Mais uma temporada de divulgação de balanços corporativos está por vir. Nesta semana, grandes bancos americanos estreiam o calendário dos resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24) e, em novembro, é a vez das empresas brasileiras reportarem seus números.
Com a chegada da temporada, Felipe Miranda, CIO da Empiricus Research, e Jerson Zanlorenzi, analista do BTG Pactual, trazem, no Morning Call desta quinta (10), algumas percepções sobre o que esperar, de forma geral, das companhias.
Big techs: o que esperar dos resultados do 3T24?
Para Zanlorenzi, a tendência nesta temporada é o mercado ser bastante exigente com os balanços divulgados pelas empresas internacionais. “Elas vêm com resultados e guidances cada vez mais altos. O sarrafo parece que subiu”, avalia.
Nesse sentido, Miranda cita Nvidia (NVDA34), que, no 2T24, divulgou números melhores que o esperado, mas os investidores não se contentaram. “Foi até curioso, porque ela soltou um bom resultado, superou expectativas e mesmo assim a ação derreteu. Parece que foi algo do tipo ‘superou, mas não superou tanto'”, conta.
Na visão do analista, essa dinâmica pode se repetir na temporada do terceiro trimestre. “Mas o mercado aprende. A temporada passada é uma proxy de que as coisas estão boas, estão construtivas, mas não significa que a empresa vai superar a superação da expectativa. Foi uma boa lição”.
Por outro lado, ele lembra que, depois de uma primeira reação negativa do mercado, as ações de Nvidia voltaram a subir e bateram novos recordes.
“E agora, há uma grande expectativa em relação à Nvidia Blackwell, sobre a qual tudo que se fala é superior ao que se falava antes”. Apenas para contextualizar, essa é a nova microarquitetura de GPU da Nvidia, anunciada em março de 2024. Ela representa um importante avanço na computação acelerada e em aplicações de inteligência artificial (IA).
Vale a pena investir?
De forma geral, Miranda diz estar construtivo com os balanços das big techs: “Os lucros estão saudáveis, estão crescendo, e os valuations não são propriamente baratos, mas, mesmo com big techs, quando você faz o gráfico correlacionando o preço da ação com o lucro, essas coisas estão andando meio juntas. Até o lucro sobe um pouquinho mais em janelas longas”.
Dessa forma, o especialista acredita que é confortável investir no índice S&P 500, mesmo não sendo necessariamente barato agora: “O S&P 500 é o melhor ativo do mundo, então raras as vezes você vai comprar isso barato, mas não é pelo preço, é pela qualidade que ele tem”.
E as empresas brasileiras no 3T24?
Miranda relembra o investidor de que o 2T24 já trouxe resultados muito bons das companhias locais e que, inclusive, foi um gatilho importante para a Bolsa. “Vimos as ações caminharem muito bem até meados de setembro, até porque o crescimento do lucro das empresas deveria fazer preço”, afirma.
Para a temporada do 3T24, o analista acredita que a “foto” do momento das empresas ainda seja boa: “Os balanços estão saudáveis, as empresas estão em bons momentos”.
Ele também elogia as prévias operacionais já divulgadas por algumas empresas. Como exemplo, ele cita Tenda (TEND3) e Cyrela (CYRE3).
“Tenda tem recorde histórico de lançamento, parece estar ajustando a rota, e Cyrela também divulgou uma prévia super forte, fez R$ 2,5 bilhões de vendas e negociando abaixo de 5x lucros para o ano que vem. É um nome premium negociado muito barato”.
Por fim, Miranda reforça que o gatilho que pode impulsionar a Bolsa pode vir a qualquer momento e de diferentes frentes. “Você não sabe de onde vem o trigger, mas pode vir dos resultados trimestrais, de uma reunião com a Febraban… E se você tivesse o trigger claro, o preço já seria outro também”.
Inclusive, o analista-chefe da Empiricus Research liberou gratuitamente a lista de 10 ações brasileiras que não podem faltar na sua carteira de outubro. Para saber quais são, acesse por aqui.