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Selic retorna a 10,75% ao ano: quando podemos esperar nova queda da taxa de juro?

Analista da Empiricus Research aponta quando a taxa Selic pode retornar ao ciclo de cortes. Confira a data estimada.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

19 set 2024, 13:27 - atualizado em 19 set 2024, 13:27

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Imagem: iStock/ Rmcarvalho

Nesta quarta-feira (18), dois grandes eventos econômicos se concretizaram. Primeiramente, o Federal Reserve cortou a taxa de juro americana em 50 pontos-base para a faixa entre 4,75% e 5,00% ao ano. No Brasil, por sua vez, a decisão do Copom foi de uma alta na Selic de 25 pontos-base, para 10,75% a.a. 

Em um cenário fiscal incerto e inflação sem um rumo definido, agora existe uma grande questão para o Banco Central do Brasil: quando a taxa Selic pode voltar a cair?

Taxa Selic deve voltar ao ciclo de cortes no próximo ano

Após a decisão de alta da Selic, o BC adotou um tom “hawkish” (contracionista). Segundo o analista de macroeconomia da Empiricus Research, Matheus Spiess, o ritmo e a intensidade dos próximos ajustes na taxa de juros vão depender da evolução da inflação.

“A sugestão de que a economia doméstica está crescendo acima de seu potencial já era amplamente esperada, especialmente após o forte crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre”, comenta Spiess. 

Na visão do analista, é preciso que haja desaceleração econômica e normalização inflacionária, com uma “piora do mercado de trabalho”, para que a taxa Selic volte a cair. 

No cenário atual, com o corte de juros no exterior e alta no Brasil, o analista acredita que será possível ver cortes na Selic em meados de 2025.

“Se houver corte de gastos a partir de agora até o final do ano, podemos voltar a cortar juros no começo do terceiro trimestre do ano que vem, ou até no final do segundo trimestre”, avalia Spiess. 

Quanto a Selic pode subir em 2024?

Em uma visão menos contracionista adotada por boa parte dos agentes de mercado, o analista calcula que a taxa Selic em 2024 deve encerrar com mais duas altas de 25 pontos-base, a 11,25%. 

“Com isso, o BC ganha tempo enquanto a economia local desacelera, a inflação converge e o Fed ajusta sua política monetária. Embora o aumento da Selic e o tom agressivo possam ajudar a valorizar o real, o compromisso com a disciplina fiscal continua sendo fundamental para sustentar essa apreciação”, pondera Spiess. 

Ademais, a decisão por unanimidade dos dirigentes do Copom é positiva, segundo o analista. “Esse alinhamento é crucial para a manutenção da credibilidade, especialmente no contexto de transição de liderança no BC, de Roberto Campos Neto para Gabriel Galípolo”, completa. 

Neste ritmo altista, uma das classes de investimentos mais queridas do mercado volta a brilhar: a renda fixa. De olho nisso, os analistas da Empiricus selecionaram uma carteira de títulos que podem calibrar as carteiras com a alta da Selic. Confira os títulos premium de renda fixa indicados neste relatório gratuito. 

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.