“On any given Sunday you’re gonna win or you’re gonga lose. The point is – can you win or lose like a man?”
Enquanto você lê essas linhas tortas e mal escritas, mais de 100 milhões de americanos se preparam para assistir a alguns caras fortes (outros meio gorduchos) se agarrando e se empurrando enquanto outros dois caras tentam lançar uma bola oval em direção ao campo do adversário.
Já por aqui, o tal do futebol americano ainda tem bastante dificuldade para se popularizar – com suas regras malucas e constantes intervalos, ainda não são muitos os que conseguem acompanhar uma partida inteira por pouco mais de 3 horas.
Mas estamos crescendo: o mercado brasileiro está entre os três mais relevantes fora dos EUA e a NFL já dedica esforços de marketing para roubar um pouco dos fãs da bola redonda.
Temos até um brasileiro jogando muito bem em um time de destaque – tudo bem que ele só CHUTA a bola, mas, veja, é um começo.
Meu interesse pelo esporte começou há muitos anos, quando aluguei o Madden 92 para Mega Drive. Lembro de ler as regras no manual e, aos poucos, começar a enxergar sentido naquela loucura toda.
Tentei argumentar com meu pai por diversas vezes: “é um jogo de xadrez, se resume à ocupação de espaços e domínio de territórios”.
Nada, o velho achava tudo muito confuso. Para ele, futebol se jogava com os pés.
A verdade é que o tempo foi passando e meu interesse pela bola oval só aumentou. Encontrei alguns malucos como eu e todo ano nos reunimos para fazer um churrasco americano (cachorro quente especial para Luciana) e assistir ao Super Bowl.
Tenho um monte de argumentos para tentar te convencer a dar uma olhada no jogo logo mais – as propagandas milionárias, o show da Lady Gaga e até as polêmicas envolvendo Tom Brady e o chefão da liga são bons exemplos.
Destaco a relação dos americaninhos com o esporte.
De uma forma geral, é tudo muito civilizado e organizado. Pessoal costuma comprar ingressos para a temporada toda e encara os jogos como um evento familiar.
À exceção dos jogos dos Dolphins, é uma luta conseguir ingressos para ver um jogo ao vivo.
O negócio é tão forte que a cidade de Green Bay (sede do Green Bay Packers) tem cerca de 100 mil habitantes e abriga um estádio com capacidade para 80 mil pessoas (quase o dobro do Itaquerão). Mais impressionante é que o estádio está SEMPRE lotado (o público médio em 2016 foi de 78 mil pessoas!!!).
Ao contrário das principais franquias esportivas americanas, os Packers não têm um dono – desde 1923 o time faz ofertas públicas de ações para escapar da falência e financiar seus projetos. Já foram cinco no total.
A última, em 2011, levantou cerca de 65 milhões de dólares e ajudou a financiar a expansão do Lambeau Field, a casa dos “cabeças de queijo”.
As ações não são negociadas em Bolsa e só podem ser vendidas de forma direta (como um carro, ou uma casa).
Não dão direito a voto e nem preferência na compra de ingressos. Quando muito, valem um convite para um jantar anual que ocorre no estádio.
“Melhor” ainda: não pagam dividendos.
Sério.
Comprar ações dos Packers é o pior investimento de todos os tempos!
É pior do que comprar um imóvel!
É claro que o torcedor dos Packers não pensa dessa forma.
Ele enxerga como uma ajuda ao time – imagine virar “dono” do seu time do coração e ainda dar uma força para construir o estádio?
Bem melhor do que pedir ajudar da Odebrecht, né Corinthians???
Eu entendo perfeitamente o sentimento, mas, meu negócio aqui é tentar te orientar a fazer bons investimentos e não a fazer caridade!
Bons investimentos são bons exatamente pela capacidade (presente e/ou futura) de gerar caixa.
Pense comigo, ao comprar uma ação você está financiando a empresa, não está? Desde quando você empresta dinheiro “de graça”?
Mesmo uma empresa em gestação só pode ser considerada boa se, em um futuro não muito distante, for capaz de gerar caixa e distribuir dividendos para seus acionistas.
No fim do dia, é por isso que se investe em ações.
Comprar ações por que “vai subir” é pirâmide.
E de pirâmide eu só quero saber no Trade do Faraó!
Existem até técnicas de valuation que partem da premissa de que o preço de uma ação depende única e exclusivamente de seu fluxo de dividendos (estima tudo, traz a valor presente, soma e “pá”: tá lá o valor da ação).
Sem me alongar, o fato é que boas ações têm que pagar dividendos em algum momento.
Vamos parar com essa conversa de caridade!
Ações têm que pagar dividendos!
Falando nisso, tem um chileno meio doido aqui na Empiricus.
A gente nem sempre se entende (até porque com aquele sotaque, nunca sei se ele está concordando comigo ou não), mas, quando o assunto é dividendos, a gente fala a mesma língua!
Além de boas recomendações, ele tem uma classificação super bacana.
As vacas leiteiras são aquelas companhia maduras, que pagam gordos dividendos, tipo um leite A, cheio de “sustância”, como diria minha avó.
E tem as bezerras, aquelas empresas que ainda estão crescendo e se preparando para dar leite bem gordinho no futuro.
Tem coisa melhor do que comprar uma ação, ficar sentado ali de frente pra TV, vendo seu time (seja com bola redonda ou oval) e só esperando os dividendos caírem na conta?
Sinceramente, seria loucura não bater um papo com o Carlos, nosso mestre dos dividendos.
Eu já vou indo, que o jogo vai começar daqui a pouco e, caso estejam se perguntando, não, não torço pros Packers – quando o assunto é NFL, eu fico com a Gisele.
Que me desculpe a namorada, logo ali, preparando um hambúrguer e fingindo que gosta de futebol americano.
#GoPats