Investimentos

Alphabet (GOGL34) reporta receita 15% maior, com alta demanda por IA e serviços de nuvem; é hora de comprar ações?

O resultado trimestral da Alphabet (GOGL34), dona do Google, foi puxado especialmente pela receita de computação em nuvem.

Por Enzo Pacheco, CFA

30 out 2024, 08:43 - atualizado em 30 out 2024, 08:43

google cloud gogl34 alphabet

Imagem: iStock/ hapabapa

A Alphabet (B3: GOGL34 | Nasdaq: GOOGL), dona do Google, divulgou os seus balanços do terceiro trimestre de 2024 nesta terça-feira (29), após o encerramento do pregão regular. Os números vieram acima das expectativas dos analistas, graças principalmente à boa performance do segmento de computação em nuvem.

Nos três meses encerrados em setembro, a receita da Alphabet reportada foi de US$88,268 bilhões, um aumento de 15,1% (+16%, desconsiderando variação cambial) em relação ao 3T23. 

A receita da parte de publicidade da Alphabet foi de US$65,854 bilhões, valor 10,4% maior na comparação anual.

Receitas do Google Search, Services e Cloud

Os destaques de crescimento dessa parte do negócio foram o Google Search, que engloba a sua ferramenta de busca homônima, com receita de US$49,385 bilhões (+12,2% vs. 3T23), e os anúncios no YouTube, com vendas de US$8,921 bilhões (+12,2% vs. 3T23).

Já a receita com assinaturas, plataformas e dispositivos reportou receita de US$10,656 bilhões (+27,8% vs. 3T23), fazendo com que a parte do Google Services encerrasse o trimestre com vendas de US$76,510 bilhões (+12,5%).

Entretanto, a grande avenida de crescimento do negócio tem sido o Google Cloud. No trimestre, a receita desse segmento totalizou US$11,353 bilhões, crescimento de quase 35% na comparação anual,  por conta do aumento da Google Cloud Platform (GCP) em infraestrutura de Inteligência Artificial, Soluções de IA Generativa e outros produtos-chave do GCP.

O lucro operacional no trimestre somou US$28,521 bilhões, aumento de 33,6% ante o mesmo período do ano passado e o equivalente a uma margem de 32,3% (+4,5 pontos percentuais vs. 3T23).

Crescimento da Alphabet é puxado por computação em nuvem

Essa melhora significativa nos resultados operacionais veio tanto dos resultados superiores na sua principal linha de receita, assim como a maior representatividade da parte de computação em nuvem no negócio. 

Isso porque o Google Services apresentou lucro operacional de US$30,856 bilhões (+28,9% vs. 3T23), o equivalente a uma margem de 40,3% (+5,1 p.p.). Já o Google Cloud totalizou US$1,947 bilhão de resultado operacional, quase dez vezes maior do que o reportado um ano atrás (US$266 milhões) e o que representa uma margem de 17,1% (+14 p.p.).

Na linha final de resultado, o lucro líquido da Alphabet foi de US$26,301 bilhões, ou US$2,12 por ação, crescimento de 36,8% na comparação anual (US$19,689 bilhões, US$1,55/ação).

Investimentos de longo prazo em IA devem manter empresa em bom momento, diz CEO

De acordo com o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, a companhia segue em um bom momento, com os investimentos de longo prazo no desenvolvimento da Inteligência Artificial da empresa sendo justificados, dado os benefícios que clientes e parceiros vem obtendo com as ferramentas já disponibilizadas atualmente.

Além disso, o executivo pontuou que a receita proveniente dos anúncios e assinaturas do YouTube ultrapassou a marca de US$50 bilhões nos últimos quatros trimestres pela primeira vez. E, dado os resultados recentes, a perspectiva é de que não deve parar por aí.

Por outro lado, a empresa segue investindo forte para se manter entre os líderes no desenvolvimento de tecnologias de IA. No período foram mais US$13,061 bilhões de gastos de capital, comparado com US$8,055 bilhões no terceiro trimestre do ano passado.

Considerando que o fluxo de caixa operacional permaneceu estável na comparação anual (US$30,698 bilhões vs. US$30,656 bilhões no 3T23), isso acabou reduzindo a geração de caixa livre no 3T24 (US$17,637 bilhões ante US$22,601 bilhões).

Ações GOGL, da Alphabet, sobem após balanço

Mas isso não desanimou os investidores, com as ações GOGL se valorizando quase 4% no after-market.

Apesar dos bons números, as recentes investidas do Departamento de Justiça americano acabaram pesando um pouco o sentimento sobre a companhia nos últimos meses, sendo uma das poucas Big Techs que ainda não conseguiu voltar perto das suas máximas históricas (queda de mais de 11% desde julho).

Atualmente não termos a ação GOGL34 em nenhuma carteira da casa. A continuidade de resultados desse tipo somado a uma resolução desses problemas judiciais, contudo, pode abrir uma oportunidade de investimento no ativo, dado o valuation da companhia — 19,4 vezes seus lucros projetados para 2025.

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Sobre o autor

Enzo Pacheco, CFA

Administrador pela Universidade Federal do Espírito Santo com pós-graduação em Operador de Mercado Financeiro pela FIA, Enzo Pacheco atua desde 2017 com análise de investimentos nos mercados internacionais. Hoje, é responsável pela série MoneyBets, voltada para os investidores brasileiros que querem expandir as fronteiras dos seus portfólios. Possui certificações CFA e CNPI.

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