Quando eu tinha uns oito anos, assisti a um Globo Repórter falando sobre a situação caótica dos mares e oceanos. A imagem de golfinhos sofrendo com a poluição bastou para que eu iniciasse um lobby fervoroso com minha mãe.
“Começamos” a usar detergente biodegradável em casa.
A iniciativa não durou muito tempo – se detergente “verde” é caro hoje, imagine como era quando Berlim ainda era dividida por um muro e Cobra era sinônimo de computador de “ponta” no Brasil.
Nos anos 80, ovo ainda fazia mal, crianças iam lá atrás no chiqueirinho da Parati e a Xuxa apresentava programa infantil com uma roupa que causaria furor até entre as irmãs Kardashian.
O fato é que aquele Globo Repórter e a Juliana, professora de ciências responsável pela primeira paixão de 9 entre 10 meninos de minha escola, me marcaram para sempre – “Precisamos preservar o planeta, meninos”.
Essa vontade de salvar o mundo e a fascinação pelos dinossauros selaram meu destino: resolvi fazer biologia.
Ia estudar evolução, genética e ecologia.
Fazer pesquisas e escrever livros.
Bem, bastaram pouco mais de oito meses decorando nomes de plantas e convivendo com os bichos-grilos da “Filô” (apelido carinhoso da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP-RP) para mudar de ideia.
Me vendi ao capitalismo e ao curso noturno de Economia.
Minha mãe, meio decepcionada, disse: “antes você queria melhorar o mundo, agora só quer saber de economia e finanças”.
Essa crítica me perseguiu por boa parte de minha vida adulta. Acabei carregando um pouco de “culpa” por ter optado por um caminho menos ecofriendly.
Me lembro quando um amigo, também economista, começou a sair com uma ativista do Greenpeace. Sempre imaginava as conversas entre os dois dessa forma:
“Hoje foi complicado. Tive várias reuniões, prazo pra soltar os relatórios super apertado! Tive que montar várias planilhas e gráficos correndo. Meu estagiário confundiu os dados de Petro com Vale, relatório quase saiu errado… mas acabou dando tudo certo. E seu dia, como foi?”
“Ah, normal, hoje salvei três baleias e impedi que o rinoceronte branco deixasse de existir pra sempre”.
Complicado, não?
Depois de uns anos, o conceito de “salvar o mundo” evoluiu para uma preocupação global em tornar a ação humana mais sustentável como um todo.
Passei a enxergar o processo de uma forma diferente. Não é preciso se arriscar no Alasca ou dedicar sua vida profissional inteiramente a causas nobres como a sobrevivência do Jacaré Albino da Tasmânia para demonstrar uma preocupação legítima com o mundo.
Levar uma vida sustentável é respeitar o meio ambiente e o seu vizinho da porta da frente. É devolver o troco que veio a mais, é respeitar a morena que atravessa a rua na sua frente, esteja ela com uma saia muito curta ou não.
Ser sustentável é um ato constante e contínuo. É uma forma de encarar o mundo, é ter a consciência de que, por mais que sua mãe tenha dito o contrário, você não é especial.
Suas vontades e necessidades não são maiores ou mais importantes que as de ninguém.
Para as empresas, podemos pensar de forma similar – não à toa, recentemente cresceu a disseminação do conceito de ESG (Environmental, Social and Governance) como uma métrica eficiente para avaliarmos o grau de sustentabilidade em nível corporativo.
Muito mais do que analisar como as empresas impactam (ou não) o meio ambiente, hoje o olhar está voltado para questões diversas.
Como a empresa trata seus funcionários?
Como se relaciona com fornecedores? Há algum plano para melhorar a qualidade de vida da comunidade ao redor da companhia?
E na questão de transparência, como são garantidos os direitos dos acionistas minoritários?
O mais interessante é que uma série de medidas foi adotada por diversas companhias mesmo sem pensar em, necessariamente, fazer o bem.
Hoje em dia, todo mundo é fiscal e jornalista. Qualquer um pode pegar o celular e denunciar a mineradora que descartou silício na lagoa ou a confecção que escraviza imigrantes ao lado da fábrica ilegal de fogos de artifício.
imagine só se, há semanas do lançamento, descobrem que aquele filme todo bonitinho sobre cachorros jogou um pastor alemão apavorado contra uma correnteza?
Não vai adiantar o Denis Quaid falar que “é golpe”.
Já era.
Perdeu, amigão.
Nos anos 80 e 90, tudo bem – durante as filmagens da corrida na praia em Dias de Trovão, Tom Cruise atropelou uma infinidade de pássaros. Veja se o Tony Scott teve de vir a público falar alguma coisa.
Hoje em dia, o buraco é mais embaixo.
O pessoal do PETA cai matando e o Facebook divulga escândalos mais rápido do que você soletra “reciclagem”.
Ser sustentável passou a ser uma questão de sobrevivência também para as empresas – em breve não haverá mais espaço para atividades predatórias, abuso de funcionários e falta de transparência e governança.
E o que a Empiricus pode fazer para ser mais sustentável?
Depois de uma longa conversa com o Felipe e demais membros da equipe, resolvemos criar uma carteira de ações sustentáveis com viés de longo prazo.
Escolhemos as cinco ações com melhor perfil de sustentabilidade e atratividade financeira para compor uma carteira que vai te ajudar a pagar a faculdade das crianças e ainda deixar um mundo melhor para elas viverem.
Mas com uma ressalva: a atividade humana vai sempre, em maior ou menor escala, impactar o meio ambiente.
Nosso foco foi buscar empresas que, mesmo em setores “ruins”, demonstrem preocupação legítima com sustentabilidade e, aos poucos, “puxem a barra” do setor como um todo.
Porque, por mais que o minério de ferro seja necessário, acho que dá pra minerar sem destruir o Espírito Santo no processo!
Como não somos especialistas no assunto, fizemos uma parceria.
Especialista em sustentabilidade – fundada em 2008 com a missão de mobilizar capital para impacto socioambiental positivo – a SITAWI Finanças do Bem é uma organização sem fins lucrativos pioneira no desenvolvimento de soluções financeiras para o setor social e na análise da performance socioambiental de empresas e instituições financeiras.
As recomendações de investimentos são nossas, mas a SITAWI deu uma força enorme para mapearmos e escolhermos apenas empresas comprometidas com sustentabilidade.
Mais legal de tudo é que, mesmo que você não assine o relatório, só de clicar nesse link e cadastrar seu e-mail você já está ajudando o planeta.
Quanto mais gente visualizar, mais a Empiricus doa para a SOS Mata Atlântica.
Então, bora lá contribuir e, claro, assinar o relatório.
Porque, nada melhor do que fazer o bem e ainda sair ganhando com isso.
Seria loucura deixar uma oportunidade dessas passar!
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