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3R Petroleum (RRRP3): apesar das pressões na geração de caixa, resultado do 1T24 não tem grandes surpresas

3R expandiu Ebitda em 4% trimestralmente mesmo com a sabida queda de produção, em função de melhores condições comerciais e volta da operação da refinaria.

Por Larissa Quaresma, CFA

10 maio 2024, 16:21 - atualizado em 10 maio 2024, 16:21

3R Petroleum RRRP3
Imagem: Divulgação/3R Petroleum

A 3R Petroleum (RRRP3) divulgou seus números do 1T24, que vieram em linha com o esperado, ainda que algumas pressões na geração de caixa tenham desagradado o mercado.

A companhia expandiu seu EBITDA em 4% trimestralmente, para R$ 725 milhões, mesmo com a sabida queda de produção, em função de melhores condições comerciais e volta da operação da refinaria.

Produção de óleo e gás crus teve queda devido a intervenções no Polo Papa-Terra

Conforme já divulgado anteriormente, a produção do segmento Upstream (óleo e gás crus) foi de 44 mil barris de óleo equivalente por dia (boed/d), queda trimestral de 3%, pelas intervenções de manutenção no Polo Papa-Terra.

A companhia também divulgou os dados do Mid&Downstream, de processamento e refino do óleo/gás, que vendeu 3 milhões de barris de produtos refinados, +180% trimestralmente. Lembramos que a refinaria estava em parada de manutenção no tri anterior; por isso a evolução expressiva.

Receita líquida de 3R Petroleum cresceu 9% no trimestre

Com isso, a receita líquida cresceu 9% sequencialmente, para R$ 2,0 bilhões, sendo -11% no Upstream e +136% no Mid&Downstream.

O custo de extração da produção Upstream ficou em US$ 18,6/boe, uma deterioração sequencial de 4%; ainda assim, melhor que o esperado.

A piora veio da perda de escala em Papa-Terra, cujo custo de extração subiu 22%, em função da produção menor.

Normalização das despesas de pessoal reduziu despesas gerais e administrativas

Por sua vez, as despesas gerais e administrativas cresceram 51% trimestralmente, para R$ 137 milhões. Muito em função da normalização das despesas de pessoal, já que houve um efeito positivo de reversão de provisão no tri anterior.

Com isso, o EBITDA Ajustado somou R$ 725 milhões, alta sequencial de 4%, principalmente em função da volta do Mid&Downstream.

A linha de despesa financeira acabou poluída pela marcação a mercado dos hedges e pela atualização monetária de dívidas, com efeito não-caixa. Assim, o lucro líquido foi distorcido (ficou negativo em R$ 230 milhões).

Excluindo esses efeitos, estimamos que a linha final teria somado R$ 183 milhões, ainda assim uma queda trimestral de 55%.

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Efeitos pontuais impactaram o caixa operacional de 3R

A companhia gerou R$ 114 milhões em caixa operacional (-81%). A queda se deveu a alguns efeitos pontuais. Dentre eles: maior estoque no fechamento do tri; o fato de o sócio da companhia em Papa-Terra ter deixado de honrar sua parte em compromissos financeiros; e um pagamento realizado pelo abandono de um ativo específico.

Normalizando esses efeitos, a companhia teria uma geração de caixa mais robusta, de R$ 443 milhões; ainda assim, 28% abaixo do tri anterior. Após investimentos (R$ 501 milhões) e pagamento de dívidas (R$ 347 milhões), a companhia queimou R$ 734 milhões em caixa livre para o acionista.

O que esperar de 3R Petroleum (RRRP3)?

Acreditamos que uma melhora operacional mais robusta depende do crescimento de produção em Papa-Terra, o que a companhia estima para o segundo semestre, e de uma melhor gestão do capital de giro.

Entretanto, pelo valuation descontado (EV/EBITDA 2024 de 3,7x) e uma fusão que pode criar a segunda maior petroleira independente do país (3R+Enauta), seguimos enxergando assimetria favorável em RRRP3, que segue em diversas carteiras recomendadas da Empiricus Research.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.