Em setembro, aconteceu o evento mais esperado do ano pelos mercados, o início do ciclo de corte nos juros americanos.
Graças a esse movimento, as bolsas ao redor do mundo valorizaram. E, depois de chegar a máxima histórica em agosto, acreditava-se que a queda de juros nos EUA traria mais fôlego para o Ibovespa. Mas não foi o que aconteceu. Em setembro, a bolsa brasileira fechou em queda de -3,08%.
Diante do cenário negativo do Ibovespa no mês passado, muitos investidores podem ter começado outubro com um sentimento mais pessimista.
Contudo, Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, faz o seguinte alerta: existe muito “barulho” nos mercados neste momento e o investidor precisa estar atento, pois ainda há “potencial para a bolsa andar”.
A bolsa brasileira perdeu o ‘timing’? Não é bem assim…
Segundo a analista, o resultado ruim dos ativos de risco brasileiros em setembro está ligado a dois fatores:
- A perda de credibilidade da política fiscal; e
- Uma “tempestade perfeita para inflação”, que ocasionou no aumento da Selic.
Em entrevista ao programa Onde Investir de outubro, produzido pelo Seu Dinheiro, Larissa apontou que o clima seco influenciou a inflação do país.
Desde o mês passado, as secas estão afetando parte das áreas plantadas, o que puxou para cima o preço dos alimentos. Além disso, a falta de chuvas também foi responsável pela redução da disponibilidade de energia elétrica, levando a um aumento das tarifas em setembro e outubro, que atualmente estão na bandeira vermelha.
Segundo Quaresma, esses fatores aumentaram a “pressão altista” sobre a inflação. Mas apesar dos contratempos, o PIB brasileiro continuou crescendo acima do potencial.
Quando isso acontece, ocorre o que os especialistas chamam de crescimento inflacionário. Isto é, um crescimento acima da produtividade que, portanto, acaba pressionando os preços.
Em outras palavras, significa que a economia brasileira está crescendo por conta da inflação e não por atividade econômica. Nesse sentido, a analista aponta que a alta da Selic em setembro era um ajuste necessário.
Outro fator que pesou sobre a bolsa brasileira foi a questão fiscal. No final de setembro, o governo divulgou o relatório bimestral de receitas e despesas, que surpreendeu negativamente os mercados.
No período, o governo apresentou gastos extraordinários da ordem de R$ 40 bilhões. Em contrapartida, o bloqueio de despesas foi bem abaixo do previsto.
Esperava-se um bloqueio de R$ 5 a R$ 10 bilhões com despesas discricionárias (não obrigatórias), já que os gastos obrigatórios superaram a projeção. Porém, não foi isso que aconteceu.
Em agosto, o governo realizou um bloqueio de apenas R$ 2,1 bilhões e, ao mesmo tempo, reverteu a zero os R$ 3,8 bilhões contingenciados em julho.
Ou seja, na prática, houve um descongelamento de R$ 1,7 bilhão, o que gerou uma perda de credibilidade fiscal que impactou a bolsa.
Na visão da analista, a perda de credibilidade com relação à política fiscal foi a principal causa para a disparada dos juros futuros.
Assim, por conta desses fatores, o prêmio de risco para investir no Brasil permaneceu praticamente no mesmo patamar, apesar da queda do Ibovespa em setembro.
Em outras palavras, isso significa que “a bolsa ficou mais barata ainda”, pontua Quaresma. Ou seja, para o investidor que acredita que os ativos de risco brasileiros perderam a oportunidade de entrar no rali de fim de ano, a analista aponta que o cenário de outubro pode ser mais positivo do que setembro.
‘Vejo potencial para a nossa bolsa andar’
Segundo a analista, além dos fatores que pressionaram a bolsa brasileira no mês passado, é importante lembrar que o Ibovespa atingiu a máxima histórica em agosto. Logo, uma correção não é motivo para desespero.
Além disso, ela enxerga gatilhos positivos para a retomada dos ativos de risco. O primeiro deles ainda está ligado aos juros americanos.
Ela explica que, embora a bolsa não tenha performado bem após o corte feito pelo Fed, “o ciclo [de flexibilização monetária] é mais importante que uma decisão específica”.
Larissa aponta ainda que o processo de mudança nas carteiras dos investidores é algo que tende a acontecer gradualmente. Ou seja, a inclusão de ativos de risco nos portfólios deve continuar acontecendo nos próximos meses, à medida que o Fed reduz a taxa de juros americana. Esse movimento ainda pode ser aproveitado pela bolsa brasileira.
Ela também acrescenta que o patamar de 132 mil pontos do Ibovespa já precifica a questão fiscal e a alta da Selic, além disso, o índice negocia a um múltiplo de Preço/Lucro de 9,5x, que é um desvio padrão abaixo da média.
Assim, diante de uma ativos de risco baratos e com pouco espaço para desvalorizações, “vejo potencial para nossa bolsa andar”, afirmou a analista.
Por outro lado, ela destaca que da parte do Brasil, é necessário o mínimo de ajuste fiscal para que a bolsa consiga surfar essa onda. Nesse sentido, a casa fez algumas mudanças na Carteira 10 Ideias.
Onde investir em outubro: veja as 10 ações recomendadas pela Empiricus
Para outubro, ela decidiu manter 85% da carteira focada em economia doméstica. Além disso, diante da alta da Selic, ela foi ainda mais seletiva quanto à alavancagem das empresas. E você pode ter acesso à esta carteira completa, de forma gratuita.
Durante a sua participação no Onde Investir, Larissa disponibilizou um link para os investidores interessados em conhecer as recomendações de onde investir em outubro da Empiricus Research.
No material, a analista explica com mais detalhes o que está em jogo para a bolsa brasileira este mês e revela as 10 ações mais recomendadas, bem como suas respectivas teses.
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