Bom dia, pessoal. Enquanto a temporada de resultados avança nos EUA, com mais dois grandes bancos divulgando seus números do segundo trimestre hoje, os investidores permanecem atentos a possíveis novos sinais de que um corte de juros em setembro ainda pode ocorrer, conforme indicado ontem (15) por Jerome Powell.
Dados recentes, como as vendas no varejo de junho, a serem divulgadas hoje (16), podem contribuir para essa expectativa.
O mercado, no entanto, ontem (15) deu mais ênfase ao chamado “Trump Trade” após o atentado de sábado, como discutido anteriormente (dólar em alta, bolsas americanas subindo e juros mais elevados).
Na manhã de hoje (16), os futuros americanos voltam a subir, contrastando com os mercados europeus.
Na Europa, os investidores aguardam a tradicional pesquisa de sentimento alemã ZEW, bem como a pesquisa do BCE sobre empréstimos bancários. Na próxima quinta-feira (18), teremos a decisão de política monetária do BCE.
Além disso, a atenção está voltada para a situação política na França, onde o presidente Macron inicia procedimentos para estabelecer um governo provisório. A aliança de esquerda já se dividiu, como previsto, e não há consenso sobre os rumos do país. Embora não existam planos fiscais radicais, também não há tentativas de colocar a França em uma trajetória fiscal sustentável.
Enquanto isso, no Brasil, a trajetória de recuperação iniciada no início do mês continua.
A ver…
· 00:51 — 11 dias de alta consecutivos
No cenário financeiro local, o Ibovespa subiu 0,33% ontem, encerrando o dia aos 129.321 pontos. Esse movimento refletiu a reação dos investidores ao atentado contra Donald Trump no fim de semana, assim como às recentes declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, que sugeriram possíveis cortes nas taxas de juros.
Além disso, a expectativa de um novo governo Trump impulsionou o setor petrolífero, beneficiando a Petrobras, apesar da queda global nos preços do petróleo.
Para hoje, a agenda econômica inclui a divulgação do relatório de produção e vendas do segundo trimestre da Vale, programada para esta noite, e um possível pronunciamento de Gabriel Galípolo, cotado para suceder Campos Neto na presidência do Banco Central a partir de janeiro.
Entretanto, a discussão econômica no Brasil vai além das questões monetárias, focando-se nos desafios fiscais. Aliviou o fato de o presidente Lula ter autorizado um bloqueio de quase R$ 26 bilhões no orçamento do próximo ano, reafirmando o novo arcabouço fiscal.
A eficácia dessas medidas será confirmada com o relatório de receitas e despesas a ser divulgado em 22 de julho.
Naturalmente, o Brasil apresenta sim alguns sinais robustos de crescimento econômico. O país continua a crescer, o mercado de trabalho está fortalecido e a balança comercial acumula um superávit de US$ 46 bilhões no ano. Aliás, no primeiro semestre de 2024, as exportações para os EUA aumentaram 12%, atingindo um recorde de US$ 19,2 bilhões. Outro ponto positivo é o desempenho recorde da indústria de eletrodomésticos no primeiro semestre, impulsionado pela queda dos juros.
Contudo, persistem algumas preocupações. A reforma tributária foi aprovada com facilidade na Câmara, mas enfrenta pressão de lobbies que resultaram em exceções cujo impacto na alíquota média do IVA, inicialmente fixada em 26,5%, ainda não foi totalmente avaliado. Muitos especialistas fiscais questionam se o limite da alíquota será eficaz.
Embora a reforma possa elevar o PIB brasileiro entre 6% e 11%, segundo projeções do FMI, os detalhes ainda precisam ser definidos com maior clareza. A tramitação no Senado pode trazer avanços, mas existe o risco de que isso ocorra apenas após as eleições ou no próximo ano, complicando o cenário econômico atual.
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· 01:45 — Confiança no corte em setembro
Nos EUA, os investidores estão cada vez mais convencidos de que o Federal Reserve reduzirá as taxas de juros três vezes este ano, impulsionados pela análise do Goldman Sachs de que as condições estão favoráveis para uma flexibilização.
Ontem (15), o presidente Jerome Powell afirmou em uma entrevista que os dados econômicos do segundo trimestre deram aos formuladores de políticas maior confiança de que a inflação está convergindo para a meta de 2% do banco central, possivelmente pavimentando o caminho para cortes nas taxas de curto prazo.
Acredito que dois cortes sejam suficientes. Prever três cortes na curva parece uma ansiedade do mercado, semelhante ao que vimos no final do ano passado. Um corte em setembro e outro em dezembro seriam adequados, acompanhando a queda gradual da inflação.
Enquanto isso, os índices americanos continuam a subir, acompanhando a temporada de resultados que está em pleno andamento. Hoje, destacam-se nomes como Bank of America, Charles Schwab, Morgan Stanley, State Street e UnitedHealth.
Além disso, a agenda econômica inclui os dados de vendas no varejo de junho. A estimativa de consenso é que os gastos no varejo diminuam 0,1% em relação ao mês anterior, após um aumento de 0,1% em maio. Um número em linha ou abaixo do esperado poderia reforçar a tese de que um corte de juros em setembro é possível.
· 02:32 — Trump 2.0: Oficialização da chapa e polarização
Durante a Convenção Nacional Republicana, que teve início ontem, Donald Trump foi oficialmente confirmado como candidato republicano, consolidando-se como o favorito na corrida pela Casa Branca após o atentado que sofreu no final de semana, conforme discutimos anteriormente. Além disso, foi confirmada a escolha de seu vice-presidente. Contrariando as expectativas de uma escolha mais moderada, Trump optou por um alinhamento ideológico mais forte. O incidente do sábado parece ter dado a ele a liberdade de escolher um nome de sua preferência, sem precisar se alinhar ao mainstream do partido, como fez em 2016 ao escolher Mike Pence. J.D. Vance, de 39 anos, será seu companheiro de chapa. Vance, que entrou na política recentemente ao ser eleito senador em 2022, demonstrou inclinação para ideias “trumpistas” (apesar de ter sido contra Trump em um passado distante), algumas consideradas bastante radicais no cenário internacional, para a Ucrânia e a China, especialmente.
Esse movimento indica um afastamento do centro político e uma intensificação da polarização. O cenário global está tenso, com o aumento da violência contra líderes políticos. O episódio de Trump não foi isolado; nos últimos anos, houve uma série de ataques contra figuras políticas em todo o mundo. O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe foi assassinado em julho de 2022. Poucos meses depois, no Paquistão, Imran Khan foi baleado na perna durante um evento público. Em janeiro deste ano, o líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-myung, foi esfaqueado no pescoço enquanto falava a repórteres. Recentemente, na Eslováquia, Fico foi gravemente ferido ao se misturar com uma multidão em uma praça pública. Esses eventos mostram que a polarização está se manifestando de forma violenta, além das disputas ideológicas, levando a uma crescente desconfiança no poder da democracia e nas instituições ocidentais. Países como China, Irã e Rússia ficam felizes com essa notícia.
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· 03:29 — De Brexit para Breturn
Nick Thomas-Symonds, o novo Ministro das Relações do Reino Unido com a União Europeia, está se preparando para uma viagem a Bruxelas com o objetivo de reafirmar o compromisso do governo trabalhista em revitalizar os laços com o bloco europeu. Em seu encontro inaugural com Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia, Symonds buscará estabelecer as bases para futuras negociações que visem fortalecer as relações bilaterais, de acordo com o governo britânico. Antes da viagem, o ministro ressaltou o compromisso do novo governo em fortalecer os vínculos com a UE, intensificar a cooperação na área de segurança e superar barreiras comerciais.
A UE e seus Estados-membros são considerados alguns dos aliados mais importantes do Reino Unido. Com desafios globais como o conflito na Europa, as mudanças climáticas e a migração ilegal, uma parceria robusta entre o Reino Unido e a UE se torna ainda mais essencial. O governo britânico planeja um engajamento mais ativo com a UE nos próximos meses. A ideia não é um retorno completo à UE, conhecido como “Breturn”, mas sim uma melhoria nas relações que se deterioraram após o Brexit. Esse sentimento é compartilhado por muitos britânicos, que estão insatisfeitos com os resultados até agora, principalmente devido à forma como o processo foi conduzido.
· 04:13 — A manufatura chinesa
A maioria das ações asiáticas subiu nesta terça-feira, acompanhando os ganhos em Wall Street, impulsionadas pelas crescentes expectativas de um corte nas taxas de juros em setembro. No entanto, os mercados chineses ficaram para trás devido às preocupações com a desaceleração econômica e aos ventos contrários da política dos EUA, especialmente com a retórica contundente do ex-presidente e seu vice contra a China. Ainda assim, os investidores esperam por anúncios de estímulos econômicos do Partido Comunista, que iniciou ontem a Terceira Plenária. Os dados do PIB do segundo trimestre também afetaram negativamente o sentimento em relação à China, mas ao menos aumentaram a expectativa de que novos estímulos serão anunciados.
A manufatura chinesa também está em destaque, pois uma nova fase da guerra comercial com os EUA pode estar começando. As lideranças chinesas afirmam que os recentes ganhos comerciais são resultado de uma economia sólida. Anos de investimento em disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) e a formação de engenheiros têm fortalecido a pesquisa e o desenvolvimento, reforçando a vantagem competitiva da China. A melhoria da qualidade e o custo reduzido dos produtos chineses atraem consumidores globalmente, sendo fruto de desenvolvimento industrial orgânico e não de subsídios, argumentou um líder em um recente discurso.
Entretanto, essa é a versão chinesa. Alguns estudos indicam que a China destina 5% do seu PIB a subsídios industriais – uma porcentagem dez vezes maior que a dos EUA. Em setores como semicondutores, aço e alumínio, a China é responsável por 80% a 90% dos subsídios globais concedidos a essas indústrias. Isso contribuiu para que a China acumulasse um excedente comercial de bens industriais próximo de 2% do PIB mundial, o dobro do famoso excedente japonês no início da década de 1990, que tensionou as relações entre EUA e Japão. A concorrência, portanto, torna-se extremamente difícil nessas condições.
· 05:08 — E a Apple continua surpreendendo
Ontem, foi divulgado que as vendas anuais da Apple na Índia atingiram um recorde de quase US$ 8 bilhões, destacando a importância crescente deste mercado em rápida expansão, onde a fabricante do iPhone agora monta mais dispositivos. A receita da Apple na Índia aumentou aproximadamente 33% nos 12 meses até março, em comparação com os US$ 6 bilhões do ano anterior.
Os iPhones representaram mais da metade dessas vendas. Esse crescimento significativo reflete o avanço dos esforços da…