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3R Petroleum segue plano agressivo de aquisições – essa microcap tem cenário favorável para alçar voos mais altos

Em live da Empiricus, Rodrigo Pizarro, CFO, e Hugo Repsold, diretor corporativo de Gás e Energia, falaram sobre os diferenciais e os drivers de crescimento da companhia, que tem um contexto favorável com programa de desinvestimentos da Petrobras e Nova Lei do Gás

Por Daniela Rocha

27 maio 2021, 14:49

A 3R Petroleum (RRRP3), empresa com foco no desenvolvimento e revitalização de campos já maduros com reservas comprovadas de petróleo e gás em terra (onshore) e em águas (offshore), segue com um plano agressivo de aquisições. 

A equipe de novos negócios da petrolífera está dedicada a uma série de estudos para trazer novos ativos ao portfólio. No país, há muitas oportunidades devido ao programa de desinvestimentos da Petrobras, segundo Rodrigo Pizarro, CFO da 3R. Ele participou da live “Cara a Cara” da Empiricus para assinantes junto com Hugo Repsold, diretor corporativo de Gás e Energia da companhia.

O bate-papo foi conduzido por Matheus Spiess, analista da equipe do Felipe Miranda no Palavra do Estrategista e que também à frente da carteira Oportunidades de Uma Vida, e por Cristiane Fensterseifer, analista que lidera a série Empiricus Best Ideas. A RRRP3 é uma das recomendadas pela Empiricus como uma das alternativas no setor de commodities. 

Eu tive a chance de acompanhar essa live e ficar por dentro da atuação e das estratégias da 3R. 

O CFO da 3R contou que a empresa possui atualmente seis polos de produção de óleo e gás. Esses ativos estão estrategicamente localizados, compondo clusters com ganhos derivados de sinergias. 

Um dos clusters é o do Rio Grande do Norte, onde está o Polo Macau, na Bacia Potiguar. Na Bahia, se destacam os polos Rio Ventura e Recôncavo, e o terceiro cluster é o do Espírito Santo, onde tem o Polo Peroá. 

Ele deu a dimensão atual da empresa: as reservas provadas e prováveis (2P) somam 180 milhões de barris de óleo equivalente. Por enquanto, somente o Polo Macau e parte de Pescada estão sob operação da 3R, os demais estão em fase de transição para serem assumidos totalmente. No entanto, todos os polos já produzem 17 mil barris de óleo equivalente por dia.

No primeiro trimestre de 2021, a receita líquida – em grande parte referente a Macau – foi de R $132,8 milhões, alta de 55,8% em relação ao quarto trimestre de 2020. Já o Ebitda ajustado foi de R$ 79,3 milhões, 57% acima do registrado nos últimos três meses do ano passado, e a margem Ebitda foi de 59,7%. 

“No Polo Macau conseguimos um incremento de 35% na produção de óleo em menos de um ano”, disse Rodrigo Pizarro. Esse é um balizador de ganho de escala.

Cenário super positivo

Conforme ele, o ambiente é favorável. Para se ter uma ideia, entre os ativos da Petrobras que estão no plano de desinvestimentos estão os Polos Potiguar, o Bahia Terra e o Norte Capixaba, que somados tem mais de 45 mil barris de petróleo equivalente por dia – mais do que o tamanho atual do portfólio da 3R. Em offshore, tem o Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos, com cerca de 80 mil barris de óleo equivalente por dia. Além disso, Papa Terra e Golfinho possuem juntos mais de 30 mil barris diários. Por sua vez, Piranema e Piranema Sul, na Bacia de Sergipe, ultrapassam 14 mil barris de óleo/dia. “A ordem de grandeza dos ativos que estão atualmente à venda tem um porte maior do que aqueles que a Petrobras já concluiu o processo de desenvolvimento”, destacou. Então, é natural que o mercado de players independentes se desenvolva fortemente no Brasil, como já aconteceu em países como Estados Unidos, Canadá e Noruega. 

A 3R está em negociação exclusiva com a Petrobras para aquisição de Papa-Terra na Bacia de Campos – mas isso não foi abordado na live. No entanto, o CEO da 3R disse recentemente, em entrevista ao Valor, que está na fase final de tratativas. “A gente mantém cautela, mas temos confiança e estamos preparados para prosseguirmos com esse contrato”, disse na entrevista.

Rodrigo Pizarro e Hugo Repsold ressaltaram na live que a Nova Lei do Gás, já sancionada, também impulsionará o segmento. Com ela será possível um novo mercado. Os consumidores livres – que são grandes consumidores industriais, poderão comprar diretamente dos produtores, sem passar por uma distribuidora. “O produtor poderá se apropriar de margens que estão relacionadas ao transporte e à distribuição e o grande consumidor pagará menos pelo gás. Tudo isso traz uma dinâmica espetacular ao setor, além do desenvolvimento de mercados regionais”, explicou Repsold. 

Assim, a 3R contribuirá ainda mais para o avanço das economias locais. Por exemplo, no Espírito Santo será enorme a contribuição a projetos de termelétricas, mineradoras e da indústria de celulose, comentou o diretor. 

Diferenciais e gatilhos de crescimento

Eles contaram na live que um dos principais diferenciais da 3R está justamente no fato de atuar com ativos maduros em produção – e não com o viés exploratório. “Nosso perfil de risco/retorno é diferente, temos maior controle dos nossos resultados. Podemos olhar para trás, estudar o comportamento de todos os campos que adquirimos e ter uma previsibilidade”, disse Rodrigo Pizarro.

Atrelado a isso, a 3R conta com uma equipe experiente. A diretoria conta com executivos que atuaram muitos anos no setor de produção de petróleo, revitalização e redesenvolvimento de campos. O CEO da companhia, Ricardo Savini, revitalizou campos na Venezuela que produziam 8 mil barris por dia para 58 mil. O diretor técnico onshore, Pedro Grijalba, fez campos situados no Peru terem incremento de produção de 2 mil barris para 10 mil. Outro exemplo é o próprio Hugo Repsold, que foi diretor da Petrobras. 

Com profissionais qualificados, tecnologias de ponta e reduções no consumo de água e energia, o lifting cost (custo de extração de óleo equivalente) da 3R é um dos menores na comparação com seus pares no Brasil e no mundo –  cerca de US$ 6 por barril

Rodrigo Pizarro comentou que somando o lifting cost, royalties, impostos e outras despesas, o break even está em torno de US$ 20 por barril – este é o ponto a partir do qual a receita passa a ser maior do que os custos fixos e variáveis. Isso demonstra a capacidade de geração de caixa. 

Conforme ele, mesmo em momentos de queda no preço do petróleo no mercado internacional, a companhia tem uma posição de conforto.  “Quando o mercado bateu a cotação de US$ 30 por barril, a gente conseguia gerar Ebitda. Já alguns competidores ou outros players tiveram dificuldades. Enquanto eles estavam preocupados em como gerar caixa com os portfólios deles, nós não paramos e por isso fizemos aquisições tão atrativas, com múltiplos de entrada baixos”, afirmou o CFO. Ele acrescentou que a empresa também mantém uma estratégia de hedge, operações financeiras para proteção contra fortes flutuações nas cotações. 

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Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.