Investimentos

Nova Selic e taxas do Fed: 3 títulos pós-fixados para investir na semana

As eleições nos EUA, decisões de política monetária e o avanço acima do esperado do IPCA em outubro ressoam o mercado de renda fixa.

Por Lais Costa

12 nov 2024, 15:14 - atualizado em 12 nov 2024, 15:14

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Imagem: iStock/ Rmcarvalho

A semana mais importante do ano enfrentou três tempestades de peso: as eleições nos EUA, diversas decisões de política monetária, incluindo Brasil e EUA, e o avanço acima do esperado do IPCA em outubro.

No cenário americano, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) desacelerou a magnitude do corte e reduziu a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, ajustando-a para o intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano, como já era amplamente esperado pelo mercado. 

Corte de juros nos EUA dentro do esperado e Powell fala em níveis condizentes

O comunicado trouxe poucas alterações em relação à decisão passada e continuou salientando que os riscos para a inflação e o emprego seguem equilibrados, evitando mencionar os efeitos das catástrofes climáticas no mercado de trabalho.

O comitê não deixou uma prescrição futura (forward guidance) clara e manteve a orientação de que os ajustes adicionais seguem dependentes dos dados macroeconômicos que serão divulgados nas próximas semanas.

Na coletiva de imprensa, o presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, afirmou que a medida de núcleo de inflação excluindo serviços de habitação estão em níveis condizentes com uma inflação de 2% ao ano.  Ainda sobre a inflação de habitação, Powell disse que os novos aluguéis já indicam uma pressão inflacionária bem menor e que, portanto, o indicador deve convergir para níveis condizentes com a meta do Banco Central nas próximas leituras.

De maneira geral, o discurso de Powell foi marginalmente brando (dovish), o que nos indica que o cenário mais provável é de que haja mais uma redução de 25 pontos-base no Fed Funds na reunião de dezembro.

Taxa Selic sobe e aguardamos planos de ajuste fiscal

Seguindo na linha contrária, o Banco Central do Brasil (BCB) elevou, na quarta-feira (6) a taxa Selic para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime, com o ajuste de 50 pontos-base já antecipado em nosso relatório da semana passada.

O comunicado manteve um tom firme (hawkish), conforme esperado, destacando as questões fiscais, que continuam sendo o principal fator de pressão sobre os prêmios de risco.

Nessa  linha, houve sinalização de que, além de apresentar planos de ajuste fiscal, é importante que o governo também avance na implementação dessas medidas. 

Inflação desancorada: até onde a Selic vai subir?

Além disso, o comunicado destacou uma inflação desancorada tanto para 2024 quanto para 2025. No horizonte relevante da política monetária, essa preocupação se estende agora do primeiro trimestre de 2026 para o segundo.

Embora o Banco Central não tenha se comprometido com um forward guidance indicando ajustes específicos ou a duração exata do ciclo de alta, as projeções de inflação apresentadas no comunicado indicam a necessidade de um ciclo de alta mais agressivo do que o relatório Focus indicava até então.

Não por coincidência, vimos diversos agentes de mercado revisando suas estimativas de Selic terminal para cima de 13% ao ano e o mercado passando a precificar mais um aumento do ritmo de alta da Selic na próxima reunião.

Na ata do Copom divulgada nesta manhã, a principal mensagem do comitê foi destacar a necessidade de estabilização fiscal e a reancoragem das expectativas de inflação no curto prazo, que tem se mostrado cada vez mais descolada do teto da meta. 

O comitê ainda destacou que a redução dos gastos fiscais pode, inclusive, ser indutor de crescimento no médio prazo, devido aos efeitos de queda das taxas futuras nas condições financeiras. Além disso, o comitê afirmou que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária” e reconheceu que diversos fatores que vinham contribuindo para o processo desinflacionário estão se dissipando. 

Outros dados econômicos relevantes

Nessa linha, o IPCA de outubro divulgado na última sexta-feira (8) ficou levemente acima da mediana das expectativas dos analistas de mercado.

O índice de inflação registrou uma alta mensal de 0,56%, acima da expectativa de 0,54% (m/m). Em termos anuais, a inflação acelerou para 4,76%, versus a mediana das projeções de 4,74% (a/a), puxada principalmente por itens mais voláteis.

O núcleo do indicador cheio e o núcleo de serviços permanecem elevados embora a leitura de outubro tenha compensado parte da surpresa de alta do mês anterior. Em números, o núcleo apresenta um patamar anualizado e dessazonalizado de 5,6% m/m e uma média de 4,6% nos últimos três meses.

No grupo de serviços, o destaque foi a contribuição de cinema que reverteu grande parte da queda dos preços de setembro. O grupo de alimentos mostrou alta significativa e deve continuar sob pressão devido, principalmente, às questões climáticas. Vale ainda destacar o efeito do câmbio depreciado na inflação dos itens comercializáveis.

Olhando para frente, a nossa expectativa é de que o IPCA termine em cerca de 4,8% a/a. Em relação à política monetária, a contínua incerteza em relação aos gastos do governo devem levar a uma nova aceleração (para 75 bps) no ritmo de alta da Selic ainda neste ano.

Continuamos dando preferência aos títulos pós-fixados.

Cardápio da semana: 3 títulos para investir

Características da LCA pós-fixada do BTG Pactual
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AAA (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBTG Pactual 
Aplicação mínimaR$ 500,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)12/11/2025 (365 dias corridos)
Rentabilidade anual94,00% do CDI
TributaçãoIsenta
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h45
A taxa líquida da LCA do Banco BTG Pactual é equivalente a uma taxa bruta de 113,94% do CDI.
Características do CDB  pós-fixado do Banco Sofisa com liquidez diária
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA- (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarBanco Sofisa
Aplicação mínimaR$ 1,00
Aplicação máxima
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)16/11/2027 (1099 dias corridos)
Rentabilidade anual110,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateLiquidez diária
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação22h
Características do CDB  pós-fixado do Paraná Banco
Classificação de risco da instituiçãoFitch: AA- (bra)
Público-alvoInvestidores em geral
Onde encontrarParaná Banco
Aplicação mínimaR$ 100,00
Aplicação máximaR$ 150 mil
LiquidaçãoD+0
Vencimento (prazo)03/11/2026 (721 dias corridos)
Rentabilidade anual125,00% do CDI
Tributação15%
Pagamento de jurosNo vencimento
ResgateNo vencimento
GarantiasFundo Garantidor de Créditos (FGC)
Horário limite de aplicação17h

As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 12 de novembro de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (12).

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Sobre o autor

Lais Costa

Engenheira elétrica com certificação CNPI. Analista de renda fixa na Empiricus Research.

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