A semana começa em clima de maior aversão ao risco diante da possibilidade de invasão da Ucrânia pela Rússia.
Neste final de semana, Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, teve uma conversa via videoconferência com Vladimir Putin, presidente da Rússia, em uma tentativa diplomática de apaziguar as tensões. Porém, a Casa Branca, por meio de uma nota, sinalizou que o impasse continua e que sanções contra Moscou podem ser adotadas.
“Houve uma ligação de Joe Biden para Vladimir Putin no final de semana, mas a leitura do mercado é que esse contato foi insuficiente para acalmar as tensões. O que se especula é a possibilidade de invasão nos próximos dias, então, obviamente, o mercado vai se alojar nos ativos de maior segurança”, disse Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, em seu canal Ideias Antifrágeis no Telegram, um grupo para assinantes.
De acordo com ele, o movimento é de venda de ativos mais arriscados e a busca por alternativas de qualidade – o chamado flight to quality. “Vemos a alta nos preços unitários (Pus) dos bonds soberanos”, acrescentou.
Por sua vez, as cotações do ouro e da prata estão em trajetória ascendente. “É a típica movimentação em busca de hedge (proteção) nessas circunstâncias”, comentou o analista.
Enquanto isso, os índices futuros das bolsas americanas – Nasdaq, S&P e Dow Jones, apresentam quedas.
Petróleo nas alturas
O barril de petróleo tipo Brent atingiu US$ 95 na manhã de hoje. Com o possível recrudescimento do conflito entre Rússia e Ucrânia, a cotação poderá superar US$ 100.
“Essa guerra envolvendo a Rússia e a Ucrânia gera o medo de uma restrição de oferta adicional”, comentou o analista.
Jerome Powell sob os holofotes
Na agenda, tem o tão aguardado discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Banco Central americano), marcado para amanhã (15/02).
“Jerome Powell pode reforçar o viés mais duro do aperto monetário, ainda mais agora com o petróleo em patamar mais elevado”, comentou Felipe.
Na semana passada, James Bullard, do Fed de St. Louis e integrante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), disse que gostaria de ver um aumento de 50 pontos-base já em março, demonstrando forte preocupação com a escalada da inflação americana.
Na China, outro ponto de atenção
Na segunda maior economia do mundo, um sinal de alerta. O preço do minério de ferro está caindo por conta de incertezas.
“Há sinalizações de intervenção, de regulação para a negociação de contratos futuros da commodity, que é um mercado bastante especulativo por lá”, destacou Felipe.
Na sexta-feira (11/02), reguladores e associações da indústria do país emitiram alertas contra recentes movimentos incomuns nos preços do minério de ferro.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC), que é o órgão de planejamento da China, informou que o regulador de mercado enviaria equipes para investigação à bolsa de commodities e aos principais portos do país para examinar estoques de minério de ferro, assim como para averiguar as negociações nos mercados à vista e de futuros ligados à commodity.
Isso deve resvalar de alguma forma nas cotações das ações das companhias siderúrgicas e de mineração por aqui, ao menos, em um primeiro momento. A ver.