Investimentos

Duas grandes forças impedem a deterioração da bolsa brasileira, afirma Felipe Miranda – descubra quais

Em sua análise, o estrategista-chefe da Empiricus Research acredita que dois fatores estão segurando a bolsa de cair ainda mais. Entenda.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

10 set 2024, 14:27 - atualizado em 10 set 2024, 14:27

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Imagem: iStock/ ajijchan

A tecla de que a “bolsa está barata” já foi batida muitas vezes. O Ibovespa negocia hoje próximo a 8x o preço sobre lucro, bem abaixo da sua média histórica superior a 11x. Na visão de Felipe Miranda, fundador e estrategista-chefe da Empiricus Research, “felizmente, há duas grandes forças impedindo uma deterioração maior dos mercados brasileiros.”

O que impede o Ibovespa de piorar?

Miranda relembra que já afirmou muitas vezes que o preço das ações na bolsa de valores brasileira atualmente parece descontado. Apesar do índice ter chegado a máximas históricas recentemente (137 mil pontos), o analista aponta que caso fosse feita uma correção em relação ao câmbio e inflação, ficaria evidente que o índice Ibovespa poderia estar muito mais valorizado do que está hoje. 

Enquanto isso, Miranda enxerga que o mercado ainda poderia correr o risco de cair mais, se não fosse por dois fatores fundamentais. 

O primeiro deles é a perspectiva de redução das taxas de juros nos países desenvolvidos. “Cerca de 80% dos principais Bancos Centrais do mundo se preparam para flexibilizar suas políticas públicas neste ano”, comenta, calculando que o orçamento norte-americano deverá ver uma queda de cerca de 2% da taxa básica para encontrar a neutralidade. “Se há mesmo risco de recessão, então o juro básico deveria ir além do neutro.”

Com as taxas de juros altas do Federal Reserve desde 2022, o mercado não quis mais olhar para ativos além da renda fixa em dólar. “Se o bond do JP Morgan paga 7% em dólar, não tem por que levantar do sofá”, comenta. 

Portanto, esse afrouxamento mundial é interessante para os ativos de países emergentes, como o Brasil.

As circunstâncias, entretanto, parecem apontar que o Copom deve voltar a apertar a taxa Selic, indo “na contramão do mundo”. 

“Isso contrata aumento substancial do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, o que deveria apreciar nossa moeda, dado o carry mais atrativo – numa conta de padaria, se a Selic for 12% aqui e a Fed Funds Rate vier a 4%, estamos falando de uma diferença de 8 pontos percentuais. Não é pouca coisa”, anima o estrategista. 

A apreciação cambial esperada, somada à queda das commodities, segundo Miranda, sugere inflação de bens devidamente comportada. “Com o petróleo Brent fraquejando e diante de eventual valorização do real, podemos flertar com a queda dos combustíveis ali na frente”, adiciona. 

“Armadilha de valor”

A segunda grande força que impede uma desvalorização maior das ações, na opinião do analista, está atrelado à deterioração macroeconômica e sistêmica do valuation das empresas e aos lucros corporativos. 

“Todos nós estamos cansados dessa conversa de ‘a Bolsa está barata’. O grande medo é de que o suposto value investing seja, na verdade, um enorme value trap”, observa. A armadilha de valor, segundo ele, condenaria o barato a ficar ainda mais barato.

De olho na linha do tempo do mercado brasileiro, contudo, Miranda acredita que estamos diante em uma situação diferente das demais históricas de Bolsa barata. “Agora, os múltiplos são bastante baixos e os lucros sobem cerca de 15%. Então, o múltiplo que estamos vendo agora de 8x é, na verdade, 6x ou 7x logo ali na frente”, avalia.

Corte de juros do Fed realmente ajuda a bolsa brasileira?

Para Miranda, é provável que sim, mas não necessariamente este será um catalisador para um grande fluxo de capital estrangeiro no Ibovespa. Na comparação, ele aponta que, entre os demais mercados, o Brasil se destaca como um dos mais interessantes para investir. Porém, pontua: “Não há garantia nenhuma de que, só porque os demais emergentes passam por situação difícil, o Brasil haverá de se destacar. Ser o melhor entre os piores talvez não seja suficiente.

Apesar disso, ele acredita que essa queda de juros nos EUA deve estimular o investidor estrangeiro a olhar para opções na periferia. “Pode não ser um caso de fluxo indiscriminado para cá. Mas também não podemos ignorar que temos aqui boas empresas, com sólidos históricos de crescimento, bons managements e vantagens comparativas estruturais”, comenta, otimista. 

Para ele, o mercado ainda terá “bastante volatilidade, choro e ranger de dentes”. A partir daí, o mercado pode aguardar o Fed e os valuations muito baratos com lucros crescendo como uma ponte até 2026. 

De olho neste cenário, a equipe de analistas da Empiricus Research identificou uma ação que se beneficia com a alta da Selic, está barata e paga bons dividendos. Para conhecer essa ação, é só acessar este relatório gratuito com a “sortuda” e mais 4 ativos selecionados para buscar proventos.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.