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‘Parte das possíveis políticas tarifárias de Trump pode beneficiar alguns setores brasileiros’, avalia analista da Empiricus; veja quais

Matheus Spiess, especialista em macroeconomia da Empiricus Research, explica por que as siderúrgicas, como Gerdau, podem ganhar espaço nas relações com EUA.

Por Nicole Vasselai

11 nov 2024, 14:27 - atualizado em 11 nov 2024, 14:27

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Imagem: iStock.com/wenjin chen

Com a vitória de Donald Trump nas eleições americanas, uma das principais preocupações do mercado gira em torno de um possível aumento na inflação dos Estados Unidos e um consequente fortalecimento do dólar. Isso porque, a princípio, esse cenário poderia não ser muito bom para países emergentes.

Como explica Matheus Spiess, analista de macroeconomia da Empiricus Research, de fato é esperada uma condução mais inflacionária por parte de Trump. “Algumas teses, por exemplo, são cortes de impostos, que seriam como esteroides para [crescer] a economia americana, além de aumento de tarifas para outros países, desregulamentação do setor financeiro e maior foco em combustíveis fósseis”.

No entanto, para mercados emergentes, Spiess espera um horizonte mais otimista do que os investidores estão pintando. “Um dólar e uma economia americana ainda mais forte e juros mais altos fragilizam um pouco os mercados emergentes, mas não é o fim do mundo”, comenta.

Possíveis tarifas de Trump podem beneficiar setores brasileiros ligados à infraestrutura

Na visão do especialista, parte das políticas tarifárias que Trump promete pode até beneficiar setores brasileiros.

“Se a China responder a respeito de [possíveis tarifas sobre] produtos agro americanos, o país vai começar a demandar mais produto brasileiro, o que é bom pra gente. Inclusive, tem nomes siderúrgicos com exposição aos EUA, como Gerdau (GGBR4/GOAU4), que se favorecem desse movimento”, explica.

Spiess acredita, especialmente, que setores ligados à “velha economia” (ou “economia tradicional”) vão demandar muita matéria-prima que hoje é produzida pelo Brasil.

Quem concorda com essa perspectiva é Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research. “Em várias commodities, vejo o Brasil substituindo a China nas relações comerciais com os Estados Unidos e, nas nossas relações com a China, substituirmos os EUA”. Como exemplo, ela cita commodities agrícolas e de metais e mineração.

“Então tenho concordado com o Spiess, cada vez mais, que a vitória de Trump não é tão ruim para o Brasil”, resume.

Ações da Gerdau dispararam após divulgação de resultados

Coincidência ou não, logo após a divulgação do resultado eleitoral e a publicação do balanço da Gerdau do 3T24, os papéis da companhia valorizaram 12,42% ao longo da semana passada. A cotação chegou a R$ 20,46 por ação – maior patamar desde agosto de 2023.

Para Henrique Cavalcante, analista de ações de siderúrgicas na Empiricus Research, além da qualidade do balanço em si, a reação de fato pode ter a ver também com a vitória de Trump.

“Mesmo diante de um ambiente de mercado desafiador, a gestão da Gerdau foi novamente capaz de entregar um bom resultado, proveniente de iniciativas internas para aumentar a rentabilidade do negócio”, avalia o analista.

Com propostas de políticas comerciais protecionistas nos EUA e uma história de apoio ao setor siderúrgico, a expectativa de Cavalcante é que os números melhorem na operação da América do Norte. “Isso, somado ao processo de recuperação na rentabilidade brasileira, deve impulsionar os resultados consolidados da Gerdau no médio prazo”, finaliza.

Negociando a atrativas 4 vezes o seu valor da firma sobre Ebitda para 2025, perspectivas operacionais positivas e excelente carrego com recompras e distribuição de dividendos, a Empiricus Research continua recomendando ações da Gerdau. Além dela, veja outras 5 ações recomendadas para buscar dividendos.

Sobre o autor

Nicole Vasselai

Editora do site da Empiricus. Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, com MBA em Análise de Ações e Finanças e passagem por portais de notícias e fintechs.