Mercado em 5 minutos

Caged e IGP-M são divulgados hoje e Nasdaq repercute resultados trimestrais de Alphabet (GOGL34) e AMD (A1MD34); confira

O desempenho trimestral divulgado pela controladora do Google promete um dia positivo para as empresas de tecnologia. Leia mais.

Por Matheus Spiess

30 out 2024, 09:19 - atualizado em 30 out 2024, 09:19

Imagem representando a NASDAQ, mostrando uma imagem interna de um painel de cotações da Nasdaq.

Imagem: Freepik

O robusto desempenho trimestral divulgado pela Alphabet (GOGL34), controladora do Google, na noite de ontem, promete um dia positivo para as empresas de tecnologia, que já encerraram a terça-feira em alta.

Apesar da recepção mista aos resultados da AMD (A1MD34), o foco do mercado deve permanecer nos números da Alphabet, sendo a primeira das cinco grandes “Magnificent 7” a publicar seus balanços esta semana. A Tesla (TSLA34) já divulgou na semana passada, enquanto a Nvidia (NVDC34) costuma apresentar mais próximo do fim da temporada de resultados.

Hoje (30), o mercado aguarda os balanços de outras gigantes, além de dados sobre o mercado de trabalho e atividade econômica tanto nos Estados Unidos quanto na Zona do Euro, que já divulgou sua atualização de PIB nesta manhã.

A narrativa de crescimento econômico permanece favorável nos EUA, apesar das dificuldades observadas na China e na Europa. Nesse cenário, os índices europeus iniciaram a quarta-feira em queda, acompanhando o tom negativo do mercado asiático, pressionado principalmente pelos papéis do setor automotivo. Na China e em Hong Kong, a atenção dos investidores voltou-se para a recente imposição de tarifas sobre veículos elétricos produzidos em território chinês, além de movimentações nas ações de seguradoras e bancos. Em contraste, os futuros americanos operam em alta, alinhados ao movimento positivo nas principais commodities (bom para nós).

· 00:58 — Testando limites

No Brasil, enquanto investidores aguardam dados econômicos como o Caged (mercado de trabalho) e o IGP-M (inflação), além de certos resultados corporativos, a principal preocupação segue centrada na expectativa pelo pacote de corte de gastos, que já vem sendo negociado com o presidente, mas ainda permanece fora do radar do mercado.

Na noite de ontem, a equipe econômica se reuniu com Lula no Alvorada, mas sem indicar uma direção clara. O único sinal desfavorável foi dado por Haddad, que cometeu um deslize ao afirmar que não há previsão para o anúncio das medidas — o que é um mau sinal, considerando que o mercado esperava uma definição ainda esta semana. Haddad também declarou desconhecer a origem das cifras de R$ 30 a R$ 50 bilhões, levantando preocupações de que um valor abaixo disso frustre as expectativas do mercado.

Com essa indefinição, o dólar já se aproxima de R$ 5,80, enquanto o governo testa os limites; será que precisa chegar a R$ 6,00 para que algo seja feito?

Algumas notícias, no entanto, podem trazer alívio, como a expectativa de que a Petrobras (PETR4) anuncie uma distribuição de US$ 4 bilhões em dividendos extraordinários no 4T24, representando um rendimento de 4,4%. Além disso, embora os resultados do Santander (SANB11) tenham desapontado, a temporada de balanços corporativos não tem sido totalmente negativa. Contudo, o mercado está focado no cenário fiscal.

O pessimismo se reflete tanto no câmbio, agora em seu pior nível em mais de dois anos, quanto na curva de juros, onde, ontem, vimos o sétimo leilão consecutivo com taxas recordes, com dois vencimentos alcançando taxas superiores a 6,80% ao ano. A fuga de capital dos mercados emergentes também aumenta devido à alta dos Treasuries, impulsionada pelas eleições nos EUA. A reta final de outubro tem sido desafiadora, e a solução está nas mãos do governo: um plano estrutural minimamente responsável já seria suficiente para abrir espaço para um fechamento positivo de ano.

· 01:49 — Tensão em Brasília: sucessão e Reforma Tributária

As negociações para a sucessão nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal já estão em andamento. Na Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, desponta como o principal candidato à presidência, contando com o recente apoio formal de Arthur Lira (PP-AL). Motta encontra-se em tratativas com o governo e a oposição para solidificar seu apoio.

No Senado, Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, que já presidiu a Casa durante a primeira fase do governo Bolsonaro, é cogitado para retomar o cargo. Essas movimentações já refletem a influência dos resultados das recentes eleições municipais, sinalizando mudanças estratégicas na liderança do Congresso e uma possível reforma ministerial em preparação para 2026. Inclusive, há especulações sobre um eventual desembarque do MDB do governo atual.

Enquanto isso, a Reforma Tributária também avança. Dario Durigan, secretário-executivo da Fazenda, anunciou que a Câmara deve votar esta semana as emendas ao segundo projeto de regulamentação da reforma, cujo texto-base foi aprovado em 13 de agosto. Essas emendas abordam a criação do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a redistribuição de receitas entre estados e municípios e o imposto sobre heranças e transmissão de imóveis. No Senado, o relator Eduardo Braga tem prevista para 4 de dezembro a votação do primeiro projeto de regulamentação da reforma na Comissão de Constituição e Justiça. A conclusão célere desses processos é considerada essencial para o progresso da reforma.

· 02:35 — Gigantes

Nos Estados Unidos, as ações das Big Techs impulsionaram o Nasdaq para uma alta recorde ontem, mantendo a tendência que se observa desde 2023. O avanço ocorreu às vésperas dos relatórios de lucro de cinco das empresas conhecidas como “Magnificent Seven“.

A primeira a divulgar resultados esta semana foi a Alphabet, que apresentou seu balanço do terceiro trimestre após o fechamento do mercado na terça-feira. A controladora do Google superou as expectativas de lucro e receita, com um crescimento sólido em ambos os indicadores. Como esperado, os investimentos em inteligência artificial e novas tecnologias para um futuro próximo estão em alta, refletindo-se no capex da empresa, que ultrapassou US$ 13 bilhões no trimestre — bem acima dos US$ 8 bilhões do mesmo período do ano passado e da estimativa de consenso.

O otimismo em torno das ações continua, projetando mais um dia positivo antes dos relatórios de Meta (M1TA34) e Microsoft (MSFT34) hoje (30). Outros destaques incluem Biogen, Booking, Bunge, Caterpillar, eBay, Eli Lilly, Equinix, GE HealthCare, Kraft Heinz, MGM Resorts International, MetLife, Otis Worldwide, Prudential Financial e Starbucks.

Além da agenda corporativa, os dados macroeconômicos de terça-feira (29) trouxeram a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS), que revelou 7,4 milhões de vagas não preenchidas no último dia útil de setembro.

Este é o menor número em três anos e meio e ficou bem abaixo do consenso de 7,9 milhões, oferecendo suporte ao processo de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve. O Fed costuma monitorar a proporção de trabalhadores desempregados em relação às vagas disponíveis como indicador da pressão no mercado de trabalho, e os dados de setembro reduziram essa proporção para 1,1, comparado ao pico de 2,2 em 2022.

Em paralelo, o índice de confiança do consumidor, indicador relevante para consumo e crescimento, apresentou um aumento e superou as expectativas do mercado. Embora o emprego continue sendo o dado mais relevante, o relatório de confiança assume um papel secundário nesta semana, com foco no aguardado payroll de sexta-feira.

Hoje, o Relatório Nacional de Emprego da ADP trará uma previsão de aumento de 95 mil postos de trabalho no setor privado, 48 mil a menos do que em setembro. Mesmo que o resultado seja mais fraco, isso não deverá alterar a expectativa de que o Fed reduza o ritmo de flexibilização na próxima reunião de política monetária.

· 03:23 — Menos de uma semana para a eleição americana

Nos Estados Unidos, os eleitores afirmam que a economia é a questão mais importante nesta eleição presidencial. Com menos de uma semana para o dia da eleição, eles estão prestes a receber uma série de dados cruciais. Além dos relatórios de emprego já mencionados, a primeira leitura do PIB do terceiro trimestre será divulgada hoje (30), com uma expectativa de crescimento anualizado de 3%. Se o número superar essa previsão, poderá reforçar ainda mais a narrativa do “excepcionalismo americano”.

Em uma pesquisa recente conduzida pelo Financial Times e pela Ross School of Business da Universidade de Michigan, Donald Trump ultrapassou Kamala Harris como o candidato em quem os americanos mais confiam para lidar com a economia: 44% dos eleitores disseram confiar mais em Trump, contra 43% que preferem Harris. Esse é um sinal desfavorável para os democratas, especialmente em um momento de fortalecimento das apostas em Trump e maior convicção de que o republicano pode voltar à Casa Branca no próximo ano.

O resultado da eleição presidencial dos EUA trará repercussões importantes para a política econômica global. O Brasil, como uma economia altamente conectada ao mercado internacional, precisa se preparar para qualquer cenário. As propostas debatidas nas eleições americanas giram em torno de três grandes pilares — imigração, expansão fiscal e protecionismo —, todos com tendência inflacionária. Embora o crescimento econômico dos EUA deva continuar, o nível mais alto de inflação limitará o ciclo de queda nas taxas de juros. Como apontou recentemente Paul Tudor Jones: “Todos os caminhos levam à inflação.

· 04:12 — Dificuldade

Na Zona do Euro, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um crescimento de 0,4% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, superando as expectativas dos analistas. Em termos anuais, o PIB europeu aumentou 0,8%, em linha com as previsões do mercado. Entretanto, os dados mais recentes sugerem uma estabilização no ritmo de crescimento, acompanhada de sinais claros de uma possível desaceleração econômica e uma pressão crescente por cortes mais rápidos nos juros.

O cenário econômico europeu é marcado por desafios tanto internos quanto externos, com o impacto adicional das incertezas associadas às eleições norte-americanas, que têm mantido o euro sob pressão. Estruturalmente, a Europa enfrenta os obstáculos de um modelo econômico que demonstra sinais de desgaste, crescimento anêmico e uma inflação que lentamente converge para a meta estabelecida. O contexto internacional agrava esses desafios com o potencial de novas tarifas dos EUA sobre produtos europeus, um diferencial de juros maior e uma demanda mais fraca da China.

Diante desse crescimento moderado e de altos níveis de endividamento, as perspectivas para a Europa permanecem restritas, dificultando que o continente alcance o desempenho econômico atual dos Estados Unidos.

· 05:07 — Resultado forte

Após o fechamento do mercado ontem, a Alphabet (GOOGL) apresentou seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024, superando as expectativas dos analistas, com destaque para o forte desempenho no segmento de computação em nuvem, o que contribuiu para a valorização de mais de 20% nas ações desde o início do ano. A pergunta que fica é: há espaço para mais valorização?

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.

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