Ao mesmo tempo em que o Ibovespa tem renovado sua máxima histórica consecutivamente, as expectativas por uma alta na taxa Selic em 2024 crescem entre os analistas e gestores do mercado financeiro.
Segundo o analista Matheus Spiess, da Empiricus, os motivos que reforçam essas projeções de altas na taxa básica de juro brasileira são:
- A ata do Copom mais conservadora;
- As declarações duras de Roberto Campos Neto e Gabriel Galípolo;
- A inflação no limite superior da banda do Banco Central;
- A economia ainda aquecida; e
- O desemprego em níveis historicamente baixos.
“Embora eu acredite que a taxa poderia ser mantida inalterada por mais tempo, a firme postura das autoridades monetárias sugere que seguir outro caminho pode ser prejudicial”, disse Spiess.
Isso porque, como o mercado já precifica uma alta de 150 pontos-base na Selic, uma reversão poderia afetar o câmbio e acionar uma aversão ao risco, em uma “espiral viciosa”, afirmou o analista.
Além disso, “uma alta da Selic ainda em 2024 representa mais cortes na taxa no ano que vem”. Neste sentido, paradoxalmente, não subir a taxa de juro no curtíssimo prazo “pode ser mais negativo do que subir”, explicou Matheus Spiess.
“A recente desvalorização do dólar para cerca de R$ 5,40 não é apenas reflexo do cenário internacional favorável, mas também da postura assertiva do Banco Central. Portanto, adiar o aumento da Selic agora poderia ser mais prejudicial, considerando que o mercado já está precificando essa medida”.
Desta forma, no momento, o mercado está mais preocupado com a recuperação da credibilidade da política monetária local e com a desancoragem das expectativas de inflação do que com eventuais efeitos negativos da alta do juro básico.
Como a possível alta da Selic pode afetar a bolsa brasileira?
Apesar de, historicamente, a alta da Selic diminuir a atratividade da bolsa brasileira, o caso atual pode contrariar a “regra”.
Em primeiro lugar, o possível aumento na taxa já está precificado pelo mercado. Além disso, ele seria pontual e possibilitaria novos cortes em 2025 – o que, no final das contas, é bom para os ativos de risco locais.
Adicionalmente, a bolsa brasileira, mesmo na máxima histórica nominal, segue com diversas ações de qualidade sendo negociadas a preços atrativos – em outras palavras, continua barata.
No relatório em que recomenda as 10 ações mais promissoras para comprar em agosto, a Empiricus destaca que o múltiplo Preço/Lucro estimado para o próximo ano do Ibovespa está quase dois desvios padrão abaixo da média histórica (veja no gráfico abaixo).
Isso significa que apenas o retorno para a média já resultaria em uma “pernada” de alta para o principal índice acionário brasileiro.
E tem mais… Os resultados das empresas brasileiras no segundo trimestre de 2024 (2T24) surpreenderam positivamente, destacou o estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda.
“Para as empresas cíclicas domésticas, ou seja, aquelas sensíveis à atividade local e que tem uma correlação alta com o nível da atividade doméstica, os lucros corporativos têm subido mais de 20%”.
Ou seja, lucros maiores resultam em expansão dos múltiplos. Isto é, o preço justo das ações aumenta para acompanhar a melhora operacional das empresas. Em outras palavras, a bolsa, já barata, pode se mostrar ainda mais barata.
Além disso, a possível continuidade do ciclo de cortes na Selic em 2025 tende a melhorar ainda mais o balanço das empresas, já que menos juros significam menor custo da dívida para as companhias e uma economia mais aquecida.
‘Gringos’ estão voltando para a bolsa brasileira
Mas não é “só” isso. É consenso no mercado de que o Federal Reserve (banco central norte-americano) vai abaixar os juros na reunião de setembro, o que historicamente favorece também os mercados emergentes.
“A renda fixa americana dragou os recursos por conta desse juro em dólar muito alto. Com o juro caindo você pode comprar coisas mais cíclicas, sensíveis aos juros, value investing, mercados emergentes e o dinheiro volta a fluir para as periferias. Principalmente aquelas que ficaram para trás, são muito baratas e são value investing, como é exatamente o caso brasileiro”, avalia Felipe Miranda.
Não por acaso, em julho, pela primeira vez em 2024, o fluxo de investimento estrangeiro na bolsa foi positivo, com saldo de R$ 3 bilhões (veja no gráfico abaixo).
Mas essa pode ser só a “ponta do iceberg”. Como é possível observar no gráfico acima, os R$ 3 bilhões aportados pelos gringos estão longe de ser um número alto na comparação com outros períodos.
Caso a tendência se mantenha, é esperada uma entrada significativa de recursos do exterior na bolsa de valores brasileira. Isso já aconteceu em agosto e, por isso, o Ibovespa tem renovado sua máxima histórica constantemente.
“Estamos chegando aos 35 minutos do primeiro tempo da recuperação dos ativos locais. Não acho que vai ser sem volatilidade, mas acho que a tendência é bem mais positiva agora”, enfatizou Felipe Miranda.
Grátis: veja as 10 ações mais promissoras para comprar agora e poder ‘surfar’ o bom momento da bolsa
Para auxiliar o investidor a encontrar as melhores oportunidades dentre as mais de 400 ações presentes na bolsa de valores brasileira, a Empiricus montou uma carteira com 10 ações – as consideradas mais atrativas para o momento.
Trata-se de um portfólio com ações de diferentes setores selecionadas com “o objetivo de gerar retornos superiores aos principais índices acionários locais, correndo um nível de risco adequado”, destacaram os analistas no relatório em que apresentaram as ações.
Apenas em julho, por exemplo, a carteira valorizou 5,5%, contra 3% do Ibovespa. E tem potencial para – muito – mais. Veja alguns potenciais de alta da carteira:
- Uma holding com preço-alvo 138% acima do de tela;
- Uma varejista que pode subir 30%;
- Uma ação do setor financeiro que pode subir 47%; e
- Outras 7 ações com grande potencial.
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