Os Estados Unidos criaram 142 mil vagas de empregos (não-agrícolas) no mês de agosto. Os dados do relatório payroll, do Departamento de Trabalho, foram aguardados ao longo de toda a semana para medir a temperatura da maior economia global. O resultado divulgado nesta sexta-feira (6), entretanto, veio abaixo da maioria dos consensos do mercado – a mediana da Bloomberg estimava 165 mil novas vagas.
Na visão de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus Research, a principal preocupação do mercado agora será entender se este é um sinal de recessão, “de que a economia esfriou demais”. O dado de payroll abaixo do esperado pode representar um esfriamento acima do que se desejava da economia.
Para a próxima reunião do Federal Reserve, o banco central dos EUA, é praticamente certo que haverá um corte de juros. “O tamanho da redução do Fed é o que vai definir [a temperatura do mercado]. Em cortes passados, o Ibovespa e o S&P 500 reagiram bem com cortes de desaceleração sem recessão, na casa dos 25 bps (abreviação de pontos-base). Se houver uma redução maior, de 50 bps, os índices tendem a cair”, explica Miranda.
2024 está atrasado? Previsões econômicas ainda não se concretizaram
Em bate-papo no Morning Call do BTG, Miranda e o apresentador, Jerson Zanlonrenzi, falaram sobre o que este resultado do payroll de agosto poderia significar.
Para o analista da Empiricus, 2024 deveria ter começado como o primeiro ano pós-pandemia, não em um sentido sanitário, mas de que a economia poderia dar passos mais previsíveis. “Agora parece que aquele ano que era previsto de começar em janeiro está começando agora em setembro”, comenta.
Segundo Miranda, as esperanças é de que o cenário atual evolua para um “gold locks”, ou “cachinhos dourados”. A analogia ao conto simboliza um mercado nem muito frio, nem muito quente.
Para mais orientações sobre isso, líderes do Fed devem discursar ainda hoje (6) e na próxima semana para mais orientações de política monetária.
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China e commodities, Europa e IA: como estão os mercados globais
Ainda de olho no exterior, Miranda aponta que os investidores globais precisam “sair dessa ideia de que só a IA importa”. A crítica do estrategista se direciona para as empresas associadas à inteligência artificial com ativos no índice Nasdaq, que acumula queda de 3% nesta semana. Para o analista, a Europa tem sofrido com esse direcionamento, pois os ativos foram deixados de lado em troca das Big Techs.
Além disso, no Oriente, a China tem apresentado uma desaceleração econômica que pode ser positiva. O analista enxerga que a relutância do país em dar bons estímulos financeiros, enquanto o preço das commodities está em queda, pode significar uma boa janela de investimentos.
“Não me parece que no curto prazo vai haver uma explosão de juros na China ou uma crise imobiliária que arraste o setor financeiro, o que era temido pelo mercado”, completa.
Bolsa deve ter final de ano melhor que em 2023
Para o analista, os últimos meses de 2024 deverão ser melhores do que os do ano anterior para a bolsa de valores.
“O investidor vai ter que conviver com instabilidade, mas acho que ainda temos ações muito baratas de muita qualidade e ainda com esse vento muito favorável – a queda de juros lá fora”, celebra Miranda.
No aguardo dos balanços das empresas do terceiro trimestre (3T24), o analista acredita que as empresas devem refletir essa dinâmica mais fortalecida, com o PIB crescendo perto de 3% ao ano e o Ibovespa em sua máxima histórica.
“Acho que agora temos que ficar de olho no comportamento de curva de juros no exterior, o que vai determinar comportamento do câmbio e que podemos esperar do Copom”, complementa o estrategista-chefe da Empiricus Research.
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