São muitos os aprendizados que podem ser extraídos de Moneyball: o homem que mudou o jogo (2011), filme que retrata a trajetória do Oakland Athletics na Major League Baseball de 2002. Naquele ano, a equipe — modesta em termos de aporte financeiro — quebrou o recorde de maior série de vitórias da história da liga. Perseverança, dedicação, resiliência: a história dá um mar de lições.
Dirigido por Bennett Miller, o longa focaliza o papel do general manager (GM) Billy Beane (Brad Pitt) na construção do time. Visto o pequeno orçamento do Oakland, ele conta com a ajuda de Peter Brand (Jonah Hill), economista formado em Yale, para implementar um novo sistema de análise e contratações de jogadores. O longa, lançado em 2011, venceu seis categorias do Oscar.
Dentre as lições que Moneyball ensina, hoje é dia de ressaltar aquelas que se enquadram no mercado financeiro. Depois de conferir um breve resumo da história do filme e do método utilizado por Billy para alcançar a marca, você confere 4 aprendizados que um investidor pode extrair do longa. Para facilitar sua leitura, cada um desses tópicos está linkado na lista abaixo.
- A história do homem que mudou o jogo
- O método de Peter Brand (ou DePodesta)
- 4 lições que moneyball ensina sobre investimentos
A história do homem que mudou o jogo
Lançado em 2011, o filme tem raízes em um livro publicado em 2003, Moneyball: The Art of Winning an Unfair Game, de Michael Lewis. A obra narra a trajetória do Oakland em busca da marca inédita, na liga de 2002.
A equipe da Califórnia, sob gerência Billy Beane, já havia realizado um grande feito na temporada anterior. Em 2001, o Oakland alcançou a World Series — uma série disputada entre o campeão da Liga Nacional (NL) e o da Liga Americana (AL), que decide o “campeão norte-americano” de baseball na temporada.
Apesar da derrota na finalíssima, o resultado foi bem avaliado, vistas as condições orçamentárias do clube. Mas, a vida dos times “pouco ricos” do baseball americano não é muito diferente da realidade das equipes pequenas do futebol brasileiro, por exemplo: quando realizam uma boa temporada, grandes clubes atacam os principais atletas e, com caminhões de dinheiro, desmontam o elenco. E foi exatamente isso que aconteceu com o Oakland.
Billy Beane — que após fracassar como jogador de baseball se tornou GM para se manter no esporte que amava — teria de quebrar a cabeça e remontar a equipe. Então, em uma de suas negociações, ele conhece o economista Peter Brand, que fazia parte da equipe de análise de jogadores do Cleveland Indians.
Dois fatores contribuíram para que Beane sequer hesitasse em contratar o garoto. A primeira, a genialidade de seu sistema de scouts. O segundo, a descrença que o GM sentia em relação ao método de contratações utilizado por sua equipe atual (você confere mais sobre isso no próximo tópico).
O início dessa trajetória, no entanto, não se mostra nada promissor. Ao utilizar o sistema de Brand, o Oakland monta uma equipe composta por uma série de jogadores questionáveis, considerados pela mídia e parte dos fãs indisciplinados, muito velhos ou fracassados. Os resultados iniciais não colaboram. A equipe chega a emplacar 15 derrotas em 19 jogos, entre abril e maio de 2002.
Apesar das críticas, Billy opta por manter sua crença no sistema do jovem economista. E essa não foi nem de longe a única decisão difícil que o GM enfrentou pelo caminho. Com o orçamento limitado, para montar um elenco competitivo e manter as bases salariais, o personagem de Brad Pitt passa por momentos tensos de negociação e mesmo dispensa de atletas.
Billy Beane (Brad Pitt) e Peter Brand (Jonah Hill) à beira do campo (Foto: Reprodução)
Além de toda a pressão externa, o GM ainda conta com a oposição do treinador da equipe Art Howe (o falecido Philip Seymour Hoffman), que não confia totalmente no sistema adotado por ele. Beane, no entanto, é cabeça-dura. Ele aposta todas as suas fichas nessa estratégia, trabalha fortemente na gestão do elenco e, a partir do mês de junho, passa a colher resultados.
O time cresce de produção e inicia uma série de vitórias em meados de agosto de 2002. O que culminaria em um momento histórico. Já em setembro, o time atinge a marca de 20 vitórias seguidas, a maior sequência da história do baseball norte-americano. Apesar de não conquistar o título daquela temporada, Billy, Peter e o Oakland montado com base naquele sistema de contratações seriam lembrados para sempre. Dignos de livro e filme.
O método de Peter Brand (ou DePodesta)
Após perder seus principais atletas para os times mais ricos da liga, Billy precisava de algo novo, “fora da caixinha”, para repor as peças e ser de novo competitivo. A estratégia do recém-graduado Peter Brand, que se baseava em uma análise rígida de custo-benefício para realizar contratações, deu a ele exatamente isso.
Segundo Paul DePodesta (nome de Peter na vida real), Beane devia contratar jogadores exclusivamente pautado em seus KPIs, ou seja, seus indicadores de desempenho. A tática pregava o oposto do que era empregado pelas equipes de contratação da maior parte dos times da liga, inclusive a do Oakland Athletics.
Fãs do esporte e conhecedores de fatores que vão “além dos números”, os dirigentes muitas vezes pautavam suas escolhas em fatores subjetivos, como a popularidade e aparência do jogador. O filme retrata um momento, por exemplo, em que a explicação utilizada para descartar a contratação de um atleta foi: “a namorada dele é feia, o que pode afetar negativamente o desempenho dele”.
Ao se opor a esse tipo de pensamento e se basear apenas em KPIs, Brand acreditava que seria possível mapear jogadores subvalorizados e assim montar um time forte com baixo investimento. De acordo com ele, não se tratava de contratar jogadores, mas sim contratar “o número de chegadas a bases” e outras métricas.
O time montado por Billy e Peter contava com uma série de jogadores malvistos pelo mercado. Haviam jogadores de idade avançada, indisciplinados e com histórico de lesão, por exemplo. Tais características diminuíam seus valores de mercado, mas não afetavam diretamente seus desempenhos em campo. E foi a partir dessa análise que De Podesta construiu o time de “patinhos feios” que realizou um dos maiores feitos da história da liga.
Após um início ruim, o Athletics Oakland realizou os ajustes necessários e passou a acumular bons resultados — o que inclui a série histórica de 20 vitórias. No total, esse elenco registrou 103 vitórias e 59 derrotas. Com isso, venceu a divisão oeste da liga americana e se classificou para a pós-temporada, mas, assim como em 2001, acabou eliminado. O que não ofuscou o sucesso do sistema de De Podesta.
4 lições que moneyball ensina sobre investimentos
1. Fazer o melhor possível com o que se tem em mãos:
Billy Beane comandava o Oakland Athletics, uma das equipes de menor orçamento da Master League Baseball. Apesar da condição adversa, o General Manager buscou caminhos para dar produtividade aos recursos que possuía. No caso, apostou no método de Peter Brand.
No mundo dos investimentos pode ser que nos deparemos com situações parecidas. Nem todos possuem milhões de reais para investir e, com isso, compor “a melhor das carteiras”. Mesmo assim, é possível repetir o sucesso de Beane.
Porém, a trajetória do GM demonstra que o único caminho para vencer o jogo é estar no jogo. As premissas da competição — como o orçamento de uma equipe de baseball ou o de um investidor de primeira viagem — nem sempre são controláveis. O que resta, portanto, é assumir a responsabilidade e fazer o melhor com o que ele tem em mãos.
2. Saber lidar com a impopularidade de certas escolhas
Os torcedores, a mídia esportiva, a antiga equipe de contratações e até mesmo o técnico do Oakland foram contra a escolha de Beane, de apostar no sistema de DePodesta. Após o início ruim, a situação ficou ainda mais tensa. Billy optou por um caminho impopular para chegar ao sucesso e sofreu pressão por isso.
O paralelo com o mercado financeiro, mais uma vez, é simples. Nem sempre as convicções sobre investimentos serão populares. E, muitas vezes, é exatamente isso que lhe fará ganhar dinheiro.
Na história da própria Empiricus há diversos exemplos de momentos em que isso ocorreu. Nossos analistas fizeram recomendações. Elas não se mostraram populares em um primeiro momento. Mas, aqueles que enxergaram convicção na indicação e nela confiaram — assim como Billy confiou no novo sistema de contratação — alcançaram grandes resultados.
3. Ter coragem para fazer escolhas difíceis e deixar as emoções de lado
Devido à situação financeira dificultosa, o General Manager teve de negociar e mesmo dispensar atletas de seu elenco durante aquela temporada vitoriosa. Billy teve que “mandar embora” jogadores que, em alguns casos, se tornaram seus colegas por conta da convivência em Oakland.
Vender ações das quais se esperava grandes resultados ou aquelas que lhe renderam grandes ganhos no passado pode não ser fácil. Nesses e em diversos outros cenários, o mercado financeiro pode requerer tomadas de decisão que levam em conta o campo emocional. Portanto, é preciso ter estabilidade e saber tomar decisões difíceis.
4. Saber pedir suporte quando necessário
Gerenciar a relação entre os atletas, auxiliar a comissão técnica na montagem do elenco, negociar, contratar, vender… a lista de atribuições de um GM é imensa. Pedir para que, além de tudo isso, Billy Beane fosse um especialista em análise de scout seria demais; e ele mesmo sabia disso.
Ao perceber que era impossível fazer todas as coisas ao mesmo tempo e que Peter Brand era excepcional nesse campo, Billy não hesitou: delegou. Ele entregou essa atribuição e confiou que o economista poderia “mastigar” os números e assim auxiliar no processo de contratações
Assim como o cargo de GM, nossas vidas são uma loucura. Família, contas, emprego, mais contas. E ainda precisamos ser especialistas em mercado financeiro para investir nosso dinheiro? Claro que não. Poucos de nós encontram tempo dentro da rotina para estudar a fundo esse universo.
Portanto, não tenha vergonha de, assim como Billy, delegar. Não há problema algum em procurar conselhos ou recomendações, desde que sejam de fontes confiáveis, assim como DePodesta.
A Empiricus, por exemplo, possui toda uma equipe de analistas voltada exclusivamente para a análise do mercado financeiro. Isso para entregar as melhores indicações possíveis sobre onde investir o seu dinheiro. Você não precisa ser um especialista. Não tenha medo de aceitar suporte!
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