Investimentos

‘Desempenho do mercado não está tão ligado às eleições nos EUA’: João Piccioni, da Empiricus, revela expectativas para novo presidente americano

Gestor entende que alguns segmentos podem se beneficiar, mas cenário geral é favorável

Por João Escovar

27 set 2024, 14:00

kamala trump

(Montagem Seu Dinheiro / Divulgação Casa Branca)

Nada de portfólio desenhado para cada um dos cenários. Para João Piccioni, CIO (Chief Investment Officer) da Empiricus Gestão, o resultado das eleições presidenciais americanas não será um fator determinante para a performance dos ativos globais.

“Não vejo muitas diferenças entre os cenários em que Donald Trump ou Kamala Harris vençam as eleições. O desempenho do mercado, na minha visão, está muito mais ligado ao crescimento econômico e à política monetária americana”, sintetizou o gestor.

Isso não quer dizer que uma vitória republicana ou democrata seja insignificante para o investidor. Na ótica de Piccioni, alguns segmentos da economia podem se beneficiar mais ou menos de cada governo, mas, de maneira geral, o cenário é de otimismo para o mercado americano como um todo.

“Estamos dentro de uma década favorável para a inovação. A busca por novas fronteiras, especialmente em tecnologia, está ganhando cada vez mais tração. Teremos suporte monetário do Fed, com redução das taxas de juros. E qualquer um dos governos devem estimular a economia – cada um à sua maneira”, resume.

João Piccioni será um dos participantes do fórum Eleições Americanas: o futuro em jogo e debaterá as perspectivas para o dólar, as ações americanas e outros ativos internacionais.

O evento, promovido pelo Market Makers e pelo Seu Dinheiro, ocorre entre os dias 15 e 17 de outubro de maneira online e os ingressos são gratuitos. Para participar, basta fazer sua pré-inscrição neste link.

Para antecipar as ideias que serão trazidas no fórum, conversamos com Piccioni sobre quais são os setores e ativos que podem se beneficiar em cada governo hipotético.

Tecnologia ou petróleo: quem sai ganhando em cada cenário

Na opinião de Piccioni, os dois possíveis governos tendem a estimular a economia americana: os democratas por meio do aumento de gastos e distribuição de dinheiro; os republicanos pelo corte nos impostos.

Enquanto uma vitória democrata, portanto, representaria um pouco a manutenção do status quo na economia, uma redução de tributos com Trump poderia estimular brutalmente a atividade.

“Mesmo que implique na deterioração das expectativas fiscais, Trump pode beneficiar empresas relacionadas ao ciclo doméstico, que geralmente pagam alta tributação… deve impulsionar a indústria de óleo e gás, derrubando preços e enfraquecendo o dólar, já que os EUA são exportadores hoje”, analisa.

Outro estímulo previsto por Piccioni para o governo Trump é a flexibilização de regras do setor financeiro, o que poderia beneficiar bancos regionais americanos, grandes propulsores da economia local.

No caso dos democratas, a tendência é a de que se mantenham as diretrizes vigentes, sem estímulos para o segmento de óleo e gás e com uma grande avenida para as empresas de tecnologia.

“Apesar de algumas diferenças, ambos adotam uma filosofia de ‘America First’, internalizando investimentos e priorizando a corrida pelos semicondutores.

Trump ou Kamala: quem fortalece o dólar?

Embora a postura democrata possa trazer uma inflação um pouco maior, Piccioni discorda que isso possa vir a enfraquecer a moeda americana.

“De maneira geral, os democratas emitem muitos dólares, mas diluem esta inflação globalmente e dão poder de compra para os americanos. Mesmo com os juros altos, eles tendem a manter o dólar forte”.

No caso de Trump, a expectativa do gestor é distinta. “Os republicanos aceitam desvalorizar o dólar, tomando um pouco mais de risco para melhorar a competitividade”. O próprio estímulo à redução dos custos do setor de óleo e gás é exemplo disso.

‘Me parece que Trump é melhor para o Brasil’: como republicano pode estimular o fluxo de capital para mercados emergentes

Essa possível desvalorização do dólar seria benéfica para os países emergentes, entre eles o Brasil, na visão de Piccioni.

Além da questão cambial em si, o gestor vê Trump como um presidente que estimula o investidor a tomar risco. Além disso, a mudança do status quo propício para tecnologia pode evitar que as gigantes da Nasdaq sigam “sugando” o capital dos mercados globais.

“Me parece que Trump é melhor para os mercados emergentes. Não os rivais dos EUA, como a China, mas países como o Brasil”.

Internamente, empresas brasileiras também podem ganhar mais ou menos com cada governo. Exportadoras, como Weg e Embraer, se beneficiariam de um dólar mais forte com os democratas. Já companhias expostas ao mercado americano, como a Gerdau, ganhariam com Trump.

Tudo isso, claro, desconsiderando os riscos fiscais e monetários internos do Brasil.

E o Bitcoin? Trump é entusiasta, mas Kamala deve ceder

Uma classe de ativos que a cada ciclo eleitoral ganha mais relevância são as criptomoedas. E ao que tudo indica, uma vitória de Trump deve não só impulsionar o Bitcoin, como alçar os Estados Unidos à posição de protagonista no mercado de ativos digitais.

“Trump vai estimular as criptomoedas, fala inclusive em ter partes das reservas americanas em Bitcoin. Os democratas são mais duros, mas a Kamala sabe que não pode atacar uma classe de ativos vinculada ao eleitorado mais jovem, no qual tem vantagem”, resume Piccioni.

Além disso, ele comenta um possível efeito colateral da vitória de Trump que pode beneficiar o Bitcoin.

“Trump é visto como uma figura que traz maior risco geopolítico, o que pode estimular os investidores a migrarem para ativos alternativos”.

Quem é João Piccioni?

João Luiz Piccioni Junior é gestor de fundos e analista de investimentos. Engenheiro e administrador de empresas de formação, possui MBA e mestrado na área de finanças.

Com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, está desde 2017 no grupo Empiricus, onde atuou como analista especializado em mercados internacionals e posteriormente head de análise.

Atualmente, é o CIO da Empiricus Gestão, asset pertencente ao BTG Pactual e responsável por fundos de investimento das mais diversas categorias, bem como produtos de previdência e ETFs.

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Retire seu ingresso para o evento ‘Eleições Americanas – o futuro em jogo’

Como já explicamos, Piccioni é um dos convidados para o evento Eleições americanas – o futuro em jogo. Promovido pelo Market Makers, um dos principais hubs de conteúdo financeiro do país, e pelo portal Seu Dinheiro, o evento online e gratuito conta com apoio da Empiricus Gestão.

O evento contará com três painéis entre os dias 15 e 17 de outubro e, além das perspectivas para o dólar e ativos americanos, falará de geopolítica e dos impactos do pleito no Brasil. Confira os convidados já confirmados:

  • Marcos Troyjo (diplomata e ex-presidente do BRICS)
  • Roberto Dumas Damas (mestre em Economia e consultor de cenários econômicos)
  • Andrew Reider (CIO da WHG e especialista em ações globais)
  • João Luiz Piccioni Junior (CIO da Empiricus Gestão)
  • Lucas Josa (Especialista em criptoativos da Mynt)

Para receber o acesso ao evento em seu e-mail, basta clicar no link abaixo e seguir as instruções

Sobre o autor

João Escovar

Jornalista formado pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduado em Finanças.

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