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O que significaria um Kamala Trade? Em semana de decisão do Fed, veja as projeções para os próximos meses nos EUA

Red Wave, rotation trade e rust belt: entenda como todos esses termos se relacionam à corrida eleitoral dos EUA na disputa Harris vs. Trump

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

29 jul 2024, 14:17 - atualizado em 29 jul 2024, 14:17

kamala harris candidata a presidente dos estados unidos
Imagem: Gage Skidmore / Wikimedia Commons via Flickr

Os Estados Unidos estão atraindo muitos olhares para o seu cenário macroeconômico. Após as reviravoltas eleitorais norte-americanas na última semana, o direcionamento do Federal Reserve sobre os próximos cortes das taxas de juros ainda devem gerar repercussão no mercado.

Os dirigentes do banco central dos EUA, o Fed, devem manter os juros estáveis na reunião desta quarta-feira (31), afirma João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão. Por outro lado, as expectativas são de que seja sinalizado um corte no próximo encontro, em setembro. 

O PIB dos Estados Unidos, divulgado na última quinta-feira (25) cresceu 2,8% no segundo trimestre, contra 1,4% no primeiro trimestre do ano. 

“Tivemos um crescimento relativamente bom e os gastos privados subiram 8,4% na comparação anual. É muita coisa, as pessoas estão injetando dinheiro, o que tira um pouco a ideia de que a economia americana está desacelerando”, avalia Piccioni em participação no 58º episódio do Empiricus Podca$t.

Trump Trade ou Kamala Trade? 

Junto com os especialistas da Empiricus Research – Larissa Quaresma, analista de ações, Matheus Spiess, analista de macroeconomia, e Valter Rebelo, analista de criptomoedas – Piccioni aborda o cenário político americano após a desistência de Joe Biden da corrida eleitoral. 

A nova candidata do partido Democrata, Kamala Harris, terá o período mais curto de campanha da história (pouco mais de 100 dias) e por isso o cenário permanece ainda muito incerto. 

“Desse jeito, o rotation trade deve continuar favorecendo os setores que se beneficiam com a promessa de campanha do Donald Trump e também associada às características do seu candidato a vice-presidente, J. D. Vance, que tem uma personalidade mais atrelada às startups”, comenta Piccioni. 

Spiess completa que Vance é uma representação muito interessante para a economia. O seu passado político é no Rust Belt, ou Cinturão da Ferrugem, região muito associada à indústria automobilística, e que “enferrujou”, sendo deixada para trás nos EUA quando esse setor se deslocou para a Ásia

“Vance dialoga com a realidade dessa região e dessa classe trabalhadora ao mesmo tempo que sua entrada no mundo executivo envolve fronteiras de tecnologia, quando teve seus empreendimentos, mais de ponta e arriscados, de venture capital”, comenta Spiess.

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Red Wave: tendência republicana que se desenha no cenário político dos EUA

Após três eventos marcantes na campanha de Donald Trump, os analistas acreditam que o republicano apresenta as maiores chances de vitória nas eleições americanas de 2024. 

“Não vou cravar quem vai vencer, mas Trump teve três eventos importantíssimos para ele: o debate [da CNN], a tentativa de assassinato e a convenção republicana, que foi muito bem arquitetada”, comenta Piccioni. 

Segundo o analista, dado que a Câmara dos EUA já é de maioria Republicana, a permanência do Biden só tendia a aumentar a chamada Red Wave – a ascensão de republicanos -, ampliando ainda mais a presença do partido no órgão e tornando a eleição do Trump mais certeira. 

Além disso, Spiess comenta que Kamala Harris é uma vice-presidente “impopular, vista por muitos democratas como liberal demais”.  

Sobre o posicionamento da candidata em relação a projetos econômicos, ainda se sabe muito pouco do que esperar.

“Kamala ainda não deu muitos posicionamentos sobre economia ou se ela terá uma visão mais progressista”, pontua Spiess. “Minha percepção é de que ela precisará de um vice muito moderado, uma pessoa não tão vista como liberal – dentro do conceito americano dos costumes.”

Trump eleito é bom para o mercado de criptomoedas

Após a participação do candidato a presidente à Bitcoin Conference, o apoio do político ao criptomercado ficou ainda mais consolidado, relembra o analista de cripto mercado da Empiricus Research, Valter Rebelo.

Mesmo com a correção das ações large caps americanas em julho, em função do rotation trade, o bitcoin ainda sobe 2% em julho, a US$ 64 mil.

“Trump se alinha com os pontos de inflexão da política monetária. Esses ativos de risco atuam muito bem com alta liquidez”, explica Rebelo.

Ações de big techs: comprar ou vender?

Para o último bloco do podcast, os analistas avaliam quais são as suas perspectivas para as ações de big techs, e outras companhias relevantes, que compõem a Nasdaq.

Na semana passada, o índice de ações Nasdaq enfrentou o pior pregão em dois anos, com uma forte correção nos papéis de big techs, como Nvidia (NVDC34), Alphabet (GOGL34), Apple (AAPL34), Microsoft (MSFT34)

Esse momento pode ser uma oportunidade de compra?

Segundo Piccioni, ainda não: “no curto prazo acho que ainda tem um espaço para os papéis caírem mais, mas no médio prazo acredito que existe uma janela de oportunidade para entrada nestas empresas. Tem que esperar passar esse nervosismo do mercado.”

Spiess opina na mesma linha: “no contexto do rotation trade, estes aspectos políticos vão falar mais alto. Isso não significa que essas empresas vão deixar de ser relevantes, mas agora  elas estão em um processo de correção que pode ser aprofundado,” 

Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research, recomenda: “agora os investidores podem vender ou reduzir sua posição, diminuindo a sua exposição. [As ações] ainda devem cair bastante, e depois [os investidores] podem comprar de novo quando for recuperar.”

Neste cenário, os investidores interessados em investir internacionalmente podem aproveitar as dicas dos analistas da Empiricus Research para diversificar sua carteira com ações gringas. Acesse o relatório gratuito aqui e veja 10 BDRs para comprar agora e buscar lucros fora da bolsa brasileira.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.