Ontem (11), as empresas de tecnologia retomaram seu papel de protagonistas no mercado financeiro, liderando a recuperação das bolsas globais, mesmo após a divulgação de um relatório de inflação ao consumidor nos EUA com resultados ligeiramente acima das expectativas. Na manhã de hoje (12), os mercados globais mantêm a trajetória de alta, impulsionados pela expectativa de um corte na taxa de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) na Zona do Euro.
A medida deve reduzir os custos de empréstimos de curto prazo aos menores níveis desde o final de 2022. Além do aguardado corte de juros, a coletiva de imprensa de Christine Lagarde, presidente do BCE, está no foco das atenções. Simultaneamente, o mercado de commodities registra elevações, reforçando o clima de otimismo no cenário internacional.
A ver…
· 00:54 — Concluindo uma saga
No Brasil, o Ibovespa seguiu o movimento positivo dos mercados globais e encerrou o dia com uma alta de 0,27%. Esse avanço foi impulsionado pela reação dos investidores aos dados de inflação dos Estados Unidos e pelas expectativas em torno da próxima decisão do Federal Reserve.
No cenário doméstico, o destaque ficou por conta do setor de serviços, que registrou um crescimento de 1,2% em julho, superando as expectativas e reforçando o ritmo de recuperação do PIB observado no segundo semestre. No entanto, mantenho a previsão de uma elevação mais moderada de 25 pontos-base na Selic na próxima reunião do Banco Central, alinhada à comunicação recente da autoridade monetária, descartando um aumento de 50 pontos.
Hoje, os olhares se voltam para os dados de vendas no varejo referentes a julho. Contudo, o grande foco foi a conclusão do prolongado debate sobre a desoneração da folha de pagamento, uma verdadeira saga que nos atormentou por muito meses. A Câmara dos Deputados aprovou o projeto na noite de ontem, com medidas para compensar o impacto fiscal. A votação foi finalizada faltando apenas três minutos para o prazo final estabelecido pelo STF. No entanto, a análise dos destaques do projeto se prolongou madrugada adentro, levando a Advocacia-Geral da União (AGU) a solicitar uma prorrogação de três dias para a conclusão. Antes tarde do que nunca.
Apesar desse avanço, os desafios fiscais permanecem no radar, especialmente após o Tribunal de Contas da União alertar sobre o risco de o governo utilizar o limite inferior da meta fiscal como parâmetro para o resultado primário. O apoio do governo ao presidente da Câmara, Arthur Lira, na escolha de Hugo Motta para sua sucessão deverá acelerar as negociações no Congresso, permitindo maior celeridade na tramitação das pautas econômicas prioritárias.
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· 01:43 — 25 pontos e não se fala mais nisso
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações encerraram o dia em suas máximas, após uma sessão intensa de negociações marcada pela divulgação dos mais recentes dados de preços ao consumidor. O mercado foi impulsionado principalmente pelas ações de tecnologia, que voltaram a disparar em meio a uma onda de otimismo em torno da inteligência artificial (IA).
Quanto aos dados de inflação, o núcleo — que exclui itens mais voláteis — apresentou uma alta ligeiramente acima do esperado, registrando 0,3% na comparação mensal, frente aos 0,2% projetados. Esses números indicam que o Federal Reserve deverá realizar cortes nos juros ao longo do ano, embora reduções de 25 pontos-base pareçam suficientes para acompanhar a inflação.
Hoje, a atenção se volta para o índice de preços ao produtor, com uma expectativa de alta de 0,2%, o que deve elevar a inflação anual medida por esse indicador de 2,4% para 2,5%. Já o índice geral também deve registrar um aumento de 0,2%, mas com uma desaceleração na base anual, caindo de 2,2% para 1,8%. Esses dados serão cruciais para moldar as expectativas sobre os próximos passos da política monetária.
· 02:35 — O impulso tecnológico
Na Ásia, os índices de ações não apresentaram o mesmo desempenho positivo observado ontem no Ocidente, embora as empresas de semicondutores tenham ajudado a impulsionar alguns mercados. Ainda assim, as preocupações com a economia chinesa continuaram a pesar sobre o sentimento dos investidores. No setor de tecnologia, a Nvidia (NVDC34) teve um destaque notável, com suas ações subindo mais de 8% após o CEO, Jensen Huang, afirmar que a alta demanda por seus produtos, somada à oferta limitada, tem gerado frustração entre os clientes e intensificado as tensões no mercado.
A escassez de chips é uma questão séria — benéfica para a Nvidia, mas preocupante para o restante do mundo. Além disso, o governo dos EUA está considerando permitir que a Nvidia exporte chips avançados para a Arábia Saudita, o que ampliaria ainda mais o alcance da empresa. Essas foram sem dúvida notícias positivas para o setor de tecnologia. O humor positivo pode voltar hoje.
· 03:28 — Movimento antecipado
O Banco Central Europeu (BCE) deve anunciar hoje (12) sua decisão sobre política monetária, e a expectativa é que a instituição reduza sua taxa de juros de curto prazo em 0,25 ponto percentual, levando-a a 3,5%, o menor nível desde 2022. Esse movimento dá continuidade ao ciclo de cortes iniciado em junho, em resposta ao fraco crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro. Novos cortes podem ocorrer nos próximos meses, dependendo tanto do ritmo de cortes adotado pelo Federal Reserve (Fed) quanto dos indicadores de atividade econômica na região.
Se haverá ou não mais cortes de juros, será um dos principais pontos abordados pela presidente do BCE, Christine Lagarde, em sua coletiva de imprensa, que deve fornecer maiores detalhes sobre os próximos passos da política monetária. Alguns analistas já antecipam um novo corte em dezembro, seguido de reduções trimestrais ao longo de 2025. Enquanto isso, o euro está se aproximando de seu nível mais baixo em quatro meses, apesar de ainda ser a segunda moeda com melhor desempenho entre as do G-10 neste ano.
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· 04:19 — A questão da deflação
Hoje, fomos surpreendidos por uma reportagem da Bloomberg que revelou os planos da China para reduzir as taxas de juros sobre hipotecas, em um mercado que movimenta mais de US$ 5 trilhões no país. Essa medida tem como objetivo revitalizar o setor imobiliário, que vem enfrentando dificuldades nos últimos anos devido à saturação. Como era de se esperar, a notícia trouxe um novo fôlego ao mercado de commodities. No entanto, apesar do otimismo inicial, ainda é cedo para avaliar o real impacto dessas ações. Tenho minhas dúvidas sobre a profundidade dessas intervenções.
Recentemente, participei de um evento sobre a China com autoridades locais, onde foram mencionados apenas pontos positivos, sem qualquer menção às dificuldades econômicas. Rodolfo, da Empiricus, chegou a brincar que esqueceram de falar sobre a deflação. É um reflexo comum de eventos muito institucionais, que tendem a projetar uma visão mais otimista do que a realidade.
De forma mais precisa, a China está, de fato, enfrentando um cenário de deflação. A inflação ao consumidor está no ritmo mais lento dos últimos três anos, e os preços ao produtor estão em deflação desde o final de 2022. O deflator do PIB, uma métrica mais ampla de preços, vem caindo há cinco trimestres consecutivos, e essa tendência deve continuar até 2025. Isso sugere que focar apenas no crescimento do PIB real pode mascarar aspectos importantes.
No último trimestre, o crescimento real foi de 4,7%, em linha com a meta do governo de “cerca de 5%” para o ano. Contudo, o PIB nominal, que ganha maior relevância em um ambiente deflacionário, cresceu apenas 3,97% ano a ano. Essa fraqueza tem gerado apelos crescentes dos investidores por uma flexibilização monetária mais ampla, e a redução das taxas de juros sobre hipotecas representa o primeiro passo nesse caminho.
· 05:01 — Reflexo dos juros nos fundos imobiliários
As discussões sobre a possível elevação da taxa Selic têm dominado o cenário econômico, inclusive no universo dos fundos imobiliários. Como já conversamos, comentários recentes do Banco Central, particularmente de Gabriel Galípolo, atual diretor de política monetária e futuro presidente da instituição, levaram o mercado a antecipar uma série de aumentos nos juros, com algumas projeções apontando que a Selic pode alcançar até 12% ao ano.
Embora eu acredite que dois ajustes de 25 pontos possam ser suficientes, o debate sobre esse tema tem gerado grande interesse, principalmente por conta dos impactos potenciais sobre os FIIs.