Os resultados corporativos do setor de tecnologia, principalmente, dos Estados Unidos, ontem à noite decepcionaram bastante. A Meta Platforms, controladora do Facebook, teve uma queda de mais de 20% no after market, ontem. Isso porque seus resultados vieram abaixo das expectativas de mercado. A companhia teve lucro líquido de US$ 10,29 bilhões no quarto trimestre, um recuo de 8%, além de ter anunciado guidance para o primeiro trimestre abaixo do esperado.
As ações da plataforma Spotify caíram 18%, após a divulgação de uma estimativa menor do crescimento do número de assinantes .
“A gente vem falando dessa necessidade de diminuição da exposição tech. Temos feito toda uma migração em direção ao value investing, em detrimento ao tech e ao growth que tem múltiplos mais esticados”, diz Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus.
Conforme ele, os recentes resultados corporativos estão corroborando com essa visão.
“É claro, tudo muda: tem a divulgação do resultado da Amazon hoje à noite. O mercado é dinâmico e tem tido volatilidade ao longo do dia, mas a abertura está contratada aqui nessa direção com bolsas em baixa e destacadamente em baixa, com as ações de tecnologia”, ressaltou.
Commodities em alta
Enquanto o mercado migra para outros nomes de valor, talvez a siderurgia e mineração possam ser um destaque positivo, a julgar pelas informações disponíveis até agora.
“A China voltou a incentivar a sua economia, então isso impacta o preço das commodities”, ressaltou.
Pode ser um destaque positivo, hoje, ao menos em termos relativos, caindo menos do que a média da bolsa. Pelo menos, se há alguma racionalidade.
Ajustes dos bancos centrais
Dia importante também, em termos de política monetária, com o Bank of England, banco da Inglaterra e o banco central europeu atualizando as suas taxas básicas de juros.
A inflação europeia está persistentemente alta, acima das expectativas, batendo recordes.
“Vamos ver, como Christine Lagarde reage a esse movimento, a essa dinâmica inflacionária. Se ela aperta um pouco o torniquete, ou não”, comentou Felipe.
Aqui dentro, é claro que há reação à decisão do Copom que aumentou a Selic para 10,75%, mas sinalizou alta menor na próxima reunião. “Esse, sim, tem uma leitura predominante, mais dovish, já surgindo menos aumento da taxa de juros, do que o mercado esperava”, afirmou.
Para Felipe a pergunta agora é qual será a intensidade do próximo ajuste. “Deve vir alguma coisa aí em torno de 1 ou 0,5 ponto porcentual. O mercado está dividido.”