pressionada por ações dos setores de consumo e imobiliário. No mercado de commodities, o minério de ferro apresentou alta, enquanto o petróleo devolveu parte dos ganhos do dia anterior.

A ver…

· 00:56 — Comunicação bem feita melhora tudo: já temos um número!

No cenário econômico brasileiro, o mercado acionário apresentou alta e o real se valorizou após intervenções corretivas. O Ibovespa alcançou 125.662 pontos, enquanto o dólar recuou para R$ 5,56 ao fim do pregão, melhorando em relação aos R$ 5,70 anteriores.

Após um período de resistência em relação aos cortes de despesas e críticas frequentes ao Banco Central, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal em declarações recentes em Brasília, suavizando suas críticas à instituição monetária.

Nesse contexto, o anúncio do Plano Safra, de mais de R$ 400 bilhões, embora relevante, ficou em segundo plano diante da iminência de ajustes fiscais, que se tornaram o principal foco do mercado.

Lula sinalizou a intenção de preservar o quadro fiscal, autorizando uma redução de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias no Orçamento de 2025, um passo significativo na gestão fiscal. O ministro da Fazenda mencionou que áreas específicas para cortes foram identificadas, embora sem detalhar.

Com isso, já existe uma estimativa concreta para as reduções planejadas. Espera-se que algumas dessas medidas sejam detalhadas no próximo Relatório Bimestral de Avaliação de Despesas e Receitas, a ser apresentado ao Congresso no dia 22.

O mercado financeiro está atento e aguarda novos anúncios que podem ocorrer na próxima semana, antes do recesso parlamentar. Atualmente, projeta-se a necessidade de cortes entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, embora o contingenciamento final deva ficar abaixo de R$ 10 bilhões.

· 01:48 — Setembro é possível!

Nos EUA, a véspera do feriado foi positiva para os índices, com o S&P 500 e o Nasdaq Composite fechando novamente em recordes históricos. Agora, a grande expectativa recai sobre os dados das folhas de pagamento, que serão divulgados amanhã e são esperados para mostrar uma normalização no mercado de trabalho dos EUA, com um menor número de vagas adicionadas em junho.

É importante destacar que, se o relatório de emprego de sexta-feira for mais fraco do que o esperado, alinhando-se com o relatório ADP divulgado ontem, os dirigentes do Fed poderão avançar para um corte nas taxas de juros em setembro. As chances de um corte nas taxas em setembro eram de 67% na tarde de quarta-feira, apesar da ata hawkish do último comitê, divulgada ontem.

· 02:35 — Pressão sobre Biden

Dezenas de legisladores democratas estão considerando assinar uma carta pedindo que Joe Biden desista de sua candidatura à reeleição, à medida que cresce o temor de que o atual presidente dos EUA possa custar aos seus aliados o controle do Congresso. Biden está rapidamente perdendo o apoio de legisladores e candidatos democratas, preocupados que a candidatura do homem de 81 anos leve a uma vitória republicana em Washington e a uma presidência descontrolada de Donald Trump. Em uma pesquisa recente do Wall Street Journal, o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, abriu uma vantagem de 6 pontos percentuais sobre Joe Biden entre os eleitores a nível nacional, com 80% dos entrevistados dizendo que Biden está velho demais para concorrer a um segundo mandato.

O acalorado debate em Washington sobre a possível desistência de Biden está se espalhando por Wall Street, onde os investidores estão começando a se preparar para um possível segundo mandato de Trump. A recalibração dos portfólios começou no final da semana passada, após o desastroso debate de Biden com Trump. Kamala Harris é atualmente a favorita para substituir o atual presidente, mas outros nomes ainda podem surgir. De qualquer forma, o dano para os democratas já foi feito, e muitos já estão pensando em conter perdas na composição do Congresso, reconhecendo que a Casa Branca pode estar perdida. Até Biden admite que os próximos dias serão cruciais para sua candidatura à reeleição.

· 03:21 — Petróleo em alta

O petróleo encerrou o dia em alta ontem, impulsionado por uma acentuada redução nos estoques antes do feriado nos EUA. O Brent para setembro subiu 1,28%, fechando a US$ 87,34 o barril na ICE. Esse movimento ocorreu após o relatório do Departamento de Energia (DoE) dos EUA revelar uma queda de 12,1 milhões de barris nos estoques na semana encerrada em 28 de junho. Além disso, a desvalorização do dólar ajudou a sustentar os preços da commodity, com os investidores apostando em um possível corte de juros pelo Federal Reserve na reunião de setembro, devido aos dados mais fracos de emprego e atividade de serviços nos EUA.

Dois outros pontos merecem atenção. Primeiro, o furacão Beryl, que atingiu a categoria 5 e, em sua trajetória atual, pode alcançar a costa do Texas no sábado, possivelmente afetando a produção de petróleo no estado antes de perder força. Em segundo lugar, as tensões geopolíticas no Oriente Médio estão em alta. O Irã e todo o “eixo de resistência” declararam apoio ao Hezbollah caso Israel lance um ataque em larga escala contra o grupo libanês, iniciando uma guerra regional. Com as eleições presidenciais em andamento no Irã, novos nervosismos podem surgir no mercado, elevando ainda mais o preço do barril.

· 04:14 — Corrida britânica

O Reino Unido está demonstrando hoje a estabilidade de seu processo democrático sob uma monarquia constitucional com as suas eleições gerais. Os mercados, com ou sem razão, já esperam o resultado provável e é pouco provável que reajam fortemente. A eleição se dará hoje para decidir se o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, poderá pôr fim a 14 anos de oposição e ganhar as chaves do parlamento ou se o primeiro-ministro Rishi Sunak vai resistir. O mais provável é que os conservadores percam essa eleição. O partido de Starmer liderou os conservadores por mais de 20 pontos durante a campanha eleitoral de seis semanas.

Todas as pesquisas apontaram para uma maioria trabalhista na Câmara dos Comuns, variando de 162 a 382 assentos. Todos, exceto o mais baixo dos resultados potenciais, veriam os trabalhadores ganharem mais assentos sob Starmer do que na vitória esmagadora de Tony Blair em 1997. Starmer, provavelmente o próximo primeiro-ministro britânico, é um centrista e ex-advogado dos direitos humanos. Embora seja amplamente caracterizado como monótono, foi-lhe atribuído o crédito por remodelar o Partido Trabalhista e torná-lo mais palatável para os eleitores do Reino Unido, ao afastar o partido da política de extrema-esquerda do seu antecessor, Jeremy Corbyn. Não devemos ver grandes mudanças na condução da política econômica.

· 05:07 — Make America Cripto Again!

À medida que a corrida presidencial dos EUA esquenta após o debate da semana passada, as criptomoedas assumiram pela primeira vez um papel central na campanha eleitoral.

Recentemente, o ex-presidente Donald Trump sugeriu que todo o Bitcoin restante fosse minerado nos EUA.

Essa declaração foi feita durante um encontro com executivos das empresas de mineração de bitcoin Riot Platforms e CleanSpark, marcando uma mudança significativa em relação à sua declaração de 2021. Hoje, Trump se apresenta como um candidato fortemente pró-cripto.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.