O debate presidencial americano entre Kamala Harris e Donald Trump nesta terça-feira (10) foi marcado por uma postura mais firme do que esperada por parte da candidata democrata, enquanto o republicano manteve uma postura essencialmente defensiva. O evento foi organizado e televisionado pela emissora ABC News.
Debate Kamala X Trump: impactos na economia
Este foi o primeiro encontro dos candidatos à presidência dos Estados Unidos desde o início da campanha de Harris, que assumiu o lugar do atual presidente Joe Biden na corrida eleitoral.
Para além da política, muito se especula sobre os impactos que o evento poderia causar nos investimentos internacionais – e se poderiam também ecoar no mercado brasileiro.
O head de análise da Empiricus Gestão, João Piccioni, afirma que não vê o debate influenciando de sobremaneira os ativos de risco.
“Me parece que os efeitos provenientes dos indicadores econômicos, inflação em especial, deverão repercutir mais intensamente”, diz Piccioni.
Apesar disso, o especialista acredita que alguns segmentos específicos, como de energia e criptomoedas, podem ter alguns abalos após uma possível guinada de votos em direção à Harris.
“Lá fora, os efeitos sobre o setor de energia renovável parecem ser mais claros, dada a possibilidade da continuidade da política do Biden [de subsídios aos projetos de energia limpa]. As criptomoedas, neste primeiro momento, podem sofrer, dada a leitura mais simplista de que o Trump é um ‘padrinho’do segmento”, adiciona Piccioni.
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Kamala supera Trump em debate: para onde isso leva o dólar?
Parece ser um consenso no noticiário do dia: se não foi um empate, Kamala teve um desempenho melhor do que Donald Trump no debate. Isso se deu especialmente pela postura irônica da candidata, que colocou o republicano na defensiva e o fez recorrer para teorias conspiracionistas, sendo corrigido ao vivo pelos mediadores da emissora.
O desempenho da democrata, contrapõe Piccioni, não deve ter um efeito claro em termos de câmbio. “Nos últimos pregões, o real brasileiro se desvalorizou bastante, ao mesmo passo das commodities, desconstruindo um pouco a ideia de que o movimento deveria advir do debate”, comenta.
Na sua visão, os verdadeiros efeitos de um avanço de Harris na corrida eleitoral – que diminuiu a diferença nas pesquisas consideravelmente em relação a Biden – deverão aparecer em um prazo mais prolongado.
Sobre as políticas de Harris, o analista acredita que a vice-presidente deve seguir a dinâmica de Biden e do partido democrata como um todo. “As propostas assistencialistas, em sua maioria, foram adotadas durante o governo do Biden. O que não conseguimos enxergar é essa dinâmica de aliados e parcerias. Só sabemos que continuarão duros contra a China”, aponta.
Por fim, o especialista pontua que ainda temos muitas incertezas se acumulando.
“Difícil distinguir, entre as propostas de ambos, quão favorável serão as políticas para os países emergentes. Por ora, minha impressão é que ambos guardam bastante protecionismo e não têm políticas externas claras. Mas me parece que o fortalecimento do dólar é uma bandeira mais democrata, dada a atuação vocal do Trump [republicano] reforçando a ideia de que a moeda americana precisaria se desvalorizar”, conclui Piccioni.
Neste ritmo, vale ao investidor fazer uma boa seleção de investimentos internacionais que sejam promissores no contexto. No link a seguir, é possível acessar um relatório gratuito com 10 ações estrangeiras bem avaliadas pelos analistas da Empiricus Research para capturar lucros dolarizados. Veja aqui.