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Balanços trimestrais de Google (GOGL34) e Tesla (TSLA34) agitam o mercado nesta terça-feira (23) e nova corrida eleitoral acelera nos EUA

O balanço do 2T24 de grandes companhias internacionais é divulgado nesta terça-feira (23), enquanto as eleições dos EUA avançam.

Por Matheus Spiess

23 jul 2024, 09:10 - atualizado em 23 jul 2024, 09:10

google alphabet gogl34
Imagem: Pixabay

Bom dia, pessoal. O mercado internacional está ansioso pelos resultados de algumas das principais empresas americanas, especialmente a dona do Google, Alphabet (GOGL34), e Tesla (TSLA34), que serão divulgados hoje à noite. Esses resultados podem influenciar o desempenho das demais “Sete Magníficas” nas próximas semanas.

Um desempenho positivo pode, pelo menos temporariamente, interromper os sinais de rotação setorial observados recentemente.

Paralelamente, a corrida eleitoral nos EUA ganha impulso após a desistência de Joe Biden. Kamala Harris anunciou ter conquistado delegados suficientes para ser a candidata dos democratas na eleição de novembro e surpreendeu com uma impressionante arrecadação de fundos.

Ainda acredito que Trump seja o candidato com mais chances de vencer a corrida pela Casa Branca, mas a saída de Biden insere incertezas consideráveis, tornando a disputa mais acirrada do que se imaginava.

Nos mercados asiáticos, as ações voltaram a cair predominantemente nesta terça-feira (23), pelo segundo dia consecutivo, após o Banco Popular da China (PBoC) reduzir as taxas de juros em 10 pontos-base durante o fim de semana. Essa medida não melhorou o ânimo dos investidores, que avaliam que os estímulos monetários recentes de Pequim são insuficientes para impulsionar a economia, especialmente após a falta de novidades na Terceira Plenária da semana passada.

Na Europa, os mercados estão em alta nesta manhã, à espera de declarações importantes de autoridades monetárias, como a presidente do BCE, Christine Lagarde, e o economista-chefe do BCE, Philip Lane. Já os futuros americanos registram quedas na manhã de hoje. No Brasil, estamos digerindo os detalhes da primeira contenção de gastos do governo, uma importante sinalização fiscal, embora ainda insuficiente.

A ver…

· 00:56 — Ainda há mais trabalho a ser feito e não podemos ficar apenas com a sinalização, precisamos de materialização

No Brasil, a recente divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, combinada com as declarações do presidente Lula à imprensa internacional, gerou um otimismo significativo entre os investidores.

Lula destacou que haverá cortes de gastos sempre que necessário e reafirmou o compromisso firme de seu governo com a responsabilidade fiscal, o que ajudou a manter um clima positivo para os ativos brasileiros. Ele enfatizou que a responsabilidade fiscal é um princípio “que carrega em suas entranhas”. Sei… De qualquer forma, como resultado, o Ibovespa registrou alta e o dólar teve uma queda.

O terceiro relatório bimestral revisou as projeções para o déficit primário de 2024, aumentando-o de R$ 27,5 bilhões para R$ 61,4 bilhões. Excluindo os gastos adicionais com o Rio Grande do Sul, que estão fora do limite de gastos e da meta fiscal, o déficit foi ajustado de -R$ 14,5 bilhões para -R$ 32,6 bilhões.

A adoção de um contingenciamento de R$ 3,8 bilhões e o bloqueio de outros R$ 11,2 bilhões, totalizando R$ 15 bilhões, são medidas importantes, mas ainda insuficientes para atender às necessidades fiscais do país. O documento reflete uma postura mais realista do governo, embora não traga grandes novidades. Como mencionado anteriormente, serão necessárias novas medidas para enfrentar os desafios fiscais.

· 01:44 — O impacto do Rio Grande do Sul

As estimativas mais recentes indicam que a economia do Rio Grande do Sul sofreu uma contração de 9% em maio, em comparação com abril, marcando a maior queda registrada na série histórica do estado. Este declínio reflete os primeiros impactos visíveis das enchentes na economia gaúcha.

Em relação ao mesmo mês de 2023, houve uma redução de 3,9% no indicador. Como consequência, a atividade econômica da região Sul do Brasil encerrou maio com uma queda de 3,3% em relação a abril, conforme dados ajustados sazonalmente. Entretanto, em comparação com maio de 2023, ainda foi registrado um crescimento de 0,7%.

O Boletim Macrofiscal revelou que o impacto negativo no PIB brasileiro deverá ser de 0,25 pontos percentuais. No entanto, tanto o Ministério da Fazenda quanto instituições como o JP Morgan mantêm a previsão de crescimento de 2,5% para 2024.

Esta projeção está acima da mediana do mercado, de 2,15%, conforme o Boletim Focus, indicando que há espaço para revisões positivas. Este cenário apresenta uma perspectiva otimista para os resultados das empresas no futuro próximo.

· 02:31 — Ganhando fôlego

Nos EUA, as grandes empresas de tecnologia lideraram a alta do mercado ontem, após sofrerem perdas na semana passada. Foi um dia forte para os principais índices, antes de um período movimentado com a temporada de resultados do segundo trimestre e a divulgação de alguns dados macroeconômicos no final da semana.

O S&P 500 subiu 1,1%, o Nasdaq Composite avançou 1,6% e o Dow Jones Industrial Average registrou alta de 0,3%.

As ações da Tesla subiram 5,2%, Nvidia ganhou 4,8% e Alphabet teve um aumento de 2,3%. Esse movimento foi diferente do que vimos recentemente, com o Morgan Stanley observando que o rali das small caps estava perdendo força. Não sei se isso se mantém estruturalmente, mas no curto prazo é possível, principalmente dependendo dos resultados corporativos de hoje.

Hoje (23), serão divulgados os números da Alphabet (GOGL34) e da Tesla (TSLA34), e, ao longo da semana, aguardamos os resultados de Coca-Cola (COCA34), Freeport-McMoRan (FCXO34), GE Aerospace (GEOO34), General Motors (GMCO34), Lockheed Martin (LMTB34), Texas Instruments (TEXA34) e Visa (VISA34).

Na verdade, cerca de uma em cada quatro empresas do S&P 500 deverá divulgar seus resultados do segundo trimestre esta semana.

Até agora, nesta temporada de relatórios, o lucro por ação do S&P 500 está a caminho de um aumento de 11,1% ano a ano, com um crescimento de receita de 4,5%. Se mantido, esse seria o crescimento mais rápido do lucro por ação desde o primeiro trimestre de 2022. Cerca de 20% das empresas do S&P 500 já reportaram, mas a maioria delas pertence ao setor financeiro.

· 03:29 — Mudança de rumo no Reino Unido

Na semana passada, cerca de 50 líderes europeus reuniram-se no Palácio de Blenheim, em Oxfordshire, Inglaterra, para uma sessão da Comunidade Política Europeia. Esse evento foi significativo para o novo primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, que busca reformular a relação pós-Brexit com a União Europeia.

Embora as discussões tenham abordado temas de defesa e segurança, o comércio também esteve em destaque, especialmente à medida que as partes tentam fortalecer a cooperação em questões comuns. Sob a liderança de Starmer, o Partido Trabalhista descartou a possibilidade de reintegrar o mercado único da UE ou a união aduaneira, mas está empenhado em melhorar as relações bilaterais por meio de renegociações.

As consequências econômicas do Brexit têm sido sentidas em diversos setores, como agricultura, indústria criativa, manufatura e cadeias de abastecimento just-in-time.

Além disso, surgiram desafios como a necessidade de documentação e pedidos adicionais, gestão de múltiplos padrões de qualidade, pagamentos de IVA e divergências nos regulamentos que impactaram os investimentos.

Por outro lado, a União Europeia tem mostrado cautela em relação a possíveis mudanças, reiterando que o Reino Unido não pode usufruir das vantagens de ser membro da UE sem aderir aos compromissos necessários. Nos bastidores, no entanto, outra questão dominou as conversas: como a Europa deve reagir à perspectiva de Donald Trump retornar ao cenário político?

· 04:18 — A transformação econômica chinesa

Como mencionamos anteriormente, a Terceira Plenária do Partido Comunista da China, realizada na semana passada, não apresentou mudanças políticas significativas, desapontando aqueles que esperavam medidas de apoio ou estímulo essenciais para uma recuperação econômica robusta. No entanto, a China está claramente empenhada em uma grande transformação econômica.

O foco agora não é apenas no crescimento do PIB, que já está saturado, mas em liderar o desenvolvimento econômico de alta qualidade com novas forças produtivas, conforme declarado pelo próprio governo chinês. Em outras palavras, o país pretende se afastar da indústria pesada e do desenvolvimento imobiliário, direcionando-se para setores mais modernos, como biofarmacêuticos e energia limpa.

Será que essas mudanças serão suficientes? Muitos esperam que os setores de alta tecnologia e energia limpa da China possam gerar crescimento suficiente para compensar o déficit de 8% no PIB previsto devido à contínua fraqueza do setor imobiliário até 2026.

O principal desafio do Partido Comunista nos próximos cinco anos parece claro: conseguirão convencer a população de que sua grande estratégia de reativação econômica está funcionando antes que percam a confiança?

Essa tarefa não será fácil, especialmente em um cenário global marcado por guerras comerciais com a União Europeia e os EUA. E isso sem considerar o possível retorno de Donald Trump ao cenário político, o que poderia complicar ainda mais a situação.

· 05:03 — Ares canadenses

Como mencionado anteriormente, a construção de carteiras sofisticadas envolve a inclusão de teses temáticas, alternativas e estruturais. Normalmente, uma pequena parcela da carteira é destinada a essas teses devido ao seu maior risco, permitindo que amadureçam ao longo de períodos mais longos, geralmente entre três e cinco anos.

Essas teses devem representar, no máximo …

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.