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Veja as cinco maneiras mais práticas de investir em dólar sem sair do Brasil

Muita gente sabe que, diante da instabilidade da economia brasileira, é importante deixar parte do patrimônio no exterior, mas quais são as opções para fazer isso?

Por João Escovar

27 out 2021, 10:27

O real não para de perder valor, seja para as compras do dia a dia do brasileiro, seja em relação a seus pares internacionais. A confusão de sempre acaba influenciando no desempenho econômico do país – e o investidor prudente sabe que é preciso deixar parte de seu dinheiro em dólar para correr menos riscos.

Veja só o que aconteceu na semana passada: com a crise envolvendo o governo Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes e o teto de gastos, o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,75. Isso porque quando a atual gestão assumiu, ele estava na casa dos R$ 3,70.

Ou seja: nossa moeda, além de perder muita força mundo afora, ainda está sujeita às instabilidades nacionais que, convenhamos, não são poucas. Essa loucura culmina na desvalorização do real e na perda do nosso poder de compra.

Acontece que muita gente que está ciente da importância de deixar parte de seu patrimônio em dólar não sabe bem como fazer isso. Precisa ter uma conta no exterior e falar inglês? Tem que comprar dólares em dinheiro vivo e deixar em casa? É preciso pagar muitas taxas?

Neste artigo, separamos as maneiras mais simples e tradicionais para brasileiros investirem em dólar sem grandes dores de cabeça, mostrando as vantagens e as desvantagens de cada uma.

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Por que o dólar é considerado um ativo de proteção?

Mais do que centenária, a moeda americana é vista pelos economistas como um porto seguro diante de instabilidades. Além de ser emitido pela maior potência do planeta, os Estados Unidos, o dólar também lastreia reservas e transações internacionais em todo o mundo.

A estabilidade econômica e política dos EUA deixa o dólar menos sujeito a oscilações – e o uso global dificulta a perda de valor da divisa.

Além disso, a moeda americana apresenta baixa correlação com a variação do Ibovespa, ou seja, quando as ações nacionais perdem valor, o dólar tende a subir. Por isso, ele sempre é apresentado como um importante ativo de proteção do patrimônio.

Mesmo gestores otimistas com a bolsa brasileira concordam com essa posição. Um exemplo: Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, cujo fundo campeão de rentabilidade, o Oportunidades de Uma Vida, com 445% de lucros desde sua criação, é baseado em ações nacionais, diz que “o bom e velho dólar” é essencial para equilibrar eventuais perdas na B3.

O analista entende que a bolsa está sendo negociada a múltiplos muito baratos, na casa de 6x lucro, mas ainda assim não abre mão de manter parte dos  investimentos na moeda americana.

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5 jeitos de investir em dólar: vantagens e desvantagens

Bem, mas como fazer para alocar parte do patrimônio em dólar sem ter que sair do país? Basicamente, o investidor brasileiro pode alocar seu patrimônio na divisa dos Estados Unidos de cinco maneiras. Confira:

Compra de dinheiro vivo

Embora muita gente encare essa opção como a mais fácil e menos burocrática para investir em dólar, ela apresenta muitas desvantagens. Em primeiro lugar, porque é uma compra, e não um investimento: o dólar guardado não vai gerar caixa ou pagar juros, por exemplo. Além disso, há uma série de inconvenientes: você paga o preço do dólar turismo (mais caro), há a cobrança de IOF e ainda existe o risco de roubo e perda.

A única vantagem evidente é para quem planeja fazer uma viagem internacional e deseja se proteger da oscilação do câmbio ou evitar taxas de cartões internacionais.

Fundos cambiais

Ao invés de comprar dólar em “cash”, uma maneira mais inteligente de se expor à moeda americana é através dos fundos cambiais, que têm o objetivo de acompanhar as cotações das moedas. Como os gestores compram divisas em grande quantidade, o dólar sai pela cotação comercial,que é  mais barata.

Comprando uma cota, o investidor entra como um grande player do mercado colocando pouco dinheiro. Além disso, há a segurança de uma instituição financeira, gestão profissional e liquidez.

Neste caso, é importante atentar-se às taxas. Existem alguns fundos, contudo, cuja cobrança é mínima, apenas para bancar questões operacionais. Na Vitreo, por exemplo, o fundo cambial de dólar cobra uma taxa de apenas 0,05% a.a., muito inferior ao IOF da casa de câmbio (1,1%).

Embora a maioria dos fundos seja focada no dólar, existem alguns que diversificam a alocação na divisa americana com outras moedas fortes, como euro (União Europeia), libra esterlina (Reino Unido), franco suíço (Suíça) e iene (Japão).

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Fundos de ativos internacionais

O mercado oferece uma série de fundos de investimentos com exposição a ativos estrangeiros, como ações de empresas internacionais, derivativos e moedas. Através deles, você pode investir em companhias como Apple, Tesla e Facebook – e assim não só transforma seus reais em dólares, mas ganha em US$ com a valorização e os resultados dessas gigantes.

Há também os ETFs, que são fundos que buscam acompanhar índices, como S&P500, principal indicador da bolsa americana.

Boa parte desses fundos é bem simples de ser adquirida nas corretoras nacionais, com reais mesmo e com poucos cliques. Antes de entrar em um, é importante conferir o tipo de gestão, o nível de risco e as taxas cobradas.

Compra direta de ações ou BDRs

Outra opção para investir no exterior é comprar diretamente as ações de companhias estrangeiras ou seus BDRs (Brazilian Depositary Receipts), que são títulos negociados na B3 lastreados em ações globais.

Esse tipo de investimento exige um acompanhamento mais ativo e, se o investidor optar por comprar as ações nas bolsas estrangeiras, precisa ter conta no exterior e ainda sofre um pouco com questões burocráticas e tributárias.

No caso dos BDRs, é mais simples: o funcionamento é bem parecido com a compra direta de ações nacionais.

Mercado Futuro

Este tipo de negociação envolvendo dólar é bem mais complexo e não é recomendado para quem não tem muita experiência no mercado financeiro. Basicamente, ele consiste na negociação de opções de compra ou venda de dólar a determinado preço, para fins de proteção em caso de oscilação muito forte.

É usado por investidores institucionais e por empresas que dependem muito do câmbio para o planejamento de seus negócios. Também faz parte da rotina dos day traders, através da negociação do chamado “mini dólar”. Contudo, nesse caso, mais do que um investimento, trata-se de uma especulação arriscada, que envolve grandes possibilidades de perdas.

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Uma soma de fatores: o dólar está valorizado e o real, em baixa

Quando nós, brasileiros, dizemos que o dólar está alto, normalmente queremos dizer que ele ganhou força perante o real, ou seja, que são necessários mais reais para comprar um dólar. Isso pode acontecer, basicamente, por dois motivos: ou a moeda americana ganhou força ou nossa divisa brasileira perdeu.

O momento que estamos vivendo, ironicamente, reúne os dois gatilhos: ao mesmo tempo que o real patina, as verdinhas do Tio Sam estão ganhando valor no mundo todo.

Sobre o Brasil, não é preciso gastar muitas linhas: inflação, desemprego, atividade fraca, juros altos e instabilidades. Essas últimas, inclusive, uma especialidade tupiniquim que costuma elevar – e muito, o preço do dólar. Mesmo durante o governo Temer, mais estável economicamente, a confusão do chamado “Joesley Day” fez a moeda americana subir 8%.

Como se não bastasse nossa moeda emergente capengando, o dólar está ganhando força no mundo. O Índice DXY, que compara o desempenho do dólar com uma cesta de moedas internacionais, principalmente o euro, vem numa subida quase constante desde abril.

Além da segurança oferecida pela divisa em meio à crise global e à inflação generalizada, existe a expectativa de que o governo americano inicie o tapering em breve, que é a retirada dos estímulos monetários da economia.

Isso implicaria numa alta dos juros dos títulos do Tesouro dos EUA, considerados o investimento mais seguro do mundo. Quando valorizados, esses títulos tendem a atrair investidores de todo o planeta, o que amplia a demanda por dólar, aumentando o valor da moeda frente a outras dividas.

Portanto, quando o Fed (Banco Central dos EUA) resolver de fato apertar as rédeas da maior economia do mundo, o dólar pode subir ainda mais – e será essencial estar protegido de mais essa oscilação.

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Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.