Investimentos

‘Brasil não é tão ruim como está precificado’, diz Felipe Miranda após atualização de nota de crédito da Moody’s

A atualização na nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco foi questionada por analistas do mercado em meio a cenário contraditório. Leia mais.

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

03 out 2024, 10:37 - atualizado em 03 out 2024, 10:37

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Imagem: iStock/ ewg3D

O Brasil está há uma nota de distância do chamado grau de investimento, segundo a Moody’s. Na última terça-feira (1º), a agência de classificação de risco elevou a nota de crédito soberano do país de Ba2 para Ba1. 

A nota de grau de investimento é relevante pois posiciona uma instituição ou país como um porto de investimentos seguro.

Rating do Brasil na Moody’s tem fraco impacto na bolsa

“O upgrade do rating brasileiro é uma boa notícia, que ainda serve para critérios de investimentos e mostra que o Brasil não é tão ruim como está precificado agora”, comenta Felipe Miranda, CEO da Empiricus Research. 

Apesar disso, o analista acredita que essa notícia não deve gerar tanto impacto no mercado. No último pregão, desta quarta-feira (2), o Ibovespa registrou uma alta discreta de 0,77%, sendo pouco influenciado pela atualização de crédito da Moody’s. 

“[A nota] tem um impacto bastante marginal e surpreendente porque a política fiscal brasileira piorou em credibilidade. O país, de fato, fez muitas reformas institucionais nos últimos anos e está crescendo mais do que o esperado, mas a qualidade da política fiscal tem sido muito duvidosa”, afirma Felipe. 

PIB e balança comercial impulsionam melhora de crédito 

Segundo o relatório da Moody’s, a melhora no cenário de crédito brasileiro se deve ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e ao fortalecimento da balança comercial. Ademais, a reforma tributária recente e outras medidas institucionais também devem manter o crescimento no longo prazo, acompanhado de um ambiente de negócios melhor. 

Na visão do analista de macroeconomia da Empiricus Research, Matheus Spiess, este upgrade teria sido coerente com as promessas iniciais do novo arcabouço fiscal, mas não com a sua implementação atual.

“A Moody’s desafiou o pessimismo generalizado do mercado em relação à situação fiscal, mantendo a perspectiva positiva. Isso indica que o Brasil pode receber um novo upgrade nos próximos 12 a 18 meses, caso continue no rumo atual”, avalia o analista.

Credibilidade das agências de ratings está em xeque?

Apesar disso, ambos os especialistas apontam que a decisão da Moody’s pode ser questionada. 

Spiess considera que a nova avaliação é controversa. Desde a crise de 2008, recapitula o analista, agências como a Moody’s e o Fitch Group são criticadas por serem “lagging indicators” (indicadores tardios), que reagem a eventos já passados. 

“Como essa elevação na nota ocorre em um momento em que há sinais claros de deterioração nas contas públicas, a decisão é ainda mais surpreendente”, afirma o analista.

“As agências de ratings estão com uma confiabilidade muito dúbia, com os grandes investments rates com grande dificuldade fiscal”, aponta Miranda, e completa: “Essa atualização diz mais sobre as agências do que sobre o Brasil”.

Enquanto isso, na análise de Felipe Miranda, esse cenário econômico faz com que a bolsa brasileira fique precificada abaixo de seu potencial. Por isso, aqueles investidores que se posicionarem “na baixa” podem ter a chance de capturar bons rendimentos mais para frente. 

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Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.

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