Investimentos

Bolsas lá fora tentam engatar recuperação e, por aqui, persistem ruídos sobre os preços dos combustíveis e possíveis efeitos na Petrobras (PETR3, PETR4) – veja o que movimenta mercado

Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus comenta os motivos da leve recuperação das bolsas lá fora e sobre os rumores em torno dos combustíveis; confira agora

Por Daniela Rocha

08 mar 2022, 10:53 - atualizado em 16 maio 2022, 17:55

Os índices futuros das bolsas Wall Street e da Europa apresentavam ligeira melhora na manhã desta terça-feira (08/03). Esse movimento é natural após o intenso tombo ontem, segundo Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus. 

As principais bolsas lá fora ensaiavam leve recuperação logo cedo, mas por volta das 1oh, na abertura do mercado brasileiro, o cenário se encontrava misto.

“Após quedas acentuadas, há algum espaço para a caça às barganhas. Sempre há exageros, ontem, houve vendas por pânico e agora vemos uma inversão dessa tendência”, explicou o analista no seu grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, que é destinado aos assinantes de qualquer série da Empiricus

Os investidores voltam ao risco, mas com muita cautela. A notícia catalisadora é a possibilidade de a União Europeia fazer uma emissão conjunta de bonds (títulos) para financiar gastos com a recuperação da atividade, os custos associados à ajuda da Ucrânia e até mesmo para a remilitarização de alguns países. 

 Além disso, há a sinalização de um possível novo cessar-fogo para retirada de civis de algumas cidades ucranianas.

Mais uma nuvem de incerteza no horizonte

Contudo, no cenário desse conflito, o grande ponto de atenção é a possibilidade de os Estados Unidos votarem no Congresso a suspensão da compra de petróleo russo e seus desdobramentos. 

“Em contrapartida, a Rússia está ameaçando que se os Estados Unidos forem por esse caminho, irá suspender a oferta de gás do Nord Stream, responsável por 40% do abastecimento da Europa”, destacou Felipe. A ver. 

Por aqui, preocupação com os preços dos combustíveis

No ambiente doméstico, a preocupação é sobre como ficará a política de preços dos combustíveis diante da escalada do petróleo tipo brent no mercado internacional, utilizado como referência pela Petrobras (PETR3,PETR4).

As incertezas fizeram as ações da companhia desabarem no pregão desta segunda-feira (7/03).

Conforme Felipe Miranda, não se sabe o caminho que será adotado. Ontem, houve rumores sobre a adoção pelo governo de um congelamento temporário de preços dos combustíveis. 

O Ministério da Economia segue insistindo em um outro projeto no Senado, que mudaria a cobrança do ICMS pelos Estados – que deixaria de incidir sobre o preço final, sendo aplicado um cálculo sobre a unidade adotada, o litro. 

Existe ainda outra linha dentro do ministério que defende a criação de um subsídio público aos combustíveis enquanto durar a guerra. 

“São vários cenários possíveis na mesa, mas espero que a gente não vá pelo caminho do congelamento de preços e a Petrobras ter que arcar com esse custo. Seria uma bomba atômica sobre a companhia”, criticou Felipe. 

Por conta desses ruídos, o analista diz que foi assertiva a decisão tomada lá atrás, de manter na carteira Oportunidades de Uma Vida uma pequena exposição em ações da Petrobras (PETR4) e uma alocação maior em 3R Petroleum (RRRP3), que é sua ação favorita do setor petrolífero. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.