Já há alguns anos, a Black Friday, que costuma se estender por todo mês de novembro, vem sendo um dos períodos do ano mais importantes para o varejo. Para este ano, um estudo da Confi.Neotrust mostra que a expectativa é de que haja um aumento de 9,1% no faturamento do setor em relação a 2023.
Inclusive, como lembra Larissa Quaresma, analista de ações da Empiricus Research, além de a Black Friday ser essencial para o quarto trimestre das varejistas, é a segunda data comercial mais importante do ano, atrás apenas do Natal.
Porém, ela cita um ponto de atenção a respeito de como as promoções podem pressionar as margens de ganho das empresas: “Por vezes, o mercado fica muito agressivo em termos de desconto, o que pode machucar a margem das varejistas. Não parece ser o caso neste ano, pelo custo de capital elevado. De toda forma, é importante monitorar”, pontua.
Quais varejistas podem se destacar na Black Friday?
Para Quaresma, varejistas com um e-commerce mais forte e desenvolvido e com melhor experiência do cliente devem sair vencedoras em seus nichos de atuação. “Seria o caso de Mercado Livre (MELI34) e Azzas 2154 (AZZA3) [ex-Arezzo&Co]”, afirma.
‘Mercado Livre ainda tem longa avenida de crescimento à frente’
No 3T24, a receita líquida de Mercado Livre subiu 35% em base anual, totalizando US$ 5,3 bilhões, impulsionada pelo crescimento do e-commerce em todas as regiões e pela performance sólida do segmento de fintech, explica a analista.
O lucro operacional foi impactado pelos investimentos necessários para sustentar o crescimento, como a abertura de 6 novos centros de distribuição, e pelo aumento da provisão para perdas, devido à forte expansão recente do portfólio de crédito.
Dessa forma, o EBIT foi de US$ 557 milhões, uma queda de 29% em relação ao mesmo período em 2023, levando a uma margem de 10,5%, (-9,5 p.p.vs 3T23). “Em nossa visão, esses impactos são conjunturais e necessários para suportar a tese de crescimento da companhia de forma sustentável”, avalia Quaresma.
O lucro líquido atingiu US$ 397 milhões, com alta anual de 11%, beneficiado por menores impostos e despesas financeiras, que ajudaram a compensar a contração da margem operacional. Além disso, segundo ela, a companhia manteve uma posição financeira confortável para seguir investindo em crescimento, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 0,7x.
Apesar do trimestre mais desafiador de MELI34, Quaresma enxerga ainda uma longa avenida de expansão para o Mercado Livre, por conta das “vantagens competitivas da companhia e baixa penetração do e-commerce e serviços financeiros digitais na América Latina“.
Azzas 2154 ‘driblou’ bem a fusão no 3T24
Já a Azzas 2154, fusão entre Arezzo&Co e Soma, reportou números positivos e surpreenderam as expectativas, segundo a analista. “Principalmente no crescimento de dois dígitos nas vendas, com destaque para as linhas de vestuário”.
Em termos de rentabilidade, a maior representatividade dos canais próprios no Brasil beneficiou a margem bruta, o que foi compensado pela pressão de margem vinda da provisão de impostos sobre subvenções e redução das margens em Vestuário Masculino e Feminino.
“Na parte de despesas, a companhia conseguiu um desempenho melhor do que o esperado ao controlar suas despesas gerais e administrativas (SG&A), o que ajudou a mitigar o impacto de custos mais elevados“, afirma.
Com isso, o Ebitda recorrente totalizou R$ 477 milhões, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior e 25% acima das estimativas, e a margem atingiu 15,7% (-1,1 p.p.).
“Observando a história de crescimento tímido nos últimos trimestres e os desafios relacionados à integração de duas empresas gigantes no varejo de moda, o resultado do 3T24 foi uma importante conquista e abre perspectivas mais positivas para os próximos trimestres”, conclui Quaresma.
Além dessas duas ações, neste relatório gratuito a analista da Empiricus Research lista 10 papéis nos quais vale a pena investir agora e explica por que comprar cada um.