Ontem (05, após o fechamento do mercado, o Itaú (ITUB4) reportou seus números do 3T24, que vieram em linha com a elevada expectativa. O banco entregou R$ 10,7 bilhões em lucro líquido ajustado (+6% trimestralmente e +19% anualmente), taxas que chamam a atenção considerando que já é o maior da América Latina.
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do Itaú Unibanco foi de 22,7%, expansão sequencial de +0,3 p.p., e de +1,9 p.p. na visão anual. Após quase três anos superando o desempenho dos demais bancões, o “normal” seria algum tipo de reversão à média, algo que o Itaú insiste em desafiar.
O resultado foi suportado principalmente pela expansão da carteira de crédito (de +2% trimestralmente e +8% anualmente, excluindo variações cambiais) para R$ 1,3 trilhão.
Itaú cumpre promessa de limpar carteira de cartão de crédito
O Itaú cumpriu a promessa de finalizar a limpeza da carteira de cartão de crédito à pessoa física no 3T24, de forma que o portfólio de varejo voltou a crescer de forma mais significativa, com +3% sequencialmente.
A carteira de pequenas e médias empresas (PMEs) também foi um destaque, com +4% na mesma visão, mais focada em empresas de maior faturamento. Por fim, a carteira de grandes empresas desacelerou a expansão para +0,7%.
A margem com clientes, que consiste na receita de juros menos o custo de captação, subiu 5% na visão sequencial, para R$ 27,5 bilhões. O crescimento foi suportado pela carteira de crédito, por operações estruturadas no atacado e pela maior quantidade de dias úteis no período.
Por sua vez, a margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, foi de R$ 1,1 bilhão, -25% sequencialmente, mas com expansão anual de +48%. Com isso, a margem financeira total foi de R$ 28,5 bilhões, com spread global de 8,7%, pequena queda de 0,1 p.p. devido ao mix de crédito.
Redução de inadimplência alavanca lucros de ITUB4
A inadimplência foi o segundo principal fator de suporte ao lucro do Itaú: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias caiu 0,1 p.p. sequencialmente, para 2,6%. Houve melhora em todas as categorias: varejo (-0,2 p.p.), PMEs (-0,2 p.p.) e grandes empresas (-0,1 p.p.).
O menor nível de calotes, somado à uma reversão de provisão relacionada à Americanas (AMER3), de R$ 500 milhões, levou a uma queda sequencial de 6% na despesa total para inadimplência, que foi de R$ 8,3 bilhões. Como a inadimplência caiu enquanto a margem financeira subiu, houve aumento do spread global ajustado ao risco, para 6,0% (+0,3 p.p.).
Conforme esperado, a receita de serviços + seguros desacelerou seu crescimento, principalmente em função da assessoria financeira e corretagem (-26% sequencialmente), que teve um forte 2T com as emissões de renda fixa. Ainda assim, a linha de serviços + seguros ficou estável na visão trimestral (+7% na anual), em função dos crescimentos sequenciais de cartões (1%), administração de recursos (+5%) e seguros (+5%). Assim, as chamadas receitas de comissões somaram R$ 13,8 bilhões.
Houve alguma pressão nas despesas administrativas, de pessoal e tributárias, que cresceram 5% no trimestre, para R$ 18,5 bilhões. Isso se deve ao dissídio coletivo e aos maiores investimentos em marketing – vale lembrar que o banco completou 100 anos no trimestre. Por isso, o índice de eficiência teve uma piora sequencial de 0,2 p.p., mas ainda segue controlado, em 40,2%.
Itaú supera expectativas mesmo em cenário adverso
No todo, consideramos que esse foi mais um bom resultado do Itaú, que continua performando melhor que os pares e esperamos que continue assim, especialmente diante do ciclo de alta da Selic. Em um cenário econômico mais adverso, onde a inadimplência tende a aumentar, o conservadorismo do banco vem a calhar.
Negociando a 1,8x seu valor patrimonial, um elevado prêmio sobre Bradesco (1,0x) e Santander (1,2x), mantemos a recomendação de compra para ações do Itaú. As expectativas devem permanecer elevadas, mas a capacidade de execução já foi mais que comprovada nos últimos três anos.