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PIB da China cresce e mercados europeus acordam otimistas; confira os destaques desta sexta-feira (18)

Os mercados asiáticos fecharam em alta após a divulgação do PIB da China, enquanto as bolsas europeias começam a sexta-feira (18) otimistas,

Por Matheus Spiess

18 out 2024, 09:02 - atualizado em 18 out 2024, 09:04

crescimento bolsa investimentos simulador

Imagem: iStock/ Cristina Gaidau

Os mercados asiáticos fecharam em alta após a divulgação do PIB da China, que registrou um crescimento de 4,6%, superando as expectativas e trazendo otimismo aos investidores. Além do resultado econômico positivo, o Banco Popular da China (autoridade monetária chinesa) anunciou novos estímulos para que bancos estatais concedam empréstimos destinados à recompra de ações por empresas e grandes acionistas.

Cada nova medida de estímulo em meio ao cenário econômico desafiador da China tem ajudado a alimentar o ânimo dos investidores, o que também oferece algum suporte às commodities. Pelo menos, uma notícia positiva para o mercado.

O sentimento otimista se espalhou para os mercados europeus, que operam em alta nesta manhã. Essa tendência foi reforçada pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar as taxas de juros pela terceira vez neste ano, após a inflação da região cair para abaixo de 2% pela primeira vez desde 2021, conforme mencionei ontem. A redução dos juros visa dar suporte à economia instável da zona do euro, e vários membros do BCE indicaram que estão dispostos a promover novos cortes em dezembro, uma perspectiva que favorece as ações na região.

Os futuros americanos também apresentam alta, refletindo os dados econômicos positivos divulgados na quinta-feira e a atual temporada de resultados corporativos. A Netflix, por exemplo, superou as expectativas do mercado e suas ações estão subindo no *pre-market* desta manhã, configurando um cenário animador para o setor de tecnologia. Além disso, o anúncio de cortes de pessoal na Meta também trouxe uma reação positiva dos investidores, contribuindo para o otimismo geral no mercado.

A ver…

· 00:55 — O fiscal não sai da cabeça do mercado (e nem deve)

No Brasil, a política fiscal continua a ser o principal foco dos investidores. Recentemente, declarações do presidente contrastaram com a postura adotada anteriormente em encontros com líderes do setor financeiro, como a Febraban, onde havia um aparente compromisso com o controle de gastos. Sua recente afirmação de que “não importa o quanto custa” reacendeu as preocupações, reforçando a desconfiança do mercado sobre o comprometimento do governo em realizar uma reforma fiscal estrutural para estabilizar a dívida pública.

Como consequência, o Ibovespa voltou a cair, rompendo a marca de 131 mil pontos, enquanto os leilões de títulos do Tesouro, especialmente da NTN-F, registraram as maiores taxas do ano, atingindo 13% ao ano. Esse é um sinal preocupante, indicando uma trajetória insustentável no longo prazo. Quem conseguirá pagar tanto assim por tanto tempo?

Em meio a essa instabilidade, o governo tem buscado novas fontes de receita (para variar um pouco), embora algumas propostas pareçam polêmicas ou pouco viáveis. Um exemplo é a ideia de utilizar saldos esquecidos em contas bancárias para reforçar o caixa, com a expectativa de gerar mais de R$ 14 bilhões, uma medida sem recorrência (a receita vem uma vez só).

Outra proposta é a criação de um imposto mínimo para milionários, que se alinha a um modelo tributário mais progressivo, mas enfrenta dificuldades para obter apoio suficiente — poderia arrecadar cerca de R$ 20 bilhões, mas ainda seria insuficiente para compensar a perda de mais de R$ 40 bilhões decorrente da expansão da isenção de IR para rendas de até R$ 5 mil. O cenário revela uma clara falta de criatividade e ousadia nas soluções fiscais propostas pelo governo. Sem cortes reais e estruturais nos gastos públicos, é improvável que o país consiga alcançar qualquer progresso significativo na estabilização fiscal.

· 01:41 — Um mercado forte

Nos EUA, a temporada de resultados corporativos continua a surpreender positivamente. Após o sólido desempenho da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), que fabrica os chips mais avançados do mundo, foi a vez da Netflix divulgar um lucro acima das expectativas e uma perspectiva otimista para o futuro. A empresa agora conta com 283 milhões de assinantes globalmente. Como resultado, suas ações subiram 6% no *pre-market*, acumulando uma valorização de mais de 46% no ano. Esses resultados reforçam um clima de otimismo para as empresas de tecnologia nesta temporada de balanços, como tenho ressaltado aqui há algum tempo.

Mais nomes corporativos reportam resultados hoje, como American Express, Fifth Third Bancorp, e P&G. Ao mesmo tempo, a economia americana demonstra sinais de afastamento do risco de recessão, apoiada por dados que continuam a indicar um cenário robusto. As vendas no varejo em setembro aumentaram 0,4% em relação ao mês anterior, superando as previsões dos economistas e bem acima do ganho de 0,1% registrado em agosto. Além disso, os pedidos iniciais de auxílio-desemprego chegaram a 241 mil, abaixo das estimativas de 262 mil. Esse otimismo no cenário econômico impulsionou mais um dia de fechamento recorde para o Dow Jones Industrial Average.

· 02:36 — E o fiscal americano?

Como venho destacando, a economia é a principal preocupação dos eleitores na eleição presidencial de novembro, e o resultado definirá o rumo econômico dos EUA, pois Donald Trump e Kamala Harris estão disputando com agendas políticas distintas que, se implementadas, terão consequências macroeconômicas significativamente diferentes.

Após abordar diversos temas polêmicos nos últimos dias, chegamos ao aspecto fiscal, onde nenhum dos candidatos apresentou um plano concreto para corrigir a trajetória crescente da dívida, que já alcança US$ 35,7 trilhões. Embora Trump e Harris tenham visões radicalmente diferentes sobre impostos e gastos, é provável que os déficits aumentem na próxima década, independentemente de quem vencer a eleição. Isso ocorre em um contexto em que a dívida do governo deve ultrapassar em breve 120% do PIB, e os déficits orçamentários superam 6% do PIB.

Ambos os candidatos provavelmente prorrogarão os cortes de impostos estabelecidos em 2017, que expiram em dezembro de 2025. A principal diferença entre suas abordagens é que Trump tende a aumentar os gastos gerais sem contrapartidas em termos de aumento de impostos, o que pode levar o déficit a crescer substancialmente, possivelmente para a faixa de 8% a 10% nos próximos 10 anos, colocando os EUA em uma trajetória fiscal ainda mais insustentável.

Harris, por sua vez, também pretende estender a maioria dos cortes de impostos, mas planeja compensar parte deles com alíquotas mais altas para indivíduos de alta renda. Ainda assim, ambos os candidatos devem ampliar os déficits. Estimativas indicam que Trump adicionaria cerca de US$ 15 trilhões à dívida nacional, enquanto as de Harris cerca de US$ 8 trilhões.

Um Congresso dividido, por sua vez, provavelmente limitará a capacidade de aprovar aumentos de impostos e expansões de gastos que não estejam relacionados à defesa, o que pode impor alguma contenção a ambos os candidatos em suas ambições fiscais.

· 03:24 — Um sinal de que o conflito pode estar chegando ao fim?

Israel confirmou que neutralizou Yahya Sinwar, líder do grupo terrorista Hamas. Considerado o mentor dos terríveis ataques de 7 de outubro, que resultaram na morte de 1.200 israelenses e na captura de centenas de reféns levados para Gaza, Sinwar era o principal alvo das forças israelenses há mais de um ano. A eliminação de Sinwar representa uma importante vitória militar para Israel. Ele estava supostamente coordenando as operações militares do Hamas enquanto permanecia escondido e também exercia a função de líder político do grupo após a neutralização de Ismail Haniyeh, ocorrida em julho no Irã.

Agora, os Estados Unidos esperam que esse acontecimento possa incentivar Israel a moderar sua resposta em Gaza, abrindo caminho para um possível fim do conflito que começou no final do ano passado. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que esse evento representa o “começo do fim”, embora tenha ressaltado que as operações militares continuarão. A possibilidade de redução das tensões resultante dessa operação fez com que o preço do petróleo caísse nesta manhã. Além disso, projeções recentes indicam que uma possível flexibilização na restrição de oferta pela Arábia Saudita poderia reduzir significativamente o preço do petróleo, enfraquecendo ainda mais a commodity.

· 04:12 — Melhor do que o esperado

A economia chinesa apresentou sinais encorajadores em setembro, com a produção industrial registrando um crescimento de 5,4%, superando as expectativas dos analistas, que previam um aumento de 4,6%. As vendas no varejo também surpreenderam positivamente, avançando 3,2%, acima da estimativa de 2,5%. 

Complementando esse cenário otimista, o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 4,6% no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Embora esse resultado represente uma leve desaceleração em relação ao crescimento de 4,7% do segundo trimestre, ainda superou a projeção de 4,5%. Dentro da própria janela, o PIB aumentou 0,9% entre julho e setembro, indicando uma aceleração em comparação ao avanço de 0,7% registrado entre abril e junho.

Esses indicadores sugerem que os recentes estímulos econômicos estão começando a surtir efeito, apontando para um possível início de recuperação. No entanto, é fundamental acompanhar de perto a continuidade dessa tendência positiva. Minha esperança é que, apesar dos resultados animadores, o governo chinês continue comprometido em implementar novos estímulos para garantir um crescimento econômico sustentado no longo prazo. Seria ótimo para as commodities.

· 05:09 — E tem bons sinais por aqui também…

Tenho comentado bastante sobre o início promissor da temporada de resultados nos EUA e acredito que o otimismo também deve se estender ao mercado brasileiro. Já observamos alguns sinais positivos, como a prévia da Vale, que gerou entusiasmo entre os investidores, e os resultados preliminares da Direcional, que mostraram um desempenho sólido, destacando o bom momento nas vendas e na geração de caixa da empresa. As ações da Direcional acumularam alta superior a 40% desde que as recomendei neste espaço, o que nos leva à pergunta: ainda há espaço para mais?

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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