Ainda existem muitos desafios pela frente e a guerra traz incertezas, no entanto, o Brasil que saiu na frente de outros países com o aperto monetário, iniciando as altas da Selic em março do ano passado, poderá inverter essa trajetória mais cedo por conta, especialmente, da apreciação do real frente ao dólar. A avaliação é de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus.
“Vendo o real se fortalecendo em relação dólar, isso pode levar a inflação mais rápido para baixo, perto de sinalizar o fim do aperto em torno dos 13% ao ano, podendo conversar no fim deste ano ou no começo do ano que vem com uma queda”, disse o analista no grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação direta com os assinantes da Empiricus sobre assuntos relevantes do mercado.
Enquanto nos Estados Unidos o juro real é negativo, aqui no país, há um elevado juro real, em torno de 6%.
Assim, o carry trade se intensificou na América Latina, sobretudo no Brasil. Ou seja, os investidores estrangeiros pegam dinheiro a juros baixos em países desenvolvidos e investem aqui, ganhando no diferencial. E Bolsa, como uma “proxy” de commodities, cujas cotações estão em alta, atrai fluxo de capital.
Portanto, trata-se de um movimento de entrada de dólares e, pela lei de mercado, quando a oferta aumenta, o preço diminui.
A busca pelo equilíbrio macro da forma ideal
Felipe Miranda fez uma reflexão sobre o que seria a busca ideal pelo equilíbrio macroeconômico, citando Paul Krugman, economista americano, acadêmico, vencedor do Nobel de Economia e colunista do New York Times. “O ideal é ter política monetária frouxa e a fiscal apertada, isso é o que dá ganho de produtividade para uma economia”, diz.
Mas na maioria dos casos, não é o que acontece. “Há uma tendência enorme dos governos ao populismo. Isso não é uma crítica ao atual governo, isso é geral, então o fiscal é frouxo e o fiscal acaba sendo apertado”, destaca.
Segundo ele, é o que está acontecendo agora. O governo está liberando um pacote de até R$ 165 bilhões, incluindo medidas como saques de até R$ 1 mil do FGTS e antecipação do 13º. salário de aposentados e pensionistas do INSS. “Então, solta de um lado, aperta do outro. Fica essa coisa meio maluca e assim a gente caminha”, conclui.