Day One

A afirmação seguinte é verdadeira, e a anterior é falsa

No início da semana, o Focus – que andava dormente em relação à Selic – trouxe um salto repentino de 10,50% para 11,25% ao final de 2024.

Por Rodolfo Amstalden

11 set 2024, 16:09 - atualizado em 11 set 2024, 16:09

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Imagem: iStock/ gesrey

No início da semana, o Focus – que andava dormente em relação à Selic – trouxe um salto repentino de 10,50% para 11,25% ao final de 2024.

Na média, três reuniões do Copom entre setembro e dezembro, três potenciais altas de 25 bps.

Logo depois, o IPCA de agosto acusou deflação de -0,02%, recuando para 4,24% no acumulado de 12 meses.

Brasil não é para amadores…

… ou seria o contrário?

Investir aqui é tão difícil que talvez estejamos em um dos raros mercados do mundo em que o diferencial dos tubarões sobre os sardinhas se mostra quase desprezível face a tantos passeios aleatórios.

Fato é que, tudo o mais constante, essa ligeira deflação de IPCA divulgada ontem (10) deixou parte dos profissionais com medo.

Por um lado, ela não foi forte o suficiente para cravar uma tendência mais convincente de desinflação no Brasil.

Por outro, pode fazer o Copom “dependente de dados” pensar duas vezes antes de elevar a taxa Selic já em 18 de setembro.

Essas situações limítrofes a partir de indicadores específicos não são fruto de mera coincidência; elas derivam naturalmente do paradoxo atual em que se encontra o Banco Central brasileiro.

Se ele apertar a Selic a priori, talvez a função reação lhe mostre a posteriori que ele não precisava ter apertado a Selic.

Já se ele não apertar a Selic a priori, provavelmente a função reação lhe mostrará a posteriori que ele precisava ter apertado a Selic.

Sim, eu sei que parece uma situação estranha, contraditória em si mesma. 

Inclusive, há um ramo da lógica e das artes especificamente interessado em estudar essa família de situações, chamadas tecnicamente de strange loops (*).

Desde o paradoxo do barbeiro até o teorema de Gödel, as escadas de Escher ou os cânones-enigma de Bach, a espécie humana vem reunindo evidências de que podemos transcender a nós mesmos por meio da autorreferência.

O próprio Darth Vader, ao pronunciar sua frase mais célebre, impressiona Luke Skywalker justamente por lhe demonstrar que o bem nasce do mal, que nasce do bem, que nasce do mal – e, para a sorte dos royalties de George Lucas, isso garante uma sequência infinita de novos episódios da franquia Star Wars.

Bem, que isso tudo sirva de inspiração para o Copom fazer a coisa certa na quarta-feira que vem (18), ciente de que os caminhos paradoxais também podem levar até um final feliz, ou não.

A “Relatividade” de Escher: Selic vai cair porque vai subir, ou vai subir porque vai cair?

(*) O leitor mais interessado pode se aprofundar no tema por meio do livro clássico de Hofstadter.

P.S.: No dia 24 de setembro, o Market Makers vai trazer três grandes investidores para falar sobre as ações com maior potencial de crescimento da Bolsa brasileira. Evento online e gratuito, mas com vagas limitadas. Se quiser garantir sua cadeira, siga este atalho privilegiado.

Sobre o autor

Rodolfo Amstalden

Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.

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