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Magalu (MGLU3) versus Via (VIIA3): entenda o desempenho do setor de e-commerce na Bolsa
O analista da Empiricus Fernando Ferrer, responsável pela série “Melhores Ações da Bolsa”, compartilha sua visão sobre o setor e as empresas. Ele também avalia se se há ou não oportunidades de investimento
No setor do varejo, o crescimento do e-commerce tem gerado consequências para algumas ações no mercado. Nesse sentido, o analista da Empiricus Fernando Ferrer, responsável pela série “Melhores Ações da Bolsa”, destaca o comportamento de duas grandes empresas no setor de varejo: Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3), explicando como a atual conjuntura econômica têm influenciado para a queda dessas ações.
Crescimento do e-commerce: será que o segmento continuará valorizando?
A partir da análise dos índices de crescimento do e-commerce ao redor do mundo, tem-se uma média de 28%, sinalizando uma valorização do setor. “O e-commerce já vinha crescendo ao longo do tempo, mas com a pandemia, tanto as empresas quanto as pessoas viram uma necessidade de realizar compras on-line”, explica Fernando Ferrer.
Quanto ao crescimento do e-commerce por regiões, a América Latina ocupa o primeiro lugar, com um avanço de quase 37% em 2020, o que pode ser associado a dois motivos. O primeiro é a densidade populacional, dada a quantidade de habitantes nessa região, e o segundo diz respeito aos problemas socioeconômicos que geravam uma defasagem em relação a outras regiões.
Com a curva de crescimento do e-commerce na pandemia, esperava-se que esse índice seguiria aumentando, acelerando de fato o percentual do varejo on-line, mas não foi o que aconteceu.
“Tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, aquela taxa de crescimento pré-pandemia parece voltar ao normal, como uma reversão à média”. Ferrer constata que com a diminuição das restrições, as pessoas estão preferindo fazer compras presencialmente: “Na verdade, foi mais conjuntural e não estrutural”.
Como anda Magazine Luiza?
Em meio a esse contexto, Ferrer dá destaque a duas companhias e suas movimentações no 4T21. A primeira delas é a Magalu (MGLU3). “Ela tem um ecossistema muito bem estabelecido que une varejo, logística, serviços financeiros e conteúdo. É uma empresa bem plural que tem marcas conhecidas”, enfatiza. Contudo, o resultado observado no último trimestre e que persiste até o momento aponta para um cenário desafiador.
As vendas totais do Magazine Luiza no 4T21, quando comparadas com o mesmo período de 2020, apresentaram um crescimento de apenas 4%. “Uma empresa que víamos como um case de growth brasileiro, crescendo a taxas de 70, 80%, começou a reportar um crescimento muito baixo, abaixo inclusive da inflação”, comenta Ferrer.
Já a receita líquida apresentou queda de 7% e a margem bruta se manteve estável. “Para uma inflação de dois dígitos, é uma velocidade de vendas muito baixa”, afirma Ferrer. O resultado operacional (Margem Ebitda), por sua vez, foi negativo, influenciado por diversos fatores, entre os quais a alta dos juros, a inflação, a queda do poder de compra dos consumidores, o aumento do dólar e o desemprego.
“O core business do Magazine Luiza, que é vender produtos de bens duráveis, não está alavancando porque está caro”, comenta o analista. Ele fala, ainda, sobre o índice Same-Store Sales, que consiste no quanto cada loja antiga vendeu, sem levar em consideração as lojas novas.
Esse resultado foi de -23% para a Magalu. “As lojas são os potencializadores dos resultados do Magazine Luiza, e isso não se traduziu nesse quarto bimestre e ao que tudo indica o cenário vai continuar desafiador para o ano de 2022”, analisa.
E a Via (VIIA3) como está?
A segunda companhia abordada pelo analista é a Via (VIIA3), antiga Via Varejo, que também apresentou algumas dificuldades no 4T21. “Além de vender produtos linha branca, ela também tem a parte de móveis planejados, que está sofrendo com esse cenário”, explica Ferrer.
Ele aponta que o GMV total está em queda de 7%. Em meio a esse número, o GMV das lojas físicas caiu em 24%, assumindo um comportamento semelhante ao da Magalu nesse sentido. Já a participação das vendas digitais no total da Via teve um aumento significativo, de 47%. “Isso é pior para o business e para a rentabilidade”, comenta.
Ao observar a receita líquida, é vista uma queda de 14%. Com os índices de Ebitda Ajustado e lucro líquido não foi diferente, tendo ambos apresentado um movimento de queda. “Além de todo o problema de gestão trabalhista que a Via está tendo, ela também passa por essa dificuldade de vendas nas suas lojas e no seu market place”, aponta Ferrer.
O cenário desafiador para as empresas pode ser observado na curva de suas ações: ambas caíram consideravelmente ao longo dos últimos meses. Já ao longo da pandemia, esses papéis tiveram fortes valorizações.
Olhando para as ações: vale a pena comprar agora?
Após 2020, é vista uma queda vertiginosa da curva das ações, mas a Magalu, por exemplo, ainda negocia a 20x EV/Ebitda. “Mesmo depois de uma queda acentuada, as ações ainda estão caras quando comparadas com as de outras empresas de outros segmentos que não estão sofrendo tanto quanto o segmento do varejo”, comenta.
Ferrer finaliza dando uma dica aos investidores: “Nesse momento, em que os investidores focaram mais em empresas de valor e menos em empresas de crescimento, mesmo com esses múltiplos, acreditamos que essas empresas não estão tão favoráveis assim para se ter em carteira”.
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Sobre o autor
Melissa Bumaschny Charchat