Bom dia, pessoal. A recuperação do mercado japonês nesta terça-feira (6), com um aumento de mais de 10%, foi acompanhada pela maioria dos ativos asiáticos, embora em menor intensidade. Observamos uma tentativa tímida de ajuste positivo nos Estados Unidos, mas, até o momento, a Europa não conseguiu replicar o mesmo desempenho de recuperação.
Um fator que contribuiu para o impulso nos mercados globais foi a compra de barganha, onde investidores adquiriram ações com grandes descontos, mas que possuem fundamentos sólidos e têm potencial para se beneficiar de taxas de juros mais baixas nos próximos meses.
Hoje (6) há poucos indicadores econômicos relevantes, mas os mercados parecem seguir seu próprio curso, independentemente da economia global real. O Banco do Japão, o Ministério das Finanças japonês e o regulador financeiro do país estão supostamente se reunindo, embora seja difícil prever o resultado desse encontro.
Ontem (5), comentei aqui que o movimento de correção de segunda-feira parecia exagerado, e a recuperação no mercado japonês reforça essa percepção. Agora, resta saber se a recuperação dos ativos de risco ocorrerá rapidamente ou se levará mais tempo para retornar aos níveis anteriores.
A ver…
· 00:52 — Mais resistente que os demais
No Brasil, o resultado positivo do Bradesco (BBDC4) contribuiu para mitigar a queda do Ibovespa, que recuou apenas 0,46% ontem, fechando o dia em 125.270 pontos. Estamos aguardando a divulgação dos resultados do Itaú (ITUB4), prevista para hoje à noite, o que pode trazer novo ânimo aos mercados amanhã. A relativa estabilidade do Brasil em comparação com outros mercados globais pode ser atribuída à baixa exposição dos investidores estrangeiros à Bolsa brasileira. Em grandes ajustes, os ativos de alta liquidez tendem a ser os primeiros a serem vendidos, o que não tem sido o nosso caso.
Ao mesmo tempo, o câmbio recuou das máximas, antecipando a análise da ata do Copom que será digerida ao longo do dia de hoje (a divulgação é logo pela manhã). De acordo com alguns analistas, a redução das posições de “carry trade”, incentivada pela valorização de moedas-refúgio como o iene e o franco suíço, pode ser um dos maiores movimentos desse tipo já registrados, explicando a recente desvalorização do real.
A menor demanda também impactou os preços das commodities, causando perdas nas ações do setor listadas no Ibovespa. Contudo, um possível sinal de rotação setorial poderia beneficiar o mercado brasileiro, que é historicamente mais tradicional e subvalorizado.
Se anteriormente fomos impactados negativamente pela alta dos juros americanos, é razoável esperar que nos beneficiemos da queda dessas taxas.
Além disso, para proteger o real, é essencial que o Banco Central do Brasil mantenha uma postura firme, sem alterar a taxa de juros nos próximos meses. Recentemente, a autoridade monetária anunciou novas diretrizes para reuniões entre seus diretores e agentes do mercado financeiro, com o objetivo de aprimorar sua comunicação. Esse anúncio indica que o Banco Central reconheceu as críticas sobre sua comunicação nos últimos trimestres e está adotando medidas para melhorá-la.
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· 01:49 — Preocupação
Nos EUA, os investidores se viram sem refúgio ontem, uma vez que mercados ao redor do mundo liquidaram ativos de risco. A combinação do enfraquecimento do rali impulsionado pela inteligência artificial, a possibilidade de um conflito em escalada no Oriente Médio e preocupações genuínas sobre a desaceleração do crescimento econômico nos EUA desencadeou uma corrida desenfreada para vender.
O S&P 500 encerrou o dia com uma queda de 3%, com 481 dos seus componentes em declínio.
O Dow Jones Industrial Average caiu 2,6%, enquanto o Nasdaq Composite recuou 3,4%.
O Russell 2000, que vinha liderando a rotação setorial, sofreu uma queda de 3,3%.
No entanto, reafirmo meu argumento de que o mercado está reagindo de maneira exagerada e apenas buscando pretextos para realizar lucros. A recente recuperação é prova disso. A volta do VIX de suas máximas também.
Apesar disso, não podemos deixar de ser vigilantes. A temporada de resultados do segundo trimestre tem sido decepcionante para a euforia em torno da inteligência artificial, pois várias das empresas do grupo Mag 7 conseguiram cumprir as promessas e realizar os gastos com investimentos, mas a monetização ainda parece distante. As aparentemente invencíveis Mag 7 deveriam sustentar os mercados diante da crescente desconfiança na narrativa do pouso suave, mas, em vez disso, sofreram quedas juntamente com a confiança dos investidores.
Hoje (6), teremos a divulgação dos resultados de grandes empresas como Airbnb, Caterpillar, Constellation Energy, Marathon Petroleum, Super Micro Computer, Uber Technologies, Yum! Brands e Zoetis. Esses relatórios serão cruciais para avaliar o impacto das condições econômicas atuais sobre o desempenho financeiro dessas corporações e poderão fornecer uma visão mais clara sobre a direção dos mercados nas próximas semanas.
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· 02:35 — A grande decisão de Kamala Harris
A atual vice-presidente dos EUA e candidata democrata Kamala Harris passou o fim de semana avaliando possíveis companheiros de chapa para vice-presidente, e ela anunciará sua escolha em um comício na terça-feira, na Filadélfia. As especulações políticas estão em alta.
Os principais nomes cogitados são o governador Josh Shapiro, da Pensilvânia, o senador Mark Kelly, do Arizona, e o governador Tim Walz, de Minnesota. Todos os três se encontraram com Harris no domingo.
O favorito parece ser Shapiro, que venceu a crucial Pensilvânia por quase 15 pontos em 2022, e uma pesquisa da Bloomberg News o colocou como altamente preferido entre os democratas de estados indecisos. No entanto, a corrida entre eles ainda está aberta. O nome do seu companheiro de chapa deverá ser anunciado entre hoje e amanhã.
Harris vem crescendo nas pesquisas e tem desafiado o cenário atual de vitória de Trump. Uma coisa é certa: enquanto o debate, o atentado e a convenção republicana favoreceram Trump contra Biden, a substituição de Biden por Kamala trouxe novo fôlego à campanha democrata. Prova disso é que a vice-presidente já garantiu votos suficientes dos delegados democratas para ser a indicada do partido à corrida presidencial dos EUA.
A nomeação deverá ser oficializada na convenção democrata no final do mês. Recentemente, o mercado reagiu rapidamente para precificar um “Trump Trade”. Nos próximos meses, poderemos ver movimentos semelhantes, com a possibilidade de surgimento de um “Harris Trade” caso sua campanha continue ganhando força.
· 03:21 — Medo de recessão reação ao fim do financiamento barato?
Desde a semana passada, observamos um movimento de correção nos mercados, motivado pelo medo de uma possível recessão nos Estados Unidos. No entanto, a intensa volatilidade registrada ontem parece estar mais associada ao desmonte substancial de operações de carry trade do que a uma mudança abrupta nas perspectivas econômicas americanas.
Como já analisado anteriormente, há sinais de uma normalização na economia dos EUA, mas sem evidências de uma recessão iminente, que exigiria dois trimestres consecutivos de queda no PIB e um relatório de payroll negativo. Para ilustrar, o Fed de Atlanta ainda projeta um crescimento de 2,5% para o terceiro trimestre, o que está longe de indicar uma recessão.
Nas operações de carry trade, os investidores tomam dinheiro emprestado em países com baixas taxas de juros, como Japão e Suíça, para aplicar em ativos que oferecem retornos mais elevados em nações como México e Brasil. Recentemente, muitos investidores foram pegos de surpresa por um aumento de 11% no valor do iene, seguido por um aumento nas taxas de juros pelo Banco do Japão.
Esses eventos coincidiram com a divulgação de um relatório de payroll decepcionante na última sexta-feira. No entanto, esse relatório foi afetado por variáveis que não confirmam a probabilidade de uma recessão nos EUA. Portanto, é essencial que o Federal Reserve aja com rapidez, sendo esperado um corte nas taxas de juros já em setembro.
· 04:14 — O Líbano vai entrar em guerra?
As tensões aumentaram após Israel neutralizar líderes do Hezbollah e do Hamas. Ontem, as Forças Armadas de Israel (IDF) realizaram um ataque no sul do Líbano, na região de Ebba, eliminando um dos principais comandantes do Hezbollah, Ali Jamal Aldin Jawad.
De acordo com o governo israelense, essa ação degrada significativamente as capacidades da organização terrorista Hezbollah de promover e realizar atividades terroristas a partir do sul do Líbano contra o norte de Israel. O Hezbollah confirmou a morte, o que representa uma nova escalada em seu conflito com Israel.
Os EUA e o Reino Unido estão enviando recursos militares para a região em resposta às crescentes tensões entre Israel e o Irã, que deve retaliar o assassinato de Ismail Haniyeh em Teerã na semana passada. O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, alertou que a situação pode se deteriorar rapidamente.
Hoje, o cessar-fogo parece mais distante do que nunca, e a grande questão é se a recente escalada levará o Líbano a um conflito direto com Israel. As potências ocidentais estão empenhadas em evitar esse cenário ao máximo, mas a possibilidade existe. Nesse caso, é provável que o preço do petróleo volte a subir.
· 05:03 — Melhor do que o esperado
Na semana passada, o Grupo SBF (SBFG3) divulgou resultados excepcionais para o segundo trimestre de 2024, superando as expectativas do mercado e provocando um aumento de 10% no valor das ações no pregão seguinte.
Esses resultados evidenciam um significativo aumento de margem, sem prejudicar o crescimento, reafirmando a estratégia da empresa de elevar seu lucro líquido e reduzir a alavancagem financeira.
Desde que recomendei as ações em junho deste ano, SBFG3 já valorizou mais de 27%. Portanto, a questão é: a valorização já capturou todo o potencial ou ainda há espaço para valorização?