Investimentos

Apreciação do real tende a conter inflação e antecipar o fim do ciclo de alta dos juros

O Brasil saiu na frente dos demais países com as altas dos juros para conter a inflação e pode inverter essa trajetória mais cedo por conta da apreciação da moeda; veja análise do Felipe Miranda sobre a política monetária

Por Daniela Rocha

18 mar 2022, 11:07 - atualizado em 16 maio 2022, 20:08

Ainda existem muitos desafios pela frente e a guerra traz incertezas, no entanto, o Brasil que saiu na frente de outros países com o aperto monetário, iniciando as altas da Selic em março do ano passado, poderá inverter essa trajetória mais cedo por conta, especialmente, da apreciação do real frente ao dólar. A avaliação é de Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus. 

“Vendo o real se fortalecendo em relação dólar, isso pode levar a inflação mais rápido para baixo, perto de sinalizar o fim do aperto em torno dos 13% ao ano, podendo conversar no fim deste ano ou no começo do ano que vem com uma queda”,  disse o analista no grupo Ideias Antifrágeis no Telegram, canal de comunicação direta com os assinantes da Empiricus sobre assuntos relevantes do mercado. 

Enquanto nos Estados Unidos o juro real é negativo, aqui no país, há um elevado juro real, em torno de 6%.

Assim, o carry trade se intensificou na América Latina, sobretudo no Brasil. Ou seja, os investidores estrangeiros pegam dinheiro a juros baixos em países desenvolvidos e investem aqui, ganhando no diferencial. E Bolsa, como uma “proxy” de commodities, cujas cotações estão em alta, atrai fluxo de capital. 

Portanto, trata-se de um movimento de entrada de dólares e, pela lei de mercado, quando a oferta aumenta, o preço diminui. 

A busca pelo equilíbrio macro da forma ideal

Felipe Miranda fez uma reflexão sobre o que seria a busca ideal pelo equilíbrio macroeconômico, citando Paul Krugman, economista americano, acadêmico, vencedor do Nobel de Economia e colunista do New York Times. “O ideal é ter política monetária frouxa e a fiscal apertada, isso é o que dá ganho de produtividade para uma economia”, diz. 

Mas na maioria dos casos, não é o que acontece. “Há uma tendência enorme dos governos ao populismo. Isso não é uma crítica ao atual governo, isso é geral, então o fiscal é frouxo e o fiscal acaba sendo apertado”, destaca. 

Segundo ele, é o que está acontecendo agora. O governo está liberando um pacote de até R$ 165 bilhões, incluindo medidas como saques de até R$ 1 mil do FGTS e antecipação do 13º. salário de aposentados e pensionistas do INSS. “Então, solta de um lado, aperta do outro. Fica essa coisa meio maluca e assim a gente caminha”, conclui. 

 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.