Investimentos

Estados Unidos gastou mais com juros da dívida do que com defesa: o que isso tem a ver com a alta do ouro?

O descontrole fiscal dos Estados Unidos com os juros da dívida pública estão impulsionando a alta do ouro; entenda a relação com o ativo

Camila Paim Figueiredo Jornalista

Por Camila Paim

22 out 2024, 11:04 - atualizado em 22 out 2024, 11:04

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Imagem: iStock/ claffra

Pela primeira vez na história americana, os gastos do governo dos Estados Unidos com os juros da dívida ultrapassaram as despesas da Defesa. Este marco aponta um momento crítico para a potência econômica que mundialmente é reconhecida como uma das que mais investem no setor. 

“Esses gastos com juros da dívida americana não apenas superam os gastos com Defesa, mas também ultrapassam as despesas com Segurança de Renda, Saúde, Benefícios para Veteranos e Medicare”, contextualiza Matheus Spiess, analista de macroeconomia da Empiricus Research.

Juros aumentam e ouro acompanha – entenda a relação entre as medidas

Segundo dados recentes do governo americano, os gastos com os juros podem estar beirando o US$ 1,3 trilhão (R$ 7,42 na cotação desta manhã) – o que deve acontecer mesmo com a manutenção dos cortes das taxas de juros pelo Federal Reserve

Para medida de comparação, o maior item de despesa do governo dos EUA atual é a Previdência Social, que exige aproximadamente US$ 1,5 trilhão por ano.

“Se essa tendência se mantiver, os gastos com juros podem superar os da Previdência Social nos próximos meses e se tornarem o maior componente do orçamento federal”, escreve Spiess em sua coluna no portal de notícias parceiro do site da Empiricus. 

Nesse contexto de incerteza fiscal e inflação subindo, o mercado global vem observando uma alta valorização do ouro

“Quando a credibilidade do dólar, a principal moeda de reserva global, é colocada em questão devido a uma gestão fiscal deficitária, investidores e governos buscam alternativas mais seguras para suas reservas, como os metais preciosos (ouro e prata, por exemplo)”, explica o analista. 

O valor do ouro, segundo Spiess, neste contexto, compete diretamente com os títulos do Tesouro dos EUA pelo status de “porto seguro”.

Ouro continua renovando recordes enquanto EUA não tem previsão de sanar dívidas

É improvável que os Estados Unidos optem por um calote na dívida, defende o analista. Contudo, o aumento da precaução ao risco em uma das maiores economias globais impulsiona outros ativos que são vistos como “seguros”. 

“Como consequência, o preço do ouro ultrapassou US$ 2.700 por onça-troy (oz), um recorde histórico que supera os picos anteriores de US$ 2.000/oz em 2020 e US$ 1.900/oz em 2011”, recapitula o analista.

Enquanto isso, as eleições presidenciais parecem pressionar ainda mais a economia, ao passo que nenhum dos dois candidatos apresenta propostas concretas para reduzir o endividamento.”

Nem Donald Trump, nem Kamala Harris têm plano concreto para reduzir endividamento. ”Estima-se que um governo Trump adicionaria cerca de US$ 15 trilhões à dívida, enquanto um governo Harris poderia aumentar a dívida em aproximadamente US$ 8 trilhões”, informa o analista. 

Além disso, ambos os candidatos  sinalizam a intenção de manter os cortes de impostos de 2017 (que expiram ao final de 2025), mas sugerem uma tendência de déficits crescentes para a próxima década.

Dívida americana em números

O aprofundamento da dívida dos EUA aconteceu nos anos de 2021 e 2022, sob o efeito da pandemia do coronavírus. Nesse período, a emergência sanitária levou o país a registrar déficits alarmantes, atingindo picos de 18% do PIB, “o que gerou uma pressão para reduzir os gastos excessivos e buscar um reequilíbrio fiscal”, comenta Spiess.

Entretanto, ao invés de balancear os valores, a média móvel de seis meses dos gastos federais permaneceu em níveis historicamente altos, em relação aos picos da crise. Atualmente:

  • O déficit orçamentário (diferença entre o que o governo arrecada e o que gasta) permanece acima de 6% do PIB;
  • A dívida nacional chegou a US$ 35,77 trilhões e deve ultrapassar US$ 36 trilhões antes das eleições de novembro;
  • As taxas das Treasuries de 10 anos ultrapassaram a marca de 4,10%,

Com todos esses fatores, o ouro continua sendo impulsionado pela instabilidade econômica do território do dólar.

Para aqueles que se interessarem, neste cenário, em buscar lucros com investimentos em ouro, o analista de mercado internacional da Empiricus Research, Enzo Pacheco, preparou um curso gratuito para ensinar em detalhes como usar o metal precioso para proteger os seus investimentos em tempos de crises econômicas. 

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Camila Paim Figueiredo Jornalista

Sobre o autor

Camila Paim

Jornalista formada na Universidade de São Paulo (USP), com mobilidade acadêmica na Université Lumière Lyon 2 (França). Trabalhou com redação de jornalismo econômico e mercado financeiro, webdesign e redes sociais, além de escrever sobre gastronomia e literatura.