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Eneva (ENEV3): resultado operacional do 2T24 vem levemente acima do esperado e lucro líquido dispara com efeito não recorrente

Apesar da queda de receita por motivos já sinalizados na prévia operacional, o lucro líquido de Eneva foi beneficiado pela linha de imposto.

Por Ruy Hungria

14 ago 2024, 09:41 - atualizado em 14 ago 2024, 09:49

Imagem de homem com uniforme da Eneva olhando para uma máquina de extração de gás Eneva (ENEV3) Vibra (VBBR3)

Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3) divulgou resultados operacionais do 2T24 levemente acima das expectativas, apesar de um enorme salto no lucro líquido, que foi ajudado por efeitos não caixa e não recorrentes. 

Redução dos despachos termelétricos impactou receita líquida de Eneva

A receita líquida atingiu R$ 1,94 bilhão, queda de 23% na comparação com o 2T23, impactada pela redução dos despachos termelétricos, em um contexto de reservatórios ainda muito elevados e restrições na exportação de energia para a Argentina, em função das enchentes no Rio Grande do Sul que afetaram linhas de transmissão. É importante mencionar que esses impactos já tinham sido sinalizados na prévia.

Esses efeitos foram parcialmente compensados pelos reajustes anuais de receita fixa das termelétricas, pelo ramp-up da usina solar Futura I e pela melhora operacional de Jaguatirica II (que está fora do Sistema Interligado Nacional e não depende da hidrologia para gerar energia).

Bom controle de gastos e menores custos ajudaram Ebitda

Com um bom controle de gastos e menores custos por conta da queda na geração de energia, o Ebitda acabou caindo menos do que a receita, e atingiu R$ 1,07 bilhão. Mesmo com um recuo de 9,9% na comparação anual, o indicador veio ligeiramente acima das expectativas.

Apesar do resultado operacional relativamente em linha, o lucro líquido foi afetado por dois grandes efeitos não recorrentes e sem impacto no caixa. 

Lucro líquido da Eneva mais do que triplicou

O primeiro, um efeito negativo de -R$ 567 milhões no resultado financeiro, em função da variação cambial do arrendamento da FSRU no Hub Sergipe. O segundo, um impacto positivo de R$ 1,4 bilhão na linha de imposto, reflexo da incorporação da Celse no 2T24 que tornou a aquisição da termelétrica dedutível para fins de IR. Com isso, o lucro líquido saltou de R$ 372 milhões no 2T23 para R$ 1,07 bilhão no 2T24. 

Em termos de endividamento, a leve redução do Ebitda fez a alavancagem subir de 4,3x para 4,4x dívida líquida/Ebitda, mas é importante lembrar que o recém anunciado follow-on (oferta de ações) combinado com a incorporação de quatro termelétricas até o fim do ano derrubará essa alavancagem para mais próximo de 3x.

O fluxo de caixa operacional por sua vez melhorou 41% e atingiu R$ 933 milhões, com menor necessidade de capital de giro no trimestre. 

O que achamos do resultado de Eneva?

Apesar de um contexto setorial ainda bastante desfavorável, com baixos níveis de despachos, a companhia apresentou mais uma rodada de resultados resilientes.

Com perspectivas de piora do nível de reservatórios, melhora dos preços de energia e novos ativos entrando em operação, Eneva segue como recomendação de compra em várias carteiras da Empiricus. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.