Bom dia, pessoal. As próximas semanas prometem ser bem mais movimentadas do que os últimos dias. Teremos a retomada das atividades políticas em Brasília, de forma mais incisiva, após o segundo turno das eleições, além de importantes eventos no cenário internacional, como as eleições nos Estados Unidos, a divulgação de dados de emprego e de atividade norte-americanos e reuniões de política monetária no Brasil e lá fora. O final de outubro e o início de novembro deverão ser agitados, trazendo potencial para uma mudança positiva no humor do mercado local.
Enquanto isso, as bolsas de valores encerraram a sexta-feira em alta, refletindo um certo otimismo. No Japão, há uma expectativa elevada para as eleições parlamentares que acontecerão no domingo, convocadas pelo recém-empossado primeiro-ministro, Shigeru Ishiba.
Na Europa, os mercados operaram de forma mista, acumulando perdas na semana, principalmente devido aos resultados abaixo do esperado de empresas do setor automotivo.
Já os futuros americanos registraram alta, à espera da divulgação de novos dados de sentimento do consumidor, que incluirão a leitura das expectativas de inflação.
Uma expectativa inflacionária maior poderia aumentar a pressão sobre os juros nos Estados Unidos, fator que vem impactando diretamente o mercado brasileiro, dada a correlação inversa observada recentemente.
A ver…
· 00:55 — Por quanto tempo o alívio pode durar?
Com a agenda econômica pouco movimentada, as atenções estão voltadas para as aguardadas medidas de revisão de gastos prometidas pelo governo, que devem ser anunciadas após as eleições municipais deste domingo.
Ontem, declarações de Fernando Haddad e Roberto Campos Neto em Washington trouxeram um certo alívio aos investidores, mas, embora haja uma expectativa de melhora, o mercado anseia por uma concretização das promessas.
A falta de clareza e a ausência de um plano crível geram desconforto, e, até o momento, tudo o que resta é esperar, assim como o próprio Banco Central, que aguarda os anúncios da equipe econômica para ajustar a dinâmica fiscal. Apesar de temporário, esse clima de alívio permitiu ao Ibovespa recuperar o patamar dos 130 mil pontos.
Nem mesmo o IPCA-15 de outubro acima do esperado foi suficiente para abalar os mercados. O indicador apontou uma aceleração mensal de 0,13% para 0,54%, impulsionada por fatores como a alta nos preços dos alimentos, o reajuste da bandeira tarifária de energia elétrica, o fim gradual da deflação nos combustíveis e uma retomada de alta em bens industriais e serviços essenciais, resultando em um acumulado de 4,47% em 12 meses.
O dado também apresentou uma piora qualitativa, com uma dispersão inflacionária superior a 76%, indicando uma disseminação mais ampla dos aumentos de preços na cesta de consumo.
A situação ressalta a urgência de um aperto monetário mais agressivo para evitar o descumprimento do teto da meta de inflação, que é de 4,5%. Diante desse cenário, é cada vez mais provável uma elevação de 50 pontos-base na taxa de juros na próxima reunião do Banco Central.
· 01:43 — Protagonismo
Embora o cenário fiscal brasileiro apresente desafios, há motivos para otimismo em outras frentes. O crescimento econômico do país tem mostrado resultados positivos, ainda que parte desse impulso venha de gastos públicos que levantam preocupações sobre a sustentabilidade a longo prazo.
O mercado de trabalho se mantém robusto, colhendo os benefícios das reformas trabalhistas implementadas durante o governo de Michel Temer. Além disso, a balança comercial do Brasil passou por uma melhora estrutural, o que fortalece a economia.
Outro ponto positivo é a narrativa favorável ao Brasil em temas que são hoje o centro das atenções no desenvolvimento global, como a transição energética. O país já ocupa uma posição de destaque nas discussões sobre mudanças climáticas e tem potencial para se alavancar em seus abundantes recursos naturais, atraindo mais investimentos em um contexto de crescente instabilidade geopolítica.
Esse potencial de liderança foi um dos temas abordados na conferência “New Economy at B20” da Bloomberg, realizada em São Paulo nesta semana.
O Brasil se diferencia por ter mais de 90% de sua matriz elétrica composta por fontes renováveis, o que abre caminho para a produção de uma ampla gama de produtos, desde aço e hidrogênio verde até a alimentação de data centers cruciais para o avanço tecnológico.
Tornar-se um destino atrativo para investimentos é essencial, especialmente considerando a escassez de financiamento para nações em desenvolvimento — atualmente, apenas 7% do financiamento climático é destinado a mercados emergentes.
Se o Brasil conseguir atrair uma parcela maior desse financiamento pode se tornar um protagonista global em diversas áreas.
O país, por exemplo, tem o potencial de se estabelecer como um hub para data centers, especialmente porque está cada vez mais difícil encontrar fontes de energia limpa e confiável em outras partes do mundo.
Portanto, apesar dos desafios fiscais de curto prazo, o Brasil tem diante de si uma oportunidade para se posicionar como um líder global em setores estratégicos, aproveitando suas vantagens naturais e sustentáveis para atrair investimentos e promover um crescimento mais robusto.
· 02:39 — Liderou o dia
Nos Estados Unidos, a Tesla dominou os mercados na quinta-feira (24), como previsto. As ações da fabricante de veículos elétricos dispararam 22% após divulgar resultados trimestrais superiores às expectativas e uma previsão otimista para as entregas em 2025.
Com isso, o Nasdaq Composite, onde a Tesla é a sétima maior ação, subiu 0,8%, enquanto o Dow Jones Industrial Average registrou leve queda.
O movimento positivo permitiu que a companhia de Elon Musk recuperasse todas as perdas acumuladas em 2024, adicionando cerca de US$ 150 bilhões ao seu valor de mercado em um único dia. Esse foi o maior aumento de valor de mercado diário para as ações da Tesla e o maior ganho percentual desde 9 de maio de 2013.
Para ilustrar a magnitude do crescimento, a valorização de mercado da Tesla em apenas um dia superou o valor combinado de mercado das gigantes General Motors, Ford Motor e Stellantis. Após esse impacto significativo, a sexta-feira aparenta ter perdido um pouco de fôlego em termos de resultados corporativos, com menos empresas de destaque divulgando seus números. Assim, a atenção do mercado deve se voltar para o relatório de bens duráveis de setembro e os dados de sentimento do consumidor, com este último ganhando especial relevância para os investidores.
· 03:28 — Corrida apertada
Quando os americanos forem às urnas em 5 de novembro, eles escolherão mais do que apenas o próximo presidente. As eleições também determinarão o controle sobre disputas cruciais para a Câmara dos Deputados, o Senado e cargos de governador, decidindo qual partido poderá apoiar ou bloquear a agenda do futuro presidente.
No Senado, por exemplo, os democratas estão em uma posição defensiva, enquanto os republicanos precisam ganhar apenas duas cadeiras — ou uma cadeira, caso conquistem também a Casa Branca (com o voto de desempate do vice-presidente) — para assumirem o controle da casa. Embora 34 cadeiras estejam em disputa, o equilíbrio de poder provavelmente será decidido em apenas nove estados-chave: Michigan, Ohio, Pensilvânia, Wisconsin, Arizona, Nevada, Montana, Nebraska e Texas. A expectativa é de que os republicanos consigam virar o Senado a seu favor.
Na Câmara dos Deputados, o cenário é um pouco diferente. O controle dependerá de 27 disputas altamente competitivas. Aqui, os republicanos estão na defensiva, mas podem manter a maioria se conseguirem vencer em 12 dessas 27 disputas acirradas. Estados como Califórnia, onde quatro republicanos defendem cadeiras em distritos que votaram em Joe Biden em 2020, e Nova York e Nova Jersey, onde ambos os partidos lutam pelo controle dos subúrbios, serão os principais campos de batalha.
Como o cenário-base é de Congresso dividido, independente de quem seja o presidente, os democratas devem reconquistar a casa legislativa, mas há mais chance dos republicanos conseguirem levar as duas juntos do que os democratas.
Além disso, 11 estados também terão eleições para governador, acrescentando mais uma camada de disputa política significativa. Ou seja, enquanto a atenção principal está voltada para a corrida entre Donald Trump e Kamala Harris pela presidência, essas disputas legislativas serão cruciais para definir qual partido terá o controle do Congresso e das governadorias pelos próximos dois anos. Importante para o mercado.
· 04:16 — Nervoso
A maioria das ações asiáticas teve um desempenho estável nesta sexta-feira, refletindo a falta de novos impulsos que pudessem guiar os investidores.
O destaque negativo ficou por conta do mercado japonês, onde as ações caíram de forma mais acentuada em meio à apreensão antes de uma eleição geral marcada para o fim de semana.
Pesquisas de veículos de mídia locais indicam que a coalizão governante, liderada pelo Partido Liberal Democrata (LDP), que é o partido que mais tempo governou o Japão, pode enfrentar dificuldades para garantir a maioria absoluta, possivelmente precisando formar alianças com partidos regionais menores.
Além do cenário eleitoral, o sentimento em relação ao Japão foi afetado por crescentes preocupações sobre uma possível intervenção do governo no mercado de câmbio, à medida que o iene se aproxima das mínimas de três meses. Repetidos avisos sobre essa intervenção pressionaram ainda mais o clima de negócios.
Para colocar lenha na fogueira, o índice de preços ao consumidor para a região de Tóquio em outubro veio abaixo das expectativas, enfraquecendo o iene. Uma inflação mais baixa reduz a necessidade de altas adicionais na taxa de juros, o que torna a moeda menos atraente em comparação com o dólar, contribuindo para sua depreciação.
· 05:04 — Um terceiro trimestre aceitável
Na noite de ontem, a Vale (VALE3) divulgou um lucro líquido atribuível aos acionistas de US$ 2,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024, superando as expectativas do mercado, embora tenha representado uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior. Como resultado, suas ações ADR listadas em Nova York estão em alta no pre-market desta manhã. Dado o peso significativo da Vale no índice, esse movimento deve gerar impacto sistêmico no mercado brasileiro. Após a valorização observada em setembro, impulsionada pela expectativa de novos estímulos na China, os papéis da companhia desaceleraram, levantando a questão: vale a pena manter Vale na carteira?
Minha avaliação é de que a Vale…